Renato Almeida dos Santos formado em Direito, MBA em Gestão de Pessoas, Mestre e Doutor em Administração pela PUC-SP. Foi executivo da área de Compliance e Prevenção a Fraudes Organizacionais em consultoria internacional de Gestão de Riscos por 12 anos. Ministrou diversos cursos e palestras no Brasil e Exterior (China). Anteriormente, trabalhou no Ministério da Defesa, como Oficial do Exército Brasileiro e na Duratex S/A, na área de Recursos Humanos. Docente de Pós-Graduação e Graduação na FECAP, FEI e SENAC. Coordenador do MBA de Gestão de Riscos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios. Premiado pela CGU e Instituto Ethos e autor do livro “Compliance Mitigando Fraudes Corporativas”.
Esse conteúdo faz parte de uma parceria entre a Endeavor e a S2 Consultoria para tirar as dúvidas sobre questões éticas, processos demissionais e downsizing e ajudar os empreendedores a navegarem pela crise.
“Vejo que fomos capazes de manter a continuidade da cultura empresarial e nossos melhores funcionários porque nas demissões coletivas, dispensamos as pessoas do jeito certo”.
Ben Horowitz
Um dos compromissos mais importantes dos empreendedores com o Brasil é a geração de empregos de qualidade. No entanto, aconteceu uma crise que não pôde ser prevista e não tem precedentes. Neste cenário de redução brusca de receitas, dificuldades de acesso a capital e incerteza em relação ao futuro, empreendedores se viram forçados a lançar mão de um recurso extremo para salvar o negócio e os demais empregos: desligar uma parte do seu time dos sonhos.
Demitir deve ser a última opção. E, quando for realmente necessário, o processo de downsizing deve ser conduzido em conformidade com a lei e do modo mais humanizado e respeitoso. Além disso, as lideranças podem e devem ter um papel decisivo na recolocação desses profissionais.
Continue lendo para entender como fazer o desligamento da forma mais cuidadosa e resoluta.
O processo de downsizing
Quando o processo de downsizing for necessário, será preciso fazer um planejamento estratégico, já que causa efeitos tanto nas pessoas desligadas quanto nas equipes, departamentos e na empresa como um todo. Sendo assim, tenha etapas e atividades bem definidas, uma vez que reflete na cultura e na forma que a empresa se posiciona no mercado.
É importante planejar o corte na medida correta. Fazer duas demissões seguidas é o pior cenário. Por isso, tenha certeza que você fazendo isso agora para não precisar repetir a experiência.
Como estruturar o downsizing?
As etapas do processo de desligamento devem ser estruturadas de modo que a empresa minimize riscos de processos judiciais, forneça a orientação necessária para o colaborador e colha feedbacks para melhorar as práticas internas. A seguir, listamos boas práticas para alcançar esses objetivos.
Tenha procedimentos pré-estabelecidos
É necessário que toda empresa tenha uma política para demissões, elencando os procedimentos e quais atitudes devem ser tomadas. Além disso, as lideranças precisam estar alinhadas para agir de forma empática e humana e evitar constrangimento e/ou qualquer tipo de desconforto para o funcionário.
Lembre-se que é um momento delicado para as pessoas, então, procure fazer de forma transparente e consistente, comunicando com clareza a estratégia e premissas que guiaram a decisão de desligamento em massa. O ideal é que o anúncio seja feito de uma vez só, ao mesmo tempo, uma vez que chamar um por um passa um sentimento de incerteza negativo para a empresa. Porém, o líder precisa se disponibilizar a falar com todos individualmente em seguida.
Faça uma entrevista demissional bem conduzida
A entrevista demissional tem de ser voluntária e deve ser aplicada tanto em quem pede demissão como em quem é demitido.
No processo, é preciso ser imparcial e deixar o profissional à vontade para fazer todas as suas pontuações. Além de ser algo relevante para a organização, que pode acolher dúvidas e contribuir para futuras melhorias, também é um momento em que a pessoa pode se expressar livremente e deixar sua opinião sobre o local e as pessoas com quem trabalhou.
Para a área de compliance, a entrevista demissional pode ser vista também como um importante canal de mapeamento de falta de compliance.
Aplique a entrevista no momento certo
Não se deve aplicar a entrevista imediatamente, uma vez que o processo de demissão é emocionalmente desgastante. É importante que a empresa dê um tempo para a “maturação” da nova situação.
Existe a possibilidade de tornar a entrevista demissional mais ágil é aplicá-la através de um sistema online, em que o profissional pode responder as questões com calma, em um ambiente tranquilo e sem se sentir pressionado. Se quiser conhecer o procedimento online, oferecemos um teste gratuito disponível. Vale a pena consultar para tirar as dúvidas e ver como funciona na prática.
Tenha uma comunicação clara em todo o processo de downsizing
Ao finalizar todos os procedimentos formais, cabe ao RH informar os próximos passos e deixar claro quais são os prazos e locais para realizar exame demissional, todos os documentos que precisam ser entregues e, até mesmo, o que precisa fazer para dar entrada no seguro desemprego, quando tiver direito.
Os documentos necessários são:
- termos de rescisão do contrato de trabalho;
- recibos de entrega de documentos;
- folhas de exame demissional;
- formulários de entrevista ou pesquisa de desligamento.
Na maioria das organizações, o procedimento é realizado via e-Social. Assim, não se esqueça de dar baixa tanto nos sistemas internos como na plataforma do governo.
Avalie o RH e o processo demissional
Como etapa final, é preciso avaliar como foi o processo, fazer um levantamento de lições aprendidas e quais são os pontos de melhoria. Dessa forma, veja o que pode ser mudado para tornar as etapas mais efetivas, como orientações para os líderes e colaboradores envolvidos.
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