


A Endeavor é a rede formada pelas empreendedoras e empreendedores à frente das scale-ups que mais crescem no mundo e que são grandes exemplos para o país.
Rebeldia, no dicionário, é: qualidade da pessoa que não obedece ou que se opõe a uma autoridade; resistência; força, convicção, vontade contrária ou oposta; teimosia; excesso de obstinação ou birra.
Para a Sallve, o significado é outro.
Rebeldia é juntar pessoas diferentes para provocar revoluções. No empreendedorismo. No mercado de beleza. Na vida das pessoas.
Rebeldia é romper com os padrões. Desafiar o status quo. É mudar o que as pessoas estavam acostumadas: produtos caros; longas rotinas de beleza que não condizem com o cotidiano; informações pouco acessíveis sobre fórmulas e processos; um conceito inalcançável e excludente de beleza.
Rebeldia é transformar a maneira que as pessoas vivem a própria pele.
…
Daniel, Julia e Marcia nasceram rebeldes.
Seja no confronto ao bullying, na Faculdade de Artes de Barcelona, ou até na implementação da área de Growth Hacking em uma editora, sempre estavam fazendo revoluções por onde passavam.
A história da Sallve é a história do maior ato de rebeldia das empreendedoras e do empreendedor: a construção da scale-up que muda a relação das pessoas com a própria pele por meio de conversas sinceras, escolhas seguras e fórmulas incríveis.
A escola hostil e a família amorosa
A infância do Daniel foi marcada pelo bullying.
Aos 10 anos, era o Dani-bola.
Sempre levava “apelidos” como este na brincadeira. Em casa, aprendeu que todos os obstáculos são superáveis. Não deixaria que seus colegas o abalassem de novo.
Em casa, também vivenciou a trajetória de seu pai, que largou o cargo de alto executivo de uma empresa de Israel para empreender. Com isso, entendeu que o imprevisível faz parte do jogo.
Com sua mãe, tipicamente judia, cuidadora, percebeu que se conectar e ouvir pessoas era uma das maiores virtudes da vida.
Pulseiras e agência de publicidade
Júlia é de família criativa. Sua mãe, artista. Seu pai, diretor de arte e publicitário.
Ela cresceu debaixo de mesas de agência de publicidade e isso fez com que ela desenvolvesse, desde cedo, um talento criativo e facilidade com atividades manuais. Na escola, vendia pulseirinhas com sua melhor amiga – e primeira sócia.
Desde cedo, teve acesso à literatura de arquitetura, de moda e de beleza. Assuntos que circulavam em sua casa e pela agência de seu pai.
“Eu tive o privilégio de crescer sentada no ateliê da minha mãe e brincando com pranchas de anúncios publicitários na agência do meu pai. Sempre cercada de pessoas maravilhosas e super criativas”, relembra Júlia.
Morando pelo Brasil inteiro
Márcia é filha de pai militar. Por isso, em sua infância, precisou mudar várias vezes de cidade. Até o seu sotaque evidencia isso: é difícil saber se é de Minas Gerais ou do Rio de Janeiro.
E mesmo trocando de escolas, era a primeira aluna da sala. Apaixonada por exatas, contas, problemas, foi parar na faculdade de Publicidade e Propaganda aos 16 anos, saiu aos 20. “Me intitulo como publicitária de formação, mas engenheira de alma”, conta Márcia.
O primeiro emprego aos 15 anos
Júlia começou a trabalhar com seu pai aos 15 anos. Aprendeu a revelar filmes, a administrar uma empresa e a atender clientes. “Uma agência é um mundo. Eu poderia ter descoberto que sou administradora ou que tenho aptidão para fotografia”, conta.
O que ela realmente descobriu foi a sua paixão por colocar a mão na massa quando passou pela área de produção. E foi se desenvolvendo nisso. Aprendeu a fazer produção de filmes. De fotografia. De moda. De eventos.
Quando chegou na hora de escolher a faculdade, optou por algo que seria completamente novo e fora da sua zona de conforto. Foi estudar ourivesaria na Faculdade de Belas Artes da Espanha.
