
*Por Luiz Menezes
Todo criador de conteúdo é uma empresa B2B, até porque, se a maior parte vive de receita publicitária, presta seus serviços para outra empresa. O consumidor final, no caso – o seguidor, não é o cliente da maior parte dos creators, e sim o seu público. Por isso, existe uma diferença, e cada vez mais vemos que os criadores de conteúdo estão se profissionalizando para diversificar suas receitas. O tema foi debatido no painel B2B Creators – The Creator Economy’s Dark Horse, no evento SXSW, em Austin, nos EUA.
Chris Do, criador veterano e fundador da The Futur, destacou que antes os profissionais viam a criação de conteúdo como algo amador, mas que essa mentalidade mudou, tornando-se uma forma essencial de estabelecer autoridade e gerar oportunidades de negócios. Acredito nessa afirmação, visto que hoje em dia a criação de conteúdo virou sinônimo de chancela de autoridade. Do artista ao coveiro, a extensão da profissão física para o online traduz a oportunidade de ter o trabalho validado pela comunidade.
No entanto, é preciso destacar que nem todos os creators possuem os mesmos recursos para se profissionalizar, o que consequentemente afeta na quantidade de oportunidades que vão encontrar no mercado da creator economy. Muitas vezes, trabalhar apenas como criador de conteúdo não é suficiente para gerar uma renda para se sustentarem, o que faz com que tenham que se desdobrar para encontrar outras formas de obter fontes de receita.
Neste sentido, o fundador da Creator Match, AJ Eckstein, trouxe um dado revelador: enquanto uma boa parte dos criadores de conteúdo em plataformas como YouTube e TikTok geram receita significativa, muitos criadores do LinkedIn com centenas de milhares de seguidores não monetizam seu conteúdo. Penso que essa situação mostra um espaço inexplorado, com alto potencial, mas que ainda precisa conseguir chamar a atenção dos profissionais e empresas que ali habitam.
Ter monetização a partir da criação de conteúdos ainda é uma dificuldade para muitos creators. A criadora Olivia Owens apresentou um estudo da Teachable que revelou que criadores B2B são mais propensos a ter renda previsível e a cobrar preços mais altos por produtos e serviços. Metade dos criadores B2B entrevistados relatou uma renda mais estável, sendo duas vezes mais propensos a ganhar mais de US$ 10.000 por mês.
Por outro lado, apesar do crescimento, existem desafios. Olivia ressaltou que a falta de padronização nos valores cobrados pelos criadores B2B torna o mercado volátil, algo que acontece no Brasil e nos EUA também, mas diante da nossa síndrome de vira-lata, achamos que o norte global não é afetado por essa problemática. Além disso, muitas empresas ainda não entendem o potencial do marketing de influência no LinkedIn.
Por isso, destaco que o olhar da profissão de creator de fato como business destrava a necessidade de também fazer um plano de negócios, e se comportar de fato como uma empresa. Para além da publicidade, existem dezenas de formas de monetizar, seja por consultoria, palestra, infoproduto, programa de afiliados, entre outros. Possibilidades, essas, que geralmente creators ficam míopes, criando dependências severas do modelo da publi tradicional, que gera estresse e falta de previsibilidade.
Outro desafio mencionado pelo painel foi a dependência excessiva de plataformas. A recomendação foi criar canais próprios, como newsletters e comunidades, para não ficar refém dos algoritmos. O fato é que o mercado da creator economy é competitivo e muitas pessoas estão criando conteúdo ao mesmo tempo. Então quando você decide não correr atrás do seu lugar, é provável que outro alguém já esteja fazendo isso.
Diante desta realidade, não podemos afirmar a recessão ou desaceleração da creator economy, à medida que redes sociais como o LinkedIn, e comunidades inteiras de criadores de conteúdo, estão sendo pouco, ou nada exploradas por marcas e profissionais que podem, a partir disso, criar conexões ainda mais genuínas e autênticas com novos nichos, e, consequentemente, gerar impacto direto em incremento de marca e vendas.
*Luiz Menezes é fundador da Trope.
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