
Na última semana, aconteceu a 21ª edição do Futurecom, um dos maiores e mais importantes eventos de tecnologia, telecomunicação e transformação digital da América Latina. Foram quatro dias dedicados a apresentação de cases, workshops, palestras e debates, com foco em soluções técnicas, comerciais e modelos de negócios nos seguintes setores: TI, Telecomunicações, Serviços Financeiros, Segurança da Informação, Empreendedorismo, Governo e Judiciário.
No vídeo abaixo, Hermano Pinto, Diretor-Geral da Futurecom, fala sobre a 21ª edição do evento.
O futuro com o 5G
Um dos destaques do Futurecom com certeza foi a tecnologia 5G, que já está em funcionamento em vários países e deve chegar ao Brasil nos próximos anos. Por meio da quinta geração de telefonia móvel, é possível ter uma internet muito mais rápida e com menor latência. Com isso, teremos cidades conectadas e funcionais onde será possível, por exemplo, controlar a iluminação pública de forma inteligente, como demonstrado pela NEC em seu estande.
“Com a chegada iminente da rede 5G, teremos um mundo novo de oportunidades para inovar e tornar a nossa sociedade muito mais conectada, com benefícios para todos os setores”, afirma Angelo Guerra, vice-presidente da NEC no Brasil.
A Qualcomm também mostrou durante o Futurecom como o 5G transformará a vida das pessoas, das casas, das cidades e das indústrias. Em seu estande no evento, os visitantes puderam entrar no Cubo 5G, que conta a história dos avanços promovidos em 3G, 4G e 5G, mostrando o que estará disponível em um futuro próximo.
Em uma coletiva de imprensa, a Deloitte apresentou a Global Mobile Consumer Survey Brasil 2019, que afirma que os brasileiros estão dispostos a pagar mais para ter internet dez vezes mais rápida que a permitida pelo 4G.
“O 5G entra em cena para habilitar o uso de novas tecnologias que possibilitarão as transformações das empresas. Esta será a oportunidade para o Brasil se inserir no bloco dos países líderes da Economia Digital”, declara Márcia Ogawa, sócia-líder de Telecomunicações, Mídia e Tecnologia da Deloitte.
Mas para que todos os benefícios dessas tecnologias sejam aproveitados, é importante que o Brasil tome o importante passo de leiloar o 5G ainda no próximo ano.
De acordo com uma pesquisa da Ericsson, caso o leilão do 5G seja adiado para 2021, o Brasil pode perder R$25 bilhões, reduzindo de R$ 70 bilhões para R$ 46 bilhões a vantagem total de impostos e fundos para o governo entre 2021 e 2025.
O estudo também mostra que o 5G vai gerar R$10 bilhões em investimentos diretos e R$ 250 milhões adicionais em investimentos em P&D, além de criar mais de 205 mil empregos.
Futuro do pagamento
Como serão feitos os pagamentos daqui uns anos? Você Já pensou nisso? Na palestra “Nem dinheiro, nem cartão: como seus filhos comprarão no futuro?”, Felipe Del Nero, vice-presidente da Worldpay falou sobre as mudanças nas formas pagamentos e de como a geração atual influenciou nessas transformações.
De acordo com dados apresentados por Felipe no Futurecom, 60% dos pagamentos atuais são feitos através de mobile, isso porque, na nova Era Digital as pessoas vivem conectadas o tempo todo, implicando diretamente na forma de consumo.
Para essa geração, por exemplo, experiência é mais importante que marca, da mesma forma que ter posse não é mais um fator importante, explicou o vice-presidente.
Esse novo comportamento, portanto, exige novos modelos de negócios, como a troca de cartão físico por uma carteira digital. Para além da troca de formato, o novo modelo agrega valor de serviço para o cliente ao disponibilizar transferências em tempo real para o cliente.
Tendências
Com a mudança no comportamento do consumidor, a tendência é que apareçam cada vez mais pagamentos alternativos e que pagamentos instantâneos se sobressaiam sobre os cartões.
Entre as tendências apontadas por Felipe Del Nero estão serviços como open banking, criptomoedas e biometria como forma de autenticação.
Entretenimento
Outro destaque do Futurecom foi a palestra de Greg Peters, Chief Product Officer da Netflix. Depois de uma projeção emocionante de séries e filmes brasileiros produzidos pela empresa, Greg apresentou aos presentes um pouco da filosofia da Netflix ao destacar a produção de conteúdos locais que são apreciados por milhões de pessoas ao redor do mundo.
Além disso, o executivo explicou que a provedora de conteúdo para entretenimento vai investir R$ 350 milhões em 30 produções originais brasileiras até 2021.
“O Brasil tem histórias que o mundo todo quer conhecer”, explicou Greg. Ele também comentou que, desde que a Netflix começou a produzir conteúdos nacionais, já gerou 40.000 empregos indiretos no país. “Nós somos apaixonados por contar histórias e transmiti-las de maneira que as pessoas possam assistir quando quiserem e de onde quiserem. Isso só pode ser feito por intermédio da tecnologia”.
Vale da Eletrônica
No espaço Future Gov, Rogério Silva, coordenador do Núcleo Educacional de Empreendedorismo e Inovação da Inatel falou sobre a história de Santa Rita do Sapucaí, uma cidade do interior de Minas Gerais, e de como ela ficou conhecida como Vale da Eletrônica.
Em uma linha de tempo, o coordenador apresentou uma cidade com foco em economia agropecuária até meados de 1980, e falou que o marco da mudança entre agropecuária e tecnologia começou em 1958, quando Luzia Rennó Moreira fundou a primeira escola técnica de eletrônica.
Pouco tempo depois, foram criados o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e o Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação (FAI). Porém, mesmo com esses centros trazendo inovação e tecnologia para a cidade, a economia prevalecia em agropecuária, já que as pessoas estudavam ali e saía da cidade para trabalhar em outros lugares devido a ausência de oportunidades de trabalho no local.
Foi então que, em 1983, a partir de uma sacada do então vice-prefeito, Paulo Frederico Toledo, que observou que todas as cidades possuíam algum título para serem reconhecidas, que Santa Rita do Sapucaí começa ser chamada de Vale da Eletrônica com o intuito de atrair negócios para a cidade.
A partir disso, o município ganhou forças nas áreas de tecnologia e inovação e além de mão de obra qualificada, a criação de empresas na cidade, através de projetos dos alunos, passou a ser uma cultura forte.
Vale do Silício brasileiro
Atualmente, com 43 mil habitantes, a cidade é conhecida como o Vale do Silício brasileiro. Além das 3 instituições de ensino com foco em tecnologia e mais de 150 empresas de informática e telecomunicações, Santa Rita do Sapucaí possui iniciativas para fomentar ainda mais a tecnologia. Um dos projetos é a Cidade Criativa, onde voluntários, instituições públicas e iniciativa privada trabalham juntos para desenvolverem a economia criativa e da qualidade de vida em Santa Rita do Sapucaí.
Na prática, isso resulta em encontros de coaching e mentoria para a classe criativa, ações durante o ano como palestras e outras iniciativas diversas nas ruas, em salas de aula e auditórios da cidade. Além da realização de um dos maiores festivais de inovação do Brasil, o Hackatown, que reúne mais de 6 mil pessoas com workshops, palestras e showcases, rolando simultaneamente por toda a cidade.
Rogério Silva ressalta que são os empreendedores, de todos os segmentos, inclusive do empresarial, que podem dar sustentabilidade e potencializar o projeto de smarticity do município. “Tem que aproveitar a inteligência que tivemos até aqui para continuar se desenvolvendo”, concluiu.
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