Há três anos, delivery vende mais de 60 tipos de saladas, além de empregar mulheres de bairros da periferia do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife

A educação nutricional e o empreendedorismo social caminham lado a lado em três comunidades nas periferias de Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, onde o delivery Saladorama vem desenvolvendo projetos para ensinar mulheres a produzir e consumir alimentos saudáveis e a se tornarem consultoras.  A proposta se enquadra no segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), por incentivar a agricultura sustentável e o combate à fome. Desde 2015, o Sebrae é parceiro da ONU no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.

O Saladorama nasceu em 2015 pelas mãos do engenheiro Hamilton Santos e pela nutricionista Mariana Fernandes, e foi considerado o primeiro negócio social do país. Os dois se juntaram para fornecer comida saudável aos moradores de favela no Rio de Janeiro, onde ele mora. A intenção era também capacitar as pessoas, principalmente as mulheres das comunidades, sobre educação alimentar. “Trabalhamos em duas frentes, que é a capacitação e o empreendedorismo”, explica a designer Isabela Ribeiro, que se tornou sócio de Hamilton e Mariana no negócio. “O primeiro caminho é a formação das pessoas na área de alimentação, que vai do plantio até o armazenamento e a entrega”, conta Isabela. São quatro meses de capacitação, explica.

O segundo passo é chamado de “Habilidades para a Vida”, que é o que Isabela define como o empoderamento da mulher periférica. Depois de produzirem seus próprios alimentos, elas passam para o empreendedorismo, tornando-se consultoras. “A partir desse momento, elas estão habilitadas a usarem nossa marca”, conta a designer. A própria Saladorama prepara o espaço para as mulheres no local onde moram, inclusive as cozinhas. “Elas se tornam nossas representantes da comunidade fazendo as vendas porta a porta”, acrescenta a sócia do empreendimento. Antes disso, a própria empresa oferece também orientação sobre o potencial público consumidor e sobre saúde alimentar.

A consultora ganha 25% do que vender e os 75% restantes custeia o produto. Quem fizer a opção de trabalhar na produção de saladas, o principal prato do cardápio do restaurante, recebe entre 15% e 20% da venda das saladas que montarem. A ideia do Saladorama é fazer com que a população das comunidades ao mesmo tempo consuma alimentos saudáveis, mas também tenha uma fonte de renda, fazendo o dinheiro circular no próprio bairro. Cada mulher pode chegar a receber de um a dois salários mínimos, segundo Isabela.  

O Saladorama, que começou a funcionar em São Gonçalo (RJ), hoje está presente também na comunidade Santa Marta, na capital fluminense. Além disso, o projeto atende ainda aos bairros de Nova Descoberta, em Recife (PE) e Heliópolis, em São Paulo (SP), regiões carentes e vulneráveis. O restaurante também tem franquias em Florianópolis (SC), São Luís (MA) e Feira de Santana (BA). O cardápio é variado, sendo que as opções mais baratas custam R$ 10, com oito itens para montar, além de congelados, e a mais cara sai a R$ 26, que é a salada mais completa. Ao todo, são 60 itens de alimentos orgânicos. Segundo Isabela, o Sebrae é parceiro do empreendimento realizando capacitação em negócios sociais.

Há dois anos, o Saladorama foi um dos ganhadores do Incluir 2017, premiação do Sebrae e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para empreendedores sustentáveis. O prêmio foi na categoria “Negócio inclusivo na cadeia de valor”, por democratizar o acesso à educação nutricional e à alimentação saudável para a população de menor renda.

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