
O conceito de crescimento profissional está passando por transformações significativas. O modelo tradicional, que associa a ascensão na carreira à gestão, já não atende às aspirações de grande parte da nova geração de trabalhadores. Pesquisas recentes apontam que menos de 2% dos profissionais nascidos entre 1997 e 2012 têm interesse em ocupar cargos de liderança, enquanto 62% preferem permanecer em seus cargos atuais sem avançar para posições gerenciais.
Diante desse cenário, diversas empresas estão adotando estruturas mais flexíveis para atender diferentes perfis. Um exemplo dessa tendência é a Logcomex, empresa de tecnologia para comércio exterior, que há um ano implementou o Plano de Carreira em Y. O modelo permite que os colaboradores escolham entre dois caminhos: a trilha de gestão, voltada ao desenvolvimento de líderes, e a trilha de especialista, focada na excelência técnica.
Essa abordagem amplia as possibilidades de crescimento, garantindo que profissionais que não desejam assumir cargos de chefia possam continuar evoluindo em suas áreas de especialidade. Ao mesmo tempo, aqueles que têm perfil para liderança encontram um caminho estruturado para desenvolver suas habilidades.
Segundo Aline Nesi, Head de People da Logcomex, os critérios de avaliação dos funcionários envolvem desenvolvimento técnico, comportamental, inovação e colaboração em ambas as trilhas. Ela destaca que o engajamento dos talentos aumentou com a valorização das diferentes trajetórias, uma vez que o reconhecimento ocorre com base na competência e não apenas na ascensão hierárquica.
“Nosso objetivo é oferecer clareza sobre as oportunidades dentro da empresa, para que cada colaborador encontre um caminho alinhado ao seu perfil e suas ambições. O importante é se desenvolver sem abrir mão das próprias vocações”, afirma Aline.
Diferentes trajetórias, um mesmo objetivo
A história de Diego Sandeski, colaborador da Logcomex há cinco anos, ilustra a flexibilidade do modelo. Ele iniciou sua trajetória na área de inteligência de mercado, mas percebeu que poderia contribuir de forma mais estratégica no setor de pré-vendas. Em vez de migrar para um cargo de gestão, aprofundou-se tecnicamente e tornou-se especialista.
“Percebi que muitas oportunidades de negócios eram perdidas por falta de uma análise adequada. Ao investir no meu desenvolvimento técnico, consegui conectar áreas diferentes e melhorar os resultados”, explica Diego. “O sucesso não está restrito à gestão. Quem se aprofunda tecnicamente também pode alcançar posições estratégicas e gerar impacto na empresa”, acrescenta.
Já Ana Farias, coordenadora de Suporte da Logcomex, trilhou um caminho diferente. Ela iniciou sua carreira com foco na parte técnica do comércio exterior, mas, ao longo do tempo, descobriu sua vocação para liderança. “Sempre gostei de ajudar colegas, organizar processos e enxergar o todo. Aos poucos, fui assumindo mais responsabilidades e percebi que liderar fazia sentido para mim”, conta Ana.
Para ela, o modelo de carreira em Y é essencial para oferecer possibilidades reais de crescimento a todos os perfis. “Nem todo profissional quer ser gestor, e está tudo bem. O importante é que cada um tenha autonomia para decidir qual caminho seguir”, afirma.
A mudança no modelo de carreira reflete um cenário mais amplo do mercado de trabalho. Com novas gerações priorizando autonomia e desenvolvimento técnico, as empresas que oferecem opções flexíveis saem na frente na atração e retenção de talentos.
O crescimento profissional, antes atrelado exclusivamente à gestão, agora se desdobra em diferentes possibilidades. A carreira em Y surge como uma alternativa que atende às necessidades de empresas e profissionais, permitindo um desenvolvimento alinhado às habilidades e preferências individuais. Com esse modelo, os caminhos podem ser distintos, mas o objetivo continua sendo o mesmo: a evolução profissional.
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