O número de ambientes de inovação no Paraná cresceu cerca de 300% nos últimos três anos, de acordo com levantamento do Sebrae/PR. A quantidade de espaços de inovação acompanhados pela instituição passou de aproximadamente 25, em 2018, para mais de 100, neste início de 2021. Entre eles estão incubadoras, aceleradoras, hubs, parques tecnológicos, centros de pesquisa e desenvolvimento, bem como coworkings.
Ambientes de inovação são organismos dentro dos ecossistemas que acolhem e dão suporte aos empreendedores iniciantes, atraem e retêm mão de obra qualificada, aumentam as chances de sucesso de empresas que estão surgindo, contribuem para a geração de emprego e renda e ajudam a dar vazão aos projetos das instituições de ensino.
“Vivemos um movimento que fortalece a inovação como ferramenta de desenvolvimento na capital e no interior do Paraná. Esse avanço significativo ocorre pelo crescente número de instituições e empresas privadas e públicas, que acreditam na inovação como agregador de valor e gerador de oportunidades”, pondera o diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini.
Um dos pontos que favoreceram esse crescimento foi o Programa Habitats PR de Inovação. O programa ajuda a organizar os ecossistemas, envolvendo iniciativas que favorecem o intercâmbio de conhecimento e práticas produtivas entre empresas, universidades, instituições, incubadoras e governos. O trabalho tem foco na geração de negócios e a promoção do desenvolvimento regional, a partir dos ativos de inovação e setor produtivo.
No ano passado, 23 espaços de inovação participaram do programa. No ciclo 2021, lançado agora, em maio, o número de habitats participantes ultrapassou os 40. Eles passarão por workshops, mentorias e terão apoio para elaborar um plano de ação. Serão mais de 100 pessoas qualificadas para atuar neste movimento.
Com o programa, o Sebrae/PR identifica e aponta para ambientes de inovação que podem ajudar a fortalecer e a alavancar os ecossistemas potenciais em cada região.
“Identificamos se há a necessidade de uma aceleradora de startups ou de um sistema que apoie empresas maiores, de acordo com o volume, densidade de inovação e outras características locais. A partir disto, ajudamos a instrumentalizar espaços existentes e auxiliamos a criação de novos”, explica Agostini.
O Sebrae/PR oferece ainda outras formas de apoio para os diferentes ambientes de inovação a exemplo do edital de Convênio com Incubadoras do Paraná para implantação do Modelo Cerne de Gestão; apoio à Rede Paranaense de Incubadoras e Aceleradoras (Reinova-PR); Oficinas e diagnósticos de modelagem de negócios para ambientes de inovação; apoio ao Sistema Paranaense de Parques Tecnológicos (Separtec).
Para conhecer a Comunidade Ambientes de Inovação, com conteúdos focados no desenvolvimento dessa temática, acesse: www.comunidadesebrae.com.br/inovacao.
Ambientes de inovação
Em Maringá, o Hub Connect Healthtech, criado em 2019, com apoio do Sebrae/PR, tem como propósito organizar o ecossistema da saúde, uma das verticais econômicas da região noroeste, para favorecer a inovação. Fazem parte da iniciativa clínicas, laboratórios, hospitais, universidades, operadores de saúde e entidades de classe e conselhos.
“São várias iniciativas independentes que queremos organizar com o hub. O objetivo no programa será criar um caminho para que todos se conversem e somem forças, com um planejamento estratégico comum. Esse é nosso maior desafio”, diz o presidente do hub e vice-presidente da Sociedade Médica de Maringá, Luiz Eduardo Amado.
Norte
Para tirar do papel um projeto para acelerar startups do setor eletrometalmecânico, o Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná (Sindimetal Norte PR) também se inscreveu no programa. O objetivo é obter o “know-how” necessário para coordenar a criação de uma aceleradora e estruturar espaço físico na própria sede, que fica no centro de Londrina.
