
A Figma, desenvolvedora de software de design, divulgou publicamente suas informações financeiras em um documento S-1 na última terça-feira. A ação aproxima a companhia de uma oferta pública inicial (IPO) significativa no mercado de capitais. Embora o documento inicial não detalhe o número de ações a serem oferecidas ou o preço por papel, o registro regulatório proporciona uma visão clara da saúde financeira da empresa e de seu potencial de mercado.
Especialistas em IPO da Renaissance Capital estimam que a Figma poderia arrecadar até US$ 1.5 bilhão nesta oferta. Caso atinja ou supere esse valor, o IPO da Figma igualaria ou excederia a captação da CoreWeave, que levantou US$ 1.5 bilhão e representa a maior oferta de tecnologia de 2025 até o momento.
Há fatores que indicam a capacidade da Figma de concretizar essa captação. Os dados financeiros da companhia, conforme o documento S-1, demonstram um desempenho sólido. A Figma registrou uma receita de US$ 749 milhões em 2024, um aumento de 48% em relação a 2023. O crescimento da receita prosseguiu no primeiro trimestre de 2025, com uma expansão de 46% ano a ano. A empresa reportou uma receita acumulada de 12 meses de US$ 821 milhões, com uma margem bruta de 91%.
O cenário de lucratividade da empresa também apresenta aspectos notáveis. A companhia obteve lucro em 2023, mas posteriormente registrou uma perda de US$ 732 milhões em 2023. Essa perda foi atribuída, em grande parte, a despesas pontuais relacionadas a um evento de compensação de ações para funcionários. A Figma emitiu 10.5 milhões de opções de ações, com um preço de exercício de US$ 8.50 por ação, para colaboradores elegíveis. No quarto trimestre de 2024, a Figma voltou a reportar lucros, mantendo essa tendência no primeiro trimestre de 2025.
A Figma calculou sua dívida total como insignificante, reportando não possuir débitos. No entanto, essa é uma linha que requer preenchimento futuro. A companhia, naturalmente, possui uma linha de crédito rotativo e reservou espaço para atualizar sua dívida total em associação com esse instrumento.
Informações sobre a venda de ações por executivos ou investidores de capital de risco ainda não foram divulgadas. Entre os principais investidores da empresa estão Index, Greylock, Kleiner Perkins e Sequoia. Em 2024, executivos participaram de uma oferta pública que permitiu a funcionários resgatar ações. Por exemplo, Dylan Field, cofundador, CEO e presidente da Figma, resgatou US$ 20 milhões em ações como parte dessa venda.
O documento S-1 também revelou uma informação sobre o cofundador Evan Wallace, que deixou a Figma em 2021. Wallace é nomeado nos documentos como cofundador. Contudo, a Figma informa que Wallace concedeu a Field plenos direitos de voto e controle sobre suas ações. O fundo familiar de Wallace detém cerca de um terço das ações Classe B com direitos de supervoto (15 votos por ação, segundo a Figma). No total, o S-1 indica que Field, antes do IPO, controla aproximadamente 75% dos direitos de voto.
As demonstrações financeiras da Figma se assemelham ao perfil de empresas que geralmente atraem investidores de Wall Street e do varejo. Um ponto de atenção, contudo, reside na ascensão de aplicativos de design e codificação baseados em inteligência artificial. Novas empresas como a Lovable estão direcionando seus esforços para o mercado da Figma e registram crescimento. A Figma, por sua vez, também possui sua própria linha de produtos de IA.
A Figma reconhece no documento S-1 os riscos de não se destacar em uma indústria de IA competitiva. A companhia afirma que, embora tenha feito e planeje continuar fazendo investimentos significativos para integrar IA, incluindo IA generativa, em sua plataforma, as tecnologias de IA evoluem rapidamente. Não há garantia de que seus produtos permanecerão competitivos à medida que novas tecnologias de IA forem desenvolvidas, adotadas e integradas em soluções de software.
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