A inovação é um caminho sem volta. Não é mais uma opção, é uma realidade. E, por mais que uma empresa esteja há dezenas de anos no mercado, se ela não se adaptar aos modelos atuais de se fazer negócio, ela não terá futuro. O motivo é simples: o consumidor busca a lógica da empresa inovadora para aderir aos seus produtos e serviços.
Falamos muito sobre os movimentos que grandes empresas iniciam para se manter atualizadas com processos inovadores, como o Corporate Venture Capital (CVC) – investimento de fundos corporativos diretamente em empresas iniciantes externas – e Corporate Venture Builder (CVB) – que incorpora a cultura da inovação aberta e compartilha recursos para trabalhar em conjunto com empreendedores no desenvolvimento de suas ideias.
Mas, hoje, venho falar sobre uma questão estrutural para que essas práticas tenham sucesso: o aculturamento dessas empresas para o mindset de startups. Tudo o que é novo, dá medo. E o resultado é que, muitas pessoas, acabam não se adaptando ao novo modelo de trabalho. Já mentorei empresas de grande porte durante esses processos onde 5 a 7% dos colaboradores mais experientes abandonaram o projeto por não se adequar ao trabalho com inovação.
Esse trabalho realmente não segue os modelos tradicionais. É preciso ter coragem para sair da zona de conforto e lidar com risco diariamente. É comum que o planejamento mude de rota em semanas. E toda a equipe precisa ser capaz de atender essas mudanças rapidamente.
Por isso, essa mudança de mindset precisa ser estruturada. Eu gosto de trabalhar com um método que chamo de Cultura Raiz. Isso porque entendo que precisamos crescer para baixo, antes de crescer para cima: quando criamos alicerces estáveis e profundos, é muito mais difícil que um desafio ou uma crise nos abale. Vejo claramente três pontos fundamentais como valores essenciais nessa trajetória: a inteligência, o conhecimento e a sabedoria.
A inteligência se refere ao desenvolvimento da capacidade de um colaborador reconhecer o problema e resolvê-lo com calma, eficiência e criatividade. O conhecimento vem com a prática e o aprendizado constante dessa cultura. Ele já se refere a um colaborador que sabe aprender com seus erros e se relacionar com pessoas para construir habilidades sólidas. Já a sabedoria, é a entrega – é o resultado dessa trajetória que construiu um profissional que não se desespera frente a uma crise porque ele tem clareza de qual é o propósito do seu trabalho.
O propósito do trabalho jamais pode ser o financeiro. O profissional que somente enxerga o salário no fim do mês como o retorno dos seus esforços nunca será relevante no mercado e, sem dúvida, será desligado de todas as oportunidades de carreira que tiver. Por isso, é importante identificar o valor da sua entrega e o impacto que ela cria no todo.
Já tive diversas experiências na aplicação desse método em grandes empresas e vejo que ele é eficaz. Mas o treinamento dos colaboradores não pode fazer milagres se não é feita uma educação abrangente da equipe de gestão. Esses profissionais devem agir como bons líderes, identificando os pontos fortes de cada um e atuando estrategicamente para o crescimento da organização como um todo.
Por fim, a resiliência é fundamental. Como no andar de uma bicicleta, se não seguimos pedalando, ela vai cair. A vida profissional no contexto da inovação segue a mesma lógica. Desafios e crises vão ocorrer. Tudo depende da nossa atitude frente a eles e da nossa capacidade de seguir em frente com entendimento pleno do nosso papel em uma organização.
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