O presidente do Sindimetal Norte PR, Marcus Vinícius Gimenes, diz que tem participado ativamente da governança do setor, o Inovemm, e percebeu a necessidade de acolher e aproximar startups das empresas. “Queremos ser facilitadores desse contato”, afirma. A ideia é que, nessa aproximação, os empreendedores entendam às necessidades das indústrias e possam desenvolver soluções a partir de demandas reais. Para Gimenes, a aceleradora vai diversificar o portfólio de serviços do sindicato e beneficiar os associados.
Centro
Em Ponta Grossa, a Prefeitura executa projetos de fomento à inovação. Um deles é o Voe, lançado em 2018, que é uma aceleradora de negócios voltada para micro e pequenas empresas, com foco no autoconhecimento, capacitação e inovação. Conforme a presidente da Agência de Fomento, Tônia Mansani, o programa de aceleração, que conta com diversas parcerias, já está na sexta turma. “O Voe é voltado para quem já tem uma empresa e pretende usar a inovação como um vetor para crescer. Os resultados refletem nas empresas participantes que mudam de enquadramento, passando de MEIs para micro ou pequenas empresas, por exemplo”, frisa.
Outra possibilidade é o programa de ideação Decola, que acontece em parceria com o Centro Europeu e com o Sebrae/PR e é voltado para quem ainda não possui um negócio em funcionamento, mas tem vontade de empreender ou para aqueles que desejam mudar ou implantar a inovação em sua empresa. “Tanto no Voe, quanto no Decola, já atendemos mais de 220 pessoas. Com isso, a Prefeitura de Ponta Grossa passa a ser uma executora da inovação, não apenas uma apoiadora”, comenta.
Além dos programas, a estimativa do Município é criar um ambiente físico de cocriação, no Centro de Cultura. Através de chamadas públicas, os participantes serão selecionados para potencializar novos negócios inovadores. “O governo municipal tem como política a inovação como vetor de desenvolvimento. Através do espaço de cocriação vamos tornar a inovação acessível a todos”, comemora.
Para não ser redundante nas ações e contribuir para que os projetos se complementem e não concorram entre si, a Prefeitura e o Sebrae/PR iniciaram, em abril passado, o mapeamento dos ambientes de inovação no Município. A estimativa é que o resultado seja divulgado ainda no mês de maio. Para Tônia, é fundamental conhecer de fato quais são os ativos existentes nas instituições de ensino e fazer a conexão com o mercado.
“O mapeamento vai mostrar quais pesquisas e projetos de inovação estão sendo trabalhados para que possamos conectar empreendedores e pesquisadores”, reforça.
Sul
Em Barracão, na fronteira do Paraná com a Argentina, há um movimento que reúne representantes dos setores público e privado para incentivar iniciativas inovadoras na região.
Uma das primeiras ações está na parceria entre o Sebrae/PR, o Campus Avançado do Instituto Federal do Paraná (IFPR), o Consórcio Intermunicipal da Fronteira (CIF), a governança do Comitê Territorial La Frontera, Associação Empresarial da Fronteira (Ascoagrin), Unetri Faculdades e outras instituições e entidades para criar um habitat de inovação.
A jornada para criar um habitat de inovação tem ainda outra iniciativa em estudo: a criação do Centro de Inovação e Empreendedorismo da Fronteira (CIEF), no campus do IFPR em Barracão.
“Estamos trabalhando para disponibilizar ambientes para empresas pré-incubadas e incubadas, para coworking, rodadas de negócios e espaços makers [cultura de aprender fazendo]. A intenção é dar suporte para pessoas da nossa região que têm ideias com potencial para inovação”, explica Joaquim José Honório de Lima, diretor geral do Campus Avançado Barracão do IFPR.
Além de contribuir para colocar em prática as ideias, o CIEF quer prestar serviços e apoiar as empresas já existentes. “Queremos criar um centro inovador e, também, empreendedor. As empresas da Fronteira que atuam em setores tradicionais da economia e que precisarem de suporte serão atendidas”, completa o diretor Joaquim.