Chegando lá, em 1991, o curso passava por desenho industrial, matemática e geometria. Precisaria de quatro anos até chegar no ateliê de joias. Ela foi até a coordenadora do curso, e trocou seu diploma por um ano aprendendo a fazer jóias.
De volta ao Brasil, voltou a trabalhar na agência do seu pai até 1994, quando sua filha nasceu.
De expectador à protagonista da revolução da internet
Daniel tentou Direito.
Largou.
Foi para a faculdade de Administração e no último ano passou no estágio na Johnson & Johnson. Ouviu de sua mãe: “eu tinha certeza que você teria uma carreira bem sucedida”. Mas, quatro meses depois, largou o estágio para a experiência que mudaria os rumos da sua carreira: Web Motors.
Quando chegou na startup de carros e motos, o CEO disse para ele que a internet iria revolucionar tudo como as pessoas conheciam. Na hora, Daniel sabia que faria parte dessa revolução.
Carreira meteórica na Editora Abril
Aos 21 anos, Márcia chegava como trainee na Editora Abril.
Em sua primeira avaliação comportamental, disseram que ela seria bem sucedida empreendendo dentro e fora de uma empresa. Achou estranho, já que nunca teve um grande exemplo empreendedor em sua família de militares e pessoas em cargos públicos.
Foi para a área de Digital e ajudou a construir a área de SEO. Depois, aos 25, assumiu Produtos Digitais, dentro de Tecnologia. “Tudo mudou na minha vida quando percebi que sou uma mulher na tecnologia há muito tempo”, afirma Márcia.
A era do áudio e das revistas
Quando voltou ao mercado, Júlia decidiu trabalhar com produção de palcos para shows. Na época, o cenário de shows no Brasil era escasso: apenas o Free Jazz, Hollywood Rock e Rock in Rio.
“Eu brinco que trabalhei em coisas incríveis fora de época. Quando voltei da Espanha, fiquei fazendo jóias no ateliê de um amigo, mas não tinham joalherias independentes, apenas três gigantes. Com shows foi a mesma coisa. Três gigantes. Se hoje é difícil criar festivais de música, 30 anos atrás era ainda mais”, conta Júlia.
Depois, seu pai a convidou para trabalhar na recém lançada área de áudio da agência. Essa experiência a levou para o seu primeiro empreendimento, em 2000: um estúdio de música.
Na mesma época, as revistas também estavam passando por revoluções. Deixavam de ser sobre fofocas de novela para entregar outros tipos de conteúdo. Então, Julia montou uma equipe de produção para escrever sobre moda na Contigo.
Uma doença rara que levou ao empreendedorismo
Aos 20 anos, Daniel foi diagnosticado com doença de Crohn, doença crônica rara que afeta os intestinos. Para lidar com essa nova condição, resolveu buscar mais informações na internet e só encontrou conteúdo em sites americanos.
Isso lhe deu um clique.
Daniel percebeu que, como ele, outras pessoas brasileiras deveriam ter dificuldade em encontrar informações de qualidade sobre suas condições de saúde. Teve mais que uma ideia de negócio: encontrou um propósito para empreender.
Junto com dois sócios, fundaram o Minha Vida com sonho grande de fazer uma empresa que mudasse a saúde no Brasil.
Em pouco tempo, a scale-up se tornou o maior portal de saúde e bem-estar do país. Além do portal, o Grupo Minha Vida também conta com o Dieta e Saúde, programa de emagrecimento, e o Consulte.me, plataforma que lista médicas e médicos confiáveis e agenda consultas online. Ele também fundou o DS Kids, um aplicativo gratuito com informações para pais e mães sobre alimentação e vida saudável para crianças.
Como um empreendedor de tecnologia, em 2007 ele também participou da criação do iCarros, um portal automotivo, em sociedade com os fundadores da WebMotors e o Itaú.
Petisco
Ter uma coluna de moda na Contigo acendeu uma faísca na vida de Júlia. Começava, ali, a paixão por conteúdo.
