
*Por Paulo Porto
O ecossistema de inovação foi, por anos, dominado por uma única lógica: a do capital. Sob a liderança do Venture Capital, boas ideias recebiam cheques vultosos, um assento no conselho e a bênção para escalar. O modelo funcionou, mas à medida que o mercado amadurece, uma pergunta se torna inevitável: basta o dinheiro para transformar uma ideia em um negócio sólido? A resposta, cada vez mais, parece ser não.
A tese central do Venture Capital é a diversificação. O investidor aposta em um portfólio amplo, ciente de que a maioria das startups falham, algumas terão um desempenho mediano e uma minoria trará os retornos exponenciais que justificam todo o risco. Nesse modelo, o VC é um patrocinador, um conselheiro estratégico, mas raramente um operador. Ele analisa planilhas, monitora KPIs e abre portas, mas não desce para a trincheira da execução.
É aqui que surge um modelo diferente, não como um concorrente, mas como uma filosofia distinta: o Venture Builder. A premissa é simples e demolidora: o maior risco de uma startup não é a falta de capital, mas a fragilidade da execução. Por isso, em vez de apenas injetar dinheiro, os builders arregaçam as mangas e constroem o negócio lado a lado com os fundadores.
Enquanto o Venture Capital é mais passivo escolhe as melhores apostas, mas não opera o jogo, os Venture Builders são, por definição, *hands-on*. Eles atuam como co-fundadores, trazendo expertise em produto, tecnologia, finanças e marketing para dentro de casa. Não se trata de dar conselhos; trata-se de definir a estratégia de go-to-market, de construir o modelo financeiro ou de liderar o desenvolvimento da primeira versão do produto.
Essa imersão operacional cria um alinhamento de interesses muito mais profundo. O sucesso do builder não depende de um acerto estatístico em um portfólio vasto, mas do sucesso real e tangível de poucas empresas nas quais ele é parte integral da gestão. Isso resulta em um melhor alinhamento e, potencialmente, em maiores retornos, pois o capital humano e estratégico é aplicado diretamente onde o valor é criado: na operação. A governança muda: de uma relação entre investidor e investida para uma parceria entre construtores.
Enquanto o Venture Capital tradicional influencia o futuro, os builders estão escrevendo esse futuro com as próprias mãos. Eles não apenas apostam em boas ideias: eles as moldam, testam, reformulam. O dinheiro do futuro não está mais nas mãos de quem investe bem. Está nas mãos de quem constrói melhor.
*Paulo Porto é Diretor Financeiro da Zavii Venture Builder
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