Leste
O município de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, está em fase de implantação de um novo habitat para o desenvolvimento de soluções inovadoras. O trabalho desenvolvido pelo Sebrae/PR, Prefeitura de Araucária, FAE Centro Universitário, a empresa Novozymes, Associação das Empresas da Cidade Industrial de Araucária (Aeciar) e o Conselho de Desenvolvimento Econômico do Município de Araucária (AvançAraucária) funcionará como uma pré-incubadora.
Habitat de Inovação já aprovado pelo AvançAraucária, será lançado em junho e realizará uma seleção das melhores ideias de projetos relacionados à inovação e tecnologia. Os dez melhores participarão do processo a partir de agosto que contará com a ajuda de especialistas em diversas áreas, com mentorias e consultorias em tecnologia, marketing, vendas, finanças e negócios para que o projeto ganhe forma e esteja preparado para buscar investimentos e sair do papel a partir do ano que vem. Para isso, o habitat de inovação também poderá contar com especialistas e profissionais convidados para as capacitações que são gratuitas.
“Percebemos que há muitas pessoas com ótimas ideias de projetos, mas que ainda precisam ser melhor formatados para avançar para a etapa de investimentos. O nosso objetivo é preparar esses futuros empreendedores com elementos técnicos sobre o negócio para que depois possa ir para uma etapa de incubação”, explica Elcio Douglas Joaquim, professor da FAE e membro do habitat de inovação.
O objetivo do grupo é que o trabalho seja realizado com novos projetos a cada semestre a partir de 2022. Também há a possibilidade de realização de parcerias com empresas e entidades para a realização de aportes no projeto.
Oeste
Em Toledo, região oeste do Paraná, o professor do curso de Análise de Desenvolvimento de Sistemas da Unipar, Fernando Rigo Botelho, acompanha a implantação do Centro de Tecnologia, Inovação e Empreendedorismo da Unipar, Inovatech. Lá, o objetivo é desenvolver e capacitar acadêmicos e a comunidade externa por meio do atendimento de demandas existentes e desenvolvimento de ideias de negócios dos acadêmicos, em especial advindas das disciplinas ligadas ao empreendedorismo, tecnologia e projeto integrador em todos os cursos da unidade.
Com o espaço, o professor destaca que um dos maiores benefícios é a oportunidade que os alunos têm de viver diferentes possibilidades de negócios e, com isso, fortalecer o comportamento empreendedor.
“Mesmo que o participante não saia com um projeto ou um negócio, a experiência vivida por ele com certeza o tornará um profissional melhor, pois o mercado cobra soluções criativas para os problemas lá apresentados”, destaca Fernando.
Hoje, o Inovatech também oferta mentorias e auxílio no desenvolvimento de negócios dos demais cursos do campus de Toledo, pelo menos nesse início. O projeto também tem a atribuição de intermediar demandas e auxiliar no processo de pré-incubação. No momento, a Universidade faz a seleção dos alunos e demandas que serão trabalhadas ao longo do ano e da organização dos processos do programa em si. Os cursos que podem fazer parte são de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Administração, Arquitetura e Urbanismo, Direito, Educação física, Engenharia Civil, Estética e Cosmética, Farmácia e Fisioterapia.
Os ambientes de inovação estão instalados de forma física e digital em vários ecossistemas, cidades e regiões do Paraná.
Oeste
Toledo, Cascavel, Foz do Iguaçu, Quedas do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Santa Helena, Assis Chateaubriand e Medianeira.
Sul
Pato Branco, Francisco Beltrão, União da Vitória, Dois Vizinhos, Palmas, Barracão, Realeza e São Mateus do Sul.
Centro
Ponta Grossa, Guarapuava, Irati e Telêmaco Borba.
Leste
Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Pinhais, Fazenda Rio Grande, Rio Branco do Sul e Paranaguá.
Noroeste
Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Umuarama, Goioerê e Paranavaí.
Norte
Londrina, Apucarana, Santo Antônio da Platina, Santa Mariana, Assaí, Ibiporã, Cambé
Rolândia, Jacarezinho, Cambará, Andirá, Bandeirantes, Wenceslau Braz, Ibaiti, Siqueira Campos e Cornélio Procópio.
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