
A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China começa a impactar diretamente os consumidores. As plataformas de e-commerce Temu e Shein anunciaram que irão reajustar seus preços para clientes americanos a partir da próxima semana. O motivo, segundo as duas empresas, são os custos operacionais mais altos decorrentes de mudanças nas regras tarifárias internacionais.
As declarações, quase idênticas, foram publicadas separadamente nos sites de compras das companhias. Ambas apontam que os “ajustes de preços” entram em vigor a partir de 25 de abril, mas não detalham o percentual dos aumentos.
Resposta da Shein ao tarifaço de Trump preocupa mercado brasileiro
A medida é uma resposta direta à decisão do ex-presidente Donald Trump, que voltou à cena política com novas promessas de endurecer o comércio com Pequim. No início do mês, ele assinou uma ordem executiva para encerrar a chamada “provisão de minimis” — dispositivo que isenta de impostos mercadorias importadas com valor inferior a US$ 800. A mudança entra em vigor em 2 de maio e deve afetar cerca de 4 milhões de pacotes por dia, a maioria oriundos da China e de Hong Kong.
Diante do novo cenário nos Estados Unidos, cresce a expectativa de que plataformas como Temu, Shein e AliExpress redirecionem esforços para mercados com regras menos rígidas, como o brasileiro, reacendendo no mercado a polêmica da “taxa das blusinhas”.
No Brasil, a discussão sobre a competição entre produtos importados e a indústria local voltou ao centro do debate. Para Eduardo Natal, advogado tributarista e presidente do Comitê de Transação Tributária da ABAT, o país deve agir com cautela. “Subir impostos pode proteger a indústria, mas quem paga a conta é o consumidor”, afirma.
Segundo ele, o ideal é apostar em estratégias mais estruturadas para conter o avanço de importações predatórias. Entre as alternativas estão o fortalecimento da fiscalização aduaneira, exigência de certificações e incentivos diretos à indústria nacional, como desoneração da cadeia produtiva e fomento à inovação.
Natal também alerta para o risco de o Brasil adotar medidas protecionistas que afetem sua reputação internacional. “Desde os anos 1980, somos uma economia aberta. Retrocessos podem minar acordos comerciais e afastar investimentos. A solução precisa equilibrar proteção ao mercado interno e manutenção do poder de compra da população”, conclui.
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