O debate sobre práticas de diversidade e inclusão dentro das empresas está contribuindo com uma série de transformações significativas no mercado.
Essas mudanças vêm acontecendo por diferentes fatores: o avanço da tecnologia, a criação de novas leis de inclusão, a busca por soluções inovadoras e o fortalecimento de práticas ESG – que se consolida como critério para aporte de capital entre pessoas investidoras.
Portanto, Diversidade e Inclusão pode impactar diretamente a capacidade de startups, scale-ups e empresas de capital aberto de atrair recursos.
De acordo com a publicação Melhores Práticas de Diversidade e Inclusão nas Empresas, feita pelo Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial (IBDEE), pessoas investidoras de diversos países têm exigido melhores práticas e condições de trabalho mais igualitárias nas organizações por reconhecerem que a diversidade torna as empresas mais fortes, inovadoras e competitivas.
Outro estudo, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), analisou 1700 empresas diferentes em 8 países, com diversos segmentos de negócios e tamanhos. A pesquisa aponta que empresas com equipes diversificadas garantem receita 19% maior, principalmente devido à inovação.
Aqui no Brasil, a B3 colocou em audiência pública um conjunto de regras sobre representatividade em empresas listadas, incluindo a previsão de que expliquem ao mercado a falta de diversidade em cargos de liderança, inclusive no conselho de administração. Esse é um mecanismo conhecido como “pratique ou explique”, no qual as companhias precisam ser transparentes sobre suas ações. A intenção é que empresas brasileiras tenham ao menos uma mulher e uma pessoa de comunidade minorizada (pessoas pretas ou pardas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência) em seu conselho de administração ou diretoria estatutária.
Cada vez mais, lideranças e players do ecossistema entendem que Diversidade e Inclusão influencia diretamente a estratégia e os resultados do negócio.
Mas, afinal, o que é gestão da diversidade?
Cada indivíduo possui um conjunto de diferenças e semelhanças, como origem, religião, gênero, raça, e orientação sexual. Entretanto, alguns desses marcadores sociais ditam acessos, tratamentos e oportunidades que cada pessoa irá receber ao longo da vida.
Para contribuir com a transformação cultural e socioeconômica, diversas empresas têm adotado ações para mitigar desigualdades e promover espaços mais inclusivos.
O Benchmarking ‘Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022 e tendências para 2023’, realizado pela Blend Edu, aponta que para 77% das organizações o principal objetivo do seu programa de diversidade é engajar as pessoas colaboradoras na criação de uma cultura inclusiva. A pesquisa tem abrangência nacional e contou com a participação de 117 empresas de 34 setores diferentes, como tecnologia, financeiro, saúde, indústrias e outros.
Para alcançar este objetivo, as organizações têm investido em programas de treinamento, ações de comunicação, eventos para o público interno, criação de canais de denúncias e ouvidoria, realização de censo, entre outras práticas.
A pesquisa também identificou que os recortes sociais mais trabalhados nos programas de diversidade do Brasil são: gênero (95%), raça (89%), LBGTQIA+ (86%) e pessoas com deficiência (82%).
Confira o estudo completo aqui
É importante ressaltar que essas empresas estão considerando a interseccionalidade, conceito que nos permite entender como diferentes formas de opressão se relacionam e se sobrepõem, afetando grupos minorizados de maneira complexa. Ou seja, entendendo que mesmo ao falar sobre gênero, é preciso compreender que as vivências, necessidades e barreiras enfrentadas por mulheres brancas é diferente daquelas enfrentadas por mulheres negras, mulheres trans, mulheres lésbicas, etc.
Como minha empresa pode colocar a diversidade em prática?
Muitas empresas, ao iniciarem algum projeto de DEI, acabam criando ações pontuais externas, como campanhas de marketing, sem serem de fato inclusivas.
Essa prática é conhecida como Diversity Washing (lavando a diversidade, em tradução livre), que são ações e projetos que geram mídia e aumentam o valor da marca. Porém, essas práticas não fomentam políticas públicas e tampouco constroem uma cultura interna que garanta acesso e respeito às pessoas de grupos minorizados.
Portanto, é preciso ir além do discurso. Para trabalhar o tema de forma consistente, estruturada e transversal, entendemos que é necessário que a empresa reflita sobre os seguintes aspectos:
- – Liderança Inclusiva
- – Cultura Inclusiva
- – Representatividade
- – Educação e Empoderamento
- – Comunicação Inclusiva
- – Infraestrutura e Processos
- – Negócios Inclusivos
- – Estrutura Interna
Aqui na Blend Edu, chamamos esse framework de “8 objetivos e 21 compromissos pela Diversidade e Inclusão”, criado a partir da consolidação de centenas de diretrizes recomendadas por organizações nacionais e internacionais, como ONU, Instituto Ethos e Pacto Global, além da nossa experiência de mercado.
Caso a empresa queira fomentar práticas de diversidade e inclusão, é preciso implementar ações que passam por esses objetivos, mesmo que priorizando ações de curto, médio ou longo prazo.
Como medir os avanços nas ações de diversidade e inclusão?
Implementar um projeto de diversidade é apenas o primeiro passo para começar a promover mudanças estruturantes dentro da organização. Entretanto, para ter sucesso, é fundamental medir seus resultados e avaliar seu impacto no dia a dia da empresa.
Para isso, podemos fazer a mensuração por dois caminhos: metodologias qualitativas e metodologias quantitativas. A princípio, o censo é uma excelente forma de ter tanto métricas quantitativas de representatividade (composição e diversidade do time) quanto qualitativas (trazendo a percepção das pessoas colaboradoras).
Com base nos resultados deste diagnóstico, será possível construir a estratégia de diversidade de maneira mais efetiva, com base nesse exercício de escuta com grupos minorizados.
Sobre o Prêmio Diversidade em Prática
Muitas vezes, Diversidade e Inclusão pode parecer um conceito abstrato ou até carecer de bons exemplos aplicados na prática. Com isso, a Blend Edu viu uma oportunidade de trazer mais conhecimento sobre metodologias, ações e projetos que estão sendo feitos para inspirar outras empresas que querem embarcar nessa jornada de transformação.
Assim surgiu o Prêmio Diversidade em Prática, com o objetivo de reconhecer e dar visibilidade a boas práticas de diversidade e inclusão.
As inscrições para a edição de 2023, que conta com o apoio de organizações como a Endeavor Brasil, estão abertas até o dia 16/06 e podem ser feitas aqui. Os cases selecionados serão apresentados durante o Diversidade em Prática Summit e serão disponibilizados na comunidade empresarial Diversidade SA.
Caso sua empresa esteja começando a jornada, assistir ao summit certamente trará insights valiosos. Por outro lado, caso sua organização já implemente boas práticas, inscrevê-las pode ser uma oportunidade única de reconhecimento e de inspiração para outras startups e scale-ups de todo o país.
De qualquer forma, colocar diversidade e inclusão em prática certamente é algo que trará resultados tangíveis e intangíveis para qualquer organização.
Exemplos de impacto
Confira outras iniciativas de Diversidade e Inclusão.
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