Em 2007, em um cenário em que revistas de moda ainda não tinham site, ela resolveu criar o seu blog. Nascia ali o petisco, um portal de moda, beleza e comportamento que revolucionou a internet brasileira.
O sucesso foi absoluto. As pessoas queriam aqueles conteúdos. Os formatos eram inovadores. Marcas começaram a ver uma oportunidade de branding inédita: co-branding e cross media.
“Eu aprendi o poder da comunidade. Eu lia tudo o que as pessoas queriam nos comentários e entregava aquilo. Nós provamos que é possível entregar conteúdo para as marcas além da propaganda clássica. Como um ato de rebeldia, nós entregamos coisas diferentes. Não falávamos de ‘contorno’ igual todos os lugares”, relembra Júlia.
Foi nessa época que ela também lançou, em 30 países, uma coleção de maquiagens em parceria com a M.A.C Cosmetics. A segunda brasileira a alcançar esse feito. A primeira a esgotar mundialmente uma coleção.

Foto promocial da linha da Julia para a MAC
O sobrenome Endeavor
Desde que fundou o Minha Vida, Daniel foi atrás do seu sonho e investiu em sua formação, com cursos na Harvard Business School, Singularity University e Stanford University.
Sua experiência, somada ao seu conhecimento, coragem e dedicação, fizeram com que Daniel fosse aprovado como Empreendedor Endeavor em 2009. Em 2011, foi eleito Empreendedor do Ano pela Ernst&Young na categoria Emerging e ainda recebeu o Prêmio Empreendedor de Sucesso da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Editora Globo.
Vivendo dentro do universo das startups
Depois de cinco anos, Márcia saiu da Editora Abril porque queria trabalhar com startups que estavam transformando o mercado de tecnologia.
Foi direto para uma startup de social games, a Votsu, trabalhar como Product Manager. Lembra dos jogos do Orkut? Colheita Feliz, Café Mania? Esses mesmos.
Porém, a estadia nessa startup foi rápida, já que o perfil da Márcia chamou a atenção do Daniel. “Com o Dani, eu vivi meu Day1 profissional. O escritório do Minha Vida não era um escritório de startup como eu imaginava. Mas tinha a energia mais legal que já vi na vida. Tinha propósito e, acima de tudo, diversidade de pessoas. Olhando para os depoimentos nas paredes, eu vi o poder transformador do conteúdo. O Minha Vida foi um MBA. Lá me descobri Growth Hacker”, conta Márcia.
A Márcia era o que faltava no Minha Vida. Com uma ferramenta de SEO rodando, a scale-up cresceu ainda mais. Esse crescimento chamou atenção da Webmedia, em 2017, que fez uma proposta de aquisição irrecusável.
Em 2018, Márcia e Daniel se separaram. Ela foi trabalhar no Elo7 e ele foi tirar um ano sabático.
Tecnologia para resolver problemas
Lançar uma linha de maquiagens despertou mais uma faísca na Júlia.
Queria ter uma experiência com tecnologia.
Queria ter sua própria marca de produtos de beleza.
Não queria mais maquiagens. Olhou para fragâncias. Olhou para skin care.
Skincare, naquele momento, era a escolha mais certa. Já que, no Brasil, pouco se falava sobre isso. Haviam poucas marcas brasileiras que ofereciam produtos bons a preço justo. Havia um padrão de beleza que não condizia com a realidade do país.
O sabático nos Estados Unidos
O ano sabático do Daniel não foi bem de descanso.
Em todos os lugares que ia, buscava novas ideias de negócio. Naquele ano, em 2018, as DNVBs – Digitally Native Vertical Brands – estavam bombando lá fora. Opções não faltavam. Tinha óculos, colchão e produtos de beleza.
“Quando saímos do Minha Vida, eu e o Dani combinamos que iríamos empreender juntos em um mercado grande. Mercado pequeno estava frustrando a gente. O ano sabático nos deu a resposta: beleza. E beleza era um mercado que me tocava muito, eu tinha experiência e vivia as dores na minha pele”, relembra Márcia.
