*Por Carlos Perobelli
No mercado da tecnologia, colaboradores com 50 anos ou mais frequentemente saem em desvantagem na hora do processo seletivo. Com o avanço da expectativa de vida, porém, a tendência é que o cenário mude drasticamente nos próximos anos. Dados do IBGE indicam que, em 2030, o número de pessoas acima dos 60 anos no Brasil superará o percentual de jovens no país. Conscientes desta mudança, empresas de todos as áreas devem buscar se adaptar à nova realidade do mercado de trabalho, e colaboradores mais experientes tendem a ganhar espaço também na área de tecnologia.
Grandes empresas de tecnologia como Intel, Accenture e TOTVS já promovem programas focados na diversidade geracional. Levantamento do Ministério do Trabalho mostra que enquanto em 2006 os profissionais 50+ representavam 12,6% dos postos ocupados, em 2020 esse índice subiu para 19%. Com a crescente oferta de profissionais nessa faixa de idade, empresas de tecnologia abriram seus olhos para colaboradores experientes em cargos estratégicos, oferecendo, inclusive, cursos de capacitação para esses profissionais.
Colaboradores 50+ podem representar vantagens para empresas
Existem inúmeras vantagens na contratação de profissionais dessa faixa de idade. Pesquisa da Deloitte, revela que 80% dos empregadores americanos consideram esses colaboradores valiosos, especialmente em funções de mentoria e treinamento de colegas mais jovens. Além da contribuição direta ao desempenho da empresa, a contratação de colaboradores 50+ pode ajudar a melhorar a imagem da organização, demonstrando um compromisso com a diversidade e a inclusão.
Assim, as empresas que valorizam a experiência dos colaboradores se destacam não apenas na atração de talentos, mas também na retenção de clientes, que preferem associar-se a marcas que representam valores de inclusão e respeito.
Os colaboradores com mais de 50 anos tendem a ser mais envolvidos com o trabalho do que os mais jovens. Cerca de 65% dos trabalhadores com mais de 55 anos são considerados altamente engajados, nível superior ao de seus colegas mais jovens, que apresentam índices de engajamento de 58% a 60%, segundo a Associação Americana de Aposentados. A experiência proporciona um entendimento mais profundo dos processos e da cultura organizacional e, com soft skills mais desenvolvidos, esses profissionais resolvem problemas complexos, utilizando uma combinação de conhecimento técnico e visão crítica.
Muitos colaboradores nesta faixa etária estão em busca de um propósito em suas funções, o que frequentemente se traduz em maior comprometimento e motivação. Essa busca por relevância no trabalho impulsiona a produtividade e o engajamento, resultando em um ambiente de trabalho mais colaborativo.
Além da experiência, os colaboradores trazem um conjunto de habilidades que impactam diretamente o sucesso das organizações. Aos poucos, empresas de tecnologia com uma visão de mercado mais ampla já reconhecem e combatem os preconceitos relacionados à idade. Afinal, a inovação tende a acontecer quando mais vozes são ouvidas.
*Carlos Perobelli é CEO da Nexmuv e idealizador do The Garage
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