Projeto arquitetônico poderá receber até 7 mil visitantes e terá uma réplica da casa onde morou a ‘advogada das causas perdidas’
A cidade mineira de Cássia, localizada no sudoeste do estado, há 392 km de Belo Horizonte, vai sediar o maior santuário do mundo dedicado a Santa Rita de Cássia, conhecida como ‘santa das causas impossíveis’. O local terá capacidade para receber até 7 mil visitantes e uma infraestrutura que inclui estacionamento, restaurante, centro comercial e até uma réplica da casa onde morou a religiosa italiana.
O nome do município mineiro, onde está sendo construído o santuário, é inspirado em Cascia, cidade da Itália, na província de Perugia, onde viveu a santa. Com quase 18 mil habitantes, Cássia atrai, todos os anos, multidões de romeiros na tradicional festa da padroeira, realizada no dia 22 de maio. A construção do santuário fortalece ainda mais a fé e a devoção à ‘santa das causas impossíveis’.
“Esperamos que este seja um grande centro de evangelização e acolhimento, um estímulo à fé e à vida cristã. Um lugar onde a palavra de Deus seja proclamada e seus sacramentos oferecidos e celebrados. Mais do que isso, um espaço que as pessoas possam manifestar o seu amor pela vida e dar o seu verdadeiro testemunho cristão”, explica o bispo diocesano de Guaxupé, Dom José Lanza Neto.
A fé somada a uma localização estratégica e uma vista privilegiada da natureza, – principalmente pela proximidade com o Lago de Furnas, em Capitólio – torna cada vez mais evidente a vocação do município de Cássia para o turismo religioso. “O novo santuário trará para a cidade novas possibilidades com o aumento do fluxo turístico estimulado pela fé e pelos atrativos naturais já explorados pela região. Uma grande oportunidade para a criação de novos empreendimentos e o desenvolvimento de pequenos negócios já consolidados. O resultado esperado será a ampliação da oferta de hospedagem, alimentação e serviços de receptivos, gerando mais empregos e renda para o destino e seu entorno”, explica o presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles.
Grandiosidade e originalidade
A obra arquitetônica em Cássia – projetada pelos arquitetos Adriano Dias Agushi e Tiago Castro – é inspirada em outros imponentes santuários, como: Aparecida, no interior de São Paulo, em Fátima, em Portugal e no próprio Mosteiro de Santa Rita, na Itália. “O novo santuário é um projeto grandioso pensado para dar mais acessibilidade, conforto e segurança aos visitantes, não ficando para trás de nenhum outro centro religioso. Desde o início da construção já foram gastos: 4 mil m³ de concreto, 500 mil tijolos, 25 mil sacos de cimento, 2 mil toneladas de pedras e 500 toneladas de areia”, destaca Gustavo Bormann, engenheiro responsável pela obra.
A construção do novo santuário, que teve início em agosto de 2018, inclui uma igreja principal com 40 mil m², que vai acomodar 5 mil pessoas sentadas e outras 2 mil em pé. Nas fachadas detalhes neoclássicos que interagem com o modernismo. No ambiente interno, grandes vãos projetados para facilitar a circulação de um maior número de visitantes. Já na decoração, grandes pinturas litúrgicas do artista sacro Romolo Picoli, que retratam a vida de Santa Rita de Cássia e Jesus Cristo. Além disso, vitrais coloridos e um grande altar inspirado nos templos antigos.
“Nos atemos aos mínimos detalhes. Inclusive construímos duas escadas que vão captar até 60 mil m² de água da chuva. Além disso, o telhado é feito com telhas termoacústicas, produzidas com material não tóxico, que garante maior segurança para os visitantes”, afirma o engenheiro.
Além da igreja principal, estão previstos ainda anexos com sanitários, vestiários, fraldários, velário, a Casa dos Padres, e um centro comercial, com espaço para 48 lojas de refeições rápidas e artigos religiosos. Haverá também um estacionamento para mais de mil veículos e 200 ônibus, além de um heliponto, com capacidade para três aeronaves.
O local conta ainda, com uma réplica da casa de Santa Rita de Cássia, com todos os detalhes, desde a mobília e objetos decorativos feitos com ferro ao acabamento das paredes com pedra, madeira e tijolo branco. Uma verdadeira cópia das toscanas, remetendo a história da passagem da santa ao mosteiro na Itália.
Já na área externa do santuário, um paisagismo com plantas nativas da época e ainda uma grande videira. Além disso, será construído um grande canteiro de rosas, já que também é conhecida como ‘santa das rosas”.
Santa do impossível
Santa Rita de Cássia nasceu em 1381, na cidade de Roccaporena, na Itália. Apesar de ser uma pessoa de muita fé, Santa Rita foi casada com um homem violento com quem teve dois filhos. Após a morte do marido, vítima de assassinato, seus filhos desejaram vingar-se de sua morte, mas Rita disse que preferiria ver seus filhos mortos ao ver “o derramar de mais sangue”.
Viúva e sem os filhos, manifesta a vontade de ingressar no mosteiro das irmãs Agostinianas, porém, não foi aceita por já ter sido casada. Refugiada na casa dos sogros, começou a cuidar de doentes de lepra e a curar enfermos.
Ainda segundo a história, em uma noite, que Santa Rita dormia, ouviu um chamado de Santo Agostinho, São Nicolau e São João Batista, que a colocaram dentro do mosteiro e por onde viveu 40 anos.
Como castigo de uma das freiras, por implicância ao seu passado, Santa Rita tinha a tarefa de regar diariamente uma roseira seca. Já no leito de morte, ela pediu que fosse colhida uma rosa no canteiro e para surpresa de todos, no galho seco e tomado pela neve, havia uma linda rosa vermelha. Foi assim que também ficou conhecida como a ‘santa das rosas’. Morreu no dia 22 de maio de 1457, na época, algumas freiras afirmaram que sentiram um perfume suave de rosas por todo o mosteiro.
Foi beatificada 453 anos após a sua morte. Apesar de ser italiana, a santa ganhou vários devotos no Brasil, incluindo personalidades como o autor Manoel Carlos e o humorista Jô Soares.
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