Por Eduardo Küpper

Em todo o Brasil, estima-se que existam quase 6 mil startups. O número é mais do que o dobro registrado há seis anos, quando o país ainda começava a discutir o modelo e a perceber o nascimento do novo mercado. Em 2012, haviam 2.519 startups cadastradas na Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Em 2017, o número saltou para 5.147.

A crescente presença das startups no país tem atraído jovens profissionais recém-saídos da faculdade, que com frequência enxergam nelas uma alternativa bastante interessante de desenvolvimento profissional. Se há 10 anos os jovens talentos preferiam os programas de trainee de companhias consolidadas, as grandes consultorias e multinacionais, hoje o panorama já não é o mesmo. As empresas tradicionais disputam os melhores talentos com startups que, mesmo com pouco tempo de atuação, já têm grande porte e são conhecidas no mercado.

E quais são os diferenciais que permitem às maiores startups saírem ganhando na briga pelos profissionais mais promissores?  Em primeiro lugar, elas também contam com os fatores de atratividade existentes nas empresas convencionais: boa remuneração, visibilidade e excelente marca no currículo. Mas a questão principal, talvez, seja a progressão na carreira. Se nas empresas tradicionais os jovens levam alguns anos para avançar no organograma, nas startups esse processo é mais acelerado, e eles podem tornar-se referência em seu setor de atuação mais rapidamente.

A trajetória do Mateus Pinho é um exemplo disso. Ele foi estagiário em uma empresa do portfólio e virou analista rapidamente, antes mesmo de se formar. Optou por se juntar a outra empresa quando terminou a faculdade e, dado a experiência que havia adquirido, tornou-se gerente da área rapidamente e hoje exerce o cargo de CMO (Chief Marketing Officer). Tudo isso apenas dois anos após a formatura. Caso tivesse optado por estagiar em uma empresa convencional, ele, nesse mesmo período, possivelmente não teria tido a oportunidade de crescer nessa velocidade. Não é a primeira vez que vejo isso, poderia escrever sobre outros casos similares. Mas, obviamente, essa não é a trajetória de todos; apenas os melhores veem isso acontecer.

Assim, as startups podem ser uma opção de carreira rentável e compensadora. Caso tenha uma atuação destacada, o jovem pode, em pouco tempo, progredir para posições de liderança e, possivelmente, adquirir os subsídios (e a visibilidade) necessários para abrir seu próprio negócio. Além disso, é importante lembrar que, ao trabalhar em uma startup, o profissional adquire habilidades que também serão necessárias nas companhias tradicionais. E, embora a posição de liderança numa startup seja diferente de uma empresa maior, se ela crescer rapidamente, em dois ou três anos a pessoa estará numa posição de liderança. Assim, caso queira migrar para uma empresa mais tradicional, ele estará devidamente qualificado e poderá inclusive ocupar um cargo de maior senioridade.

Iniciar a carreira em uma startup de sucesso abre inúmeras possibilidades. O profissional se adaptará desde cedo a uma nova maneira de se fazer negócios, baseada na tecnologia. Com certeza, sua carreira será bem diferente da do colega que optar pelo programa de trainees de uma multinacional.


Eduardo Küpper é MBA pela Wharton Business School e MA em Estudos Internacionais pelo The Lauder Institute, na Universidade da Pensilvânia e cofundador da Wharton Alumni Angels Brasil- whartonangels@nbpress.com

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