Duas reuniões que mudaram tudo
Produtos de beleza que simplificariam a vida das pessoas. Essa era a ideia.
Mesmo sem clareza sobre o que, exatamente, seriam esses produtos, Daniel e Márcia foram conversar com investidores para entender impressões de fora. Saíram de lá com dinheiro em caixa.
Os investidores disseram que os dois eram makers – mão na massa – e precisavam de uma pessoa para juntar à sociedade que seria dreamer – sonhadora.
Amizades em comum sugeriram que os dois conversassem com a Julia, que também estava voltando de um ano sabático e queria empreender no mercado de beleza.
Em um dia ensolarado de dezembro, os três almoçaram juntos. A sinergia foi tanta, que saíram de lá com a sócia dreamer da Sallve.
A revolução
Não era óbvio que essas rebeldias um dia se encontrariam. E encaixariam tão bem.
O empreendedor em segunda jornada.
A publicitária Growth Hacker.
A ourives criativa.
Essas três pessoas uniram suas forças e experiências para construir a Sallve, uma marca de cosméticos nativa digital brasileira que nasceu para revolucionar a indústria de beleza no Brasil.
“Meu cérebro é de exatas. O da Júlia de humanas. O do Daniel é do empreendedorismo. Juntando, dá um cérebro normal”, ri Marcia. “Nós somos três pessoas completamente diferentes. Mas somos complementares. Ao longo dos anos, vejo o tanto que a gente transforma um ao outro. Nossa conexão é muito poderosa”, completa Júlia.
Entre 2018 e 2019, os três ficaram estudando o mercado para desenvolver a primeira fórmula da Sallve: o antioxidante hidratante. Nesse meio tempo, começaram a usar a influência da Júlia para ativar blogueiras brasileiras. Precisavam preparar o terreno para lançar o produto.
No dia do lançamento, o inesperado: um sucesso estrondoso. 30 mil pessoas seguiram o perfil da Sallve no Instagram em uma hora e meia.
Hoje, com produtos de alta qualidade, com fórmulas seguras, preços justos e co-criadas com consumidores, a Sallve simplifica a rotina de cuidados com a pele e democratiza o acesso ao consumo e informação sobre beleza.
“Nós conseguimos transformar a Sallve numa bolha de pessoas incríveis e que se complementam. Nosso time é formado por tanta gente boa, diversa, vinda de lugares diferentes, que é fácil lidar com os desafios, errar e aprender rápido”, Júlia.
#seje
A representatividade sempre foi muito verdadeira dentro da Sallve.
O Daniel, a Márcia e a Júlia sabem da responsabilidade que têm como cidadãs e cidadão do país. Por isso, desde o começo a contratação de pessoas se baseava na proporção do Brasil.
Se mais de 50% do país é composto por pessoas negras, assim será na Sallve. Se mulheres correspondem a mais de 50%, assim será na Sallve.
“Um dos nossos valores é #seje, errado mesmo, em que garantimos que criamos um espaço seguro para que as pessoas sejam elas mesmas aqui dentro. Eu tenho cabelo cacheado e só consegui assumir por completo na Sallve, depois de décadas alisando meu cabelo”, compartilha Márcia.
Aumentando a régua de ambição
Com a Sallve, Daniel, Júlia e Márcia estão escrevendo uma nova história no empreendedorismo do Brasil.
São exemplos de que é possível criar grandes negócios e provocar uma revolução no país vindo de lugares não convencionais. Exemplos para uma nova geração de jornalistas, publicitárias, advogados, ourives e administradores. Exemplos de como mudanças podem ser feitas só de ouvir as pessoas. Exemplos de uma revolução feita com rebeldia, coragem, estudo e mão na massa.
“O que mais me brilha o olho na Endeavor são as pessoas. Essa troca de conhecimento. Esse grupo de pessoas rebeldes trabalhando pelo mesmo propósito de transformar o país”, Júlia.
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