
Com 4,4 mil startups mapeadas, o Nordeste reforça seu papel no cenário de inovação brasileiro. Em Teresina, cidade com o segundo maior número de startups da região, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) promoveu recentemente o NEON 2025, maior evento de empreendedorismo nordestino, para impulsionar a presença dessas empresas no mercado nacional e internacional por meio de rodadas de negócios, mentorias e conexões com investidores.
“Nós não podemos imaginar um mundo ou uma economia feita sem o processo de inclusão digital. Não existe, também, por outro lado, um mundo que não seja sustentável”, afirma Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional.
Startups de TI, saúde e bem estar, e educação dominam o Nordeste
O Observatório Sebrae Startups, iniciativa que mapeia o perfil destas empresas em todo o Brasil, revelou que das 4,4 mil companhias presentes na região, 618 atuam com Tecnologia da Informação, 591 com saúde e bem estar e 524 com educação. O quarto setor com mais empresas é o de agronegócio.
O ecossistema de startups nordestinas tem crescido nos últimos anos, e registrou mais de mil empresas criadas no ano passado. Com a recente ascensão, 38,59% das companhias estão em fase de validação de produto (MVP) e apenas 1,64% já alcançou maturidade o suficiente para começar a escalar. Além disso, mais de 63% dessas companhias ainda não estão faturando.
Para Paulo Renato, gerente de inovação do Sebrae Nacional, o crescimento desacelerado das empresas nordestinas resulta da falta de estruturação do ecossistema. “Quando nós fazemos um diagnóstico do ecossistema de grande parte das cidades do Nordeste, vemos dois pontos que são fundamentais para o desenvolvimento de startups com uma pontuação muito baixa: capital, obviamente, capital de risco e Venture Capital, e infraestruturas propícias à inovação, que são incubadoras, aceleradoras, fab labs e coworkings. O que falta é adensar o ecossistema com esses parceiros”, explica.
Fundo FIP Nordeste Capital Semente começa a investir em empresas nordestinas
Com o objetivo de fortalecer essas frentes, o Sebrae, o Banco do Nordeste do Brasil (BNP) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), se juntaram para criar o FIP Nordeste Capital Semente, com meta de captação de R$ 150 milhões, o fundo inicia sua atuação com R$ 120 milhões garantidos, com R$ 40 milhões de cada entidade formadora. O restante deverá ser captado no mercado entre novos cotistas. Há, ainda, recursos aplicados pelo consórcio formado pelas gestoras Triaxis Capital e Crescera Capital, vencedores de uma chamada pública para gerir o Fundo.
Haim Mendel, founding partner da Triaxis, explica que o Capital Semente focará na região e no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, áreas nas quais o BNB pode atuar. Eles devem manter prospecção ativa em eventos e encontros na região, buscando companhias com algum faturamento, follow-on robusto, capacidade de vendas e acesso ao mercado, com limite de faturamento de R$ 4,8 milhões, e, apesar de agnóstico, o fundo deve valorizar startups que atuam em áreas de interesse e afinidade da gestora.
“Cada gestora tem suas preferências, então, temos algumas predileções, por exemplo, startups B2B, fintechs, cyber, Inteligência Artificial. A gente vai buscar um foco maior nesse perfil de empresas”, explica Mendel.
Os primeiros investimentos serão realizados via mútuo conversível, ou seja, um empréstimo que pode ser convertido em ações ou quotas da empresa, com tickets de até R$ 1 milhão por startup. Em uma segunda rodada, empresas que demonstrarem performance e tração poderão receber aportes de até R$ 6 milhões, por meio de subscrição de ações e transformação em sociedades anônimas de capital fechado.
Para Renato, a criação de medidas de fomento para o ecossistema nordestino de startups evita um movimento de migração de talentos. “Tivemos um primeiro êxodo no Nordeste, lá nos anos 50, 60, 70, dos retirantes, e agora tem um êxito de inteligência. Por isso, a importância desse trabalho de manter as empresas aqui e criar o ecossistema. O que conseguimos fazer é organizar dados, dar visibilidade e trabalhar em conjunto com esses fundadores e startups da região”.
A repórter esteve presente no NEON 2025 a convite do Sebrae.
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