A Nestlé, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, anunciou recentemente um investimento de R$ 6 bilhões para impulsionar o crescimento dos negócios, novas tecnologias na indústria e iniciativas de sustentabilidade. A empresa já vem investindo em inovações tanto na produção quanto na ampliação das linhas de produtos. Em 2024, a Nestlé planeja inaugurar um Centro de Manufatura Aditiva (CMA) na fábrica de Araras, em parceria com startups para reduzir custos na produção de peças e na reposição de partes danificadas de máquinas de café devolvidas pelos consumidores.

Gustavo Moura, Gerente de Automação e Transformação Digital da Nestlé Brasil, revelou que esta é uma área da empresa que cresce expressivamente e a ideia da construção do CMA em São Paulo, é fornecer insumos para fábricas de todo o país. “Teremos um espaço dedicado para isso, é um centro em que teremos pessoas trabalhando no desenho de peças e otimização de engenharia, para alimentarmos todas as 14 fábricas do Brasil com reposição de peças”, explica o executivo, acrescentando que o desenvolvimento do catálogo de peças já está acelerado: “Hoje, o nosso catálogo já tem mais de 300 peças de peças de impressão”.

A colaboração da Nestlé com startups começou em 2020, com a inauguração do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, um ecossistema com mais de 300 empresas e startups, além de cinco universidades. Moura explicou que a parceria com essas empresas é flexível e adaptada à realidade de cada companhia.

“Às vezes vão ser duas ou três pessoas que fazem tudo em uma empresa, então para a gente ter uma relação fácil e rápida, com a agilidade que as startups precisam, a gente desenhou uma política específica de compras e uma política específica com jurídico”, afirma o gerente.

Centro de Inovação e Tecnologia ajuda na produtividade

O CIT já realizou 580 conexões com startups focadas em soluções para a indústria e desenvolveu 80 projetos e pesquisas por meio dessas parcerias. O local tem contribuído significativamente para a exploração, desenvolvimento e testes de tecnologias disruptivas, acelerando a evolução tecnológica da empresa através de projetos de Inovação Aberta.

O aporte bilionário também beneficiará o CIT, especialmente em projetos prioritários como transformação digital e indústria 4.0, com foco na adoção de robôs e tecnologias que aumentem a eficiência e produtividade das atividades da marca. Moura afirma que, desde 2019, quando começaram as atividades de transformação tecnológica, as paradas não planejadas diminuíram e a produtividade da produção aumentou.

“Desde 2019, as paradas não planejadas reduziram em 30%, e em aumento de produtividade das fábricas, por exemplo em Caçapava, eu sei que foi mais de 20% de produtividade. Também tem a questão de conectividade, de lá para cá, a gente já está com mais de 90% das nossas linhas conectadas”, afirma o executivo.

Relacionamento da Nestlé com startups

Nos últimos três anos, várias tecnologias foram exploradas em diversos casos de uso na manufatura da marca suíça, como Inteligência Artificial, sistemas de visão computacional, robôs autônomos e sensores IoT. Atualmente, 12 projetos validados pelo CIT estão em fase de industrialização, contribuindo para a otimização dos processos fabris.

Para Gustavo, o mais importante para manter a relação com empresas parceiras é um processo adaptável, ágil e benéfico para ambas as partes, ajustando termos de investimentos e desenvolvimento de projetos conforme necessário. “Cada caso é único. Em alguns, financiamos toda a pesquisa em troca de parte da propriedade intelectual. Em outros, nos tornamos consumidores exclusivos do produto pelos primeiros três anos. A relação precisa ser vantajosa para os dois lados”.

Parceria com healthtech para melhorar o KitKat

Um dos projetos da marca com startups foi a fim de melhorar a fabricação do KitKat. Moura explica que havia um problema na máquina que fazia a montagem do chocolate, que por vezes, chegava ao consumidor sem o wafer em seu interior.

Para solucionar este defeito, a empresa trabalhou com uma healthtech que desenvolveu uma máquina capaz de escanear o corpo humano e detectar tumores. O maquinário foi adaptado para ser usado na fábrica da Nestlé em Caçapava. No fim do ano passado o equipamento foi instalado na linha de produção do KitKat. A máquina da Astro 34 consegue enxergar a parte interna do chocolate e conferir se todas as camadas estão posicionadas corretamente dentro do produto.

“Em menos de um ano já tínhamos desenvolvido uma máquina a porte industrial e hoje ela está funcionando em uma das linhas de Kit Kat. A segunda máquina fica pronta em novembro ou dezembro desse ano. Nós também compartilhamos com o Centro de Tecnologia de York, que é o que dá faz essa parte de desenvolvimento tudo para todas as fábricas de chocolate na Nestlé no mundo e isso aqui é o tipo de tecnologia que agora vai passar a ser adotado pelas fábricas de Kit Kat no mundo” conta Moura.

Marca vai investir R$ 1 bilhão em cafés no Brasil

A companhia informou em maio deste ano, que vai investir R$ 1 bilhão no segmento de café no Brasil até 2026. O valor terá como principal destino a ampliação de novas tecnologias de produção e o crescimento das máquinas food service multinacionais, da Nestlé Professionals.

Os investimentos na área de produção incluem flexibilização de linhas para fabricar de diferentes tipos de produtos, aromas e novos sabores, além de iniciativas voltadas para a sustentabilidade.

As vendas globais da Nestlé somaram 22,1 bilhões de francos suíços, ou pouco mais de US$ 24 bilhões, no primeiro trimestre deste ano, com queda de 5,9% ante o mesmo período de 2023.


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