* Por Cibele Schuelter

Viajar é um ótimo jeito de aprender e exercitar o empreendedorismo. Ao viajar você tem contato com outras línguas e culturas, precisa tomar decisões rápidas sobre meios de transporte, destinos a seguir e atrações a visitar. Viajar é aprender a acessar atalhos, arriscar, administrar o tempo e fazer de cada experiência um aprendizado.

Empreender demanda o exercício de duvidar da lógica, do senso comum, daquilo que está nos livros. Usei esse conceito quando resolvi que queria conhecer Pamukkale.

– um lugar no meio da Turquia – num único dia, saindo de Istambul e terminando com a chegada na Capadócia. Recebi tantos nãos e tantos “impossível” que perdi a conta. Mas pesquisei por conta, pequenos aeroportos fora da rota e locais que conseguiriam ajudar no plano. Deu certo! Quem empreende sabe que pouca coisa daquilo que precisa está no manual. Quem viaja sozinho também.

Empreender é caminhar rumo ao topo. Escrevo estas linhas a caminho de Jungfrau. O topo da Europa, na Suíça.

Ir até lá dá medo. Frio demais. Não sei se minhas roupas aguentarão. Caro demais. Inóspito. A gente sobe sem saber, de fato, o que vai encontrar. Nem pelo caminho. Nem quando chegar lá.

 Empreender é exatamente isso. É como ir a Jungfrau. É preciso coragem. Ainda assim, haverá momentos congelantes. Vai faltar ar. Vai ser mais caro do que achamos que podemos pagar.  

Viagens fazem você experimentar cases de sucesso ou fracasso. Basta usar, por um dia que seja, o transporte público da Alemanha e o da Índia.

Viajar demanda saber lidar com mudanças inesperadas. Vem-me à mente o caso de um casal de passageiros que recentemente destruiu um guichê em Guarulhos após um atraso de voo devido ao mau tempo. Esse casal não poderia ser empreendedor. Nem viajante.

Sendo mulher, exercitamos ao máximo a capacidade de suplantar a discriminação de sexo, porque vamos, sim, encontrar lugares em que apenas em razão do gênero somos proibidas de entrar, e isto é legalmente e culturalmente aceito.

Quando cheguei para comprar os tíquetes para Jungfrau, havia um casal discutindo se pagar aquela enorme quantia valeria mesmo a pena. Quantas vezes, numa empresa com pouco orçamento, podemos cair nesse mesmo erro de questionar um gasto que pode fazer toda a diferença e você acaba comprando coisas, ou sistemas, ou contratando pessoas que não farão nenhuma diferença.

Empreender demanda paciência, resiliência, insistência. Como dizer isso sem parecer lugar comum?  Lembrei de certa vez, quando cheguei a Istambul na hora do rush em razão de um voo atrasado. Eu queria muito ir de metrô ao hotel. Havia uma estação em frente. Mas eu já havia mandado e-mail para o hotel, consultado blogs, pedido informações no guichê do aeroporto. Todos foram peremptórios: não era possível ir ao hotel de metrô. Por quê? Eu continuava sem entender – e sem aceitar. Um desconhecido me ofereceu ajuda. “O trajeto não está acabado” explicou ele. “Você precisaria descer de uma linha e andar a pé até a outra.” A preocupação dele era como eu saberia para que lado ir.

Ora, nem pensei. Comprei e fui. A interrupção era de menos de 100 metros entre o final de uma linha e o início da outra. Cheguei ao hotel nos dez minutos que eu queria. Contra tudo e contra todos. Este para mim é o conceito de empreender. É desafiar, não aceitar. Tentar. Refazer a pergunta de formas diferentes. 

Assim se chega ao destino. Assim se chega ao sucesso.


CibeleCibele Schuelter é sócia e Diretora de Novos Negócios da Alumia Educacional,  edtech membro do Cubo Itaú que atua no segmento de Gestão de Programas Online, com foco na criação e implementação de programas de cursos de ensino a distância (EaD) para Instituições de Ensino Superior no Brasil.

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