* Por Adam Patterson
Neste artigo de Startup Finance 101, analisamos o atual ambiente de funding, valuations e tendências do mercado de insurtech – tecnologia de seguros – no Brasil e no nível global.
Insurtech refere-se ao uso de inovações para transformar a indústria de seguros em novas tecnologias para melhorar a experiência do cliente, simplificar o gerenciamento de políticas, avaliar com mais precisão o risco, aumentar a concorrência e a eficiência. O Insurtech é um subconjunto de empresas de tecnologia, com foco específico em um setor tradicional, visto estar maduro para inovações e rupturas. Globalmente, a análise mostra que o setor de tecnologia financeira registrou 141 transações no primeiro semestre de 2018, com um valor de transação total divulgado de quase US $40 bilhões, mais de 26% acima do semestre anterior (Hampleton Partners). O aumento nos valores das transações deve-se ao aumento da aceitação por parte dos consumidores e das empresas dos serviços de banco digital, pagamentos e dados financeiros, impulsionando transações de grande valor, como a aquisição da Thomson Reuters por US$ 17 bilhões. As áreas mais maturas de fintech estão vendo delas maiores com fortes exits.

Os negócios de fintech apoiados pela VC registraram um recuo global no terceiro trimestre de 2018, mas ainda no caminho de um recorde anual de dealflow. No terceiro trimestre de 2018, as empresas de fintech garantiram US $ 5,64 bilhões em 375 transações globais. Apesar de uma leve queda em comparação a segunda trimestre, o fundrarsing dos fintechs já ultrapassou o recorde anual de 2017 de acordo com dados da CB Insights. Com uma captação de US $ 150 milhões no primeiro trimestre de 2011, o Nubank, do Brasil, alcançou o status de unicórnio.

Para o mercado Insurtech, o investimento global nos primeiros seis meses de 2018 já representa 85,3% do total do fundraising de 2017, colocando-o no caminho certo para superar os recordes do ano passado. O investimento no setor também está em trajetória ascendente, com alta de 81,3% em relação ao segundo semestre de 2017 e alta de 61,1% em relação ao segundo trimestre de 2017, impulsionado por várias transações, incluindo quatro transações acima de US$ 100 milhões. Apesar do investimento total aumentar, a atividade de negócios desacelerou em um terço em relação ao primeiro semestre de 2017. Como resultado, o tamanho médio do negócio subiu para US$ 24,9 milhões, já que os investidores estão apoiando empresas mais estabelecidas visando expansão agressiva e verticais do setor (dados da Fintech Global).

Os dez principais contratos da InsurTech no primeiro semestre de 2018 arrecadaram um total combinado de US$ 1,2 bilhão, o que equivale a 70,9% do total investido no período.

As empresas de insurtech
levantaram vários bilhões de dólares nos últimos quatro anos, à medida que os VC’s
financiam os disruptores do setor e possibilitam tecnologias para que os
participantes estabelecidos afastem novos concorrentes baseados em tecnologia.
Ainda há muito espaço para crescimento, porque muito poucas seguradoras
dominaram como integrar essa inovação em seus modelos de negócios.
Em apenas um mês, fevereiro do ano passado, as empresas de insurtech atraíram a maior parte dos investidores dos vários subsetores de tecnologia financeira que a S&P Global Market Intelligence. A receita global do mercado da InsurTech está avaliada em US$ 532,7 milhões em 2018. O tamanho do mercado global da InsurTech crescerá a um CAGR de mais de 41% entre 2019-2023, de acordo com a Technavio.
Em setembro de 2018, o total de negócios era superior a US$ 100 milhões. No último trimestre houve três desses negócios, incluindo o segundo maior negócio do ano, levantado pela empresa InsurTech, Oscar. O Global InsurTech Investment no terceiro trimestre de 2018 foi 4,6 vezes maior que o mesmo trimestre do ano passado. Olhando para a atividade geográfica, cinco países-chave são responsáveis por cerca de 75% dos negócios de insurtech nos últimos 5 anos.

Em consonância com as perspectivas recentes de crescimento do mercado e desempenho, as empresas FinTech continuam com um preço premium para os mercados mais amplos com o S & P 500 (Mercer Capital). Em 2018, os múltiplos de avaliação de receita média para o setor estavam em torno de 4-5x vendas.

No Brasil, o uso da tecnologia está mudando o mercado de seguros. Dados sugeram que insurtechs já são responsáveis por aproximadamente 10% das vendas de seguros (inforchannel). Localmente o modelo é mais novo, mas os números já apontam para crescimento expressivo no setor. É estimado que o Brasil possui mais de 60 insurtechs. O mercado tradicional de seguros no país é grande e ainda apresenta crescimento, registrando avanço de 1,7% y-o-y entre S117 e S118, com quase R$ 116 bilhões em prêmios. A CNseg espera um crescimento de 3,4% do mercado para este ano. Em função disso analistas do mercado espera cada vez mais investimentos no setor de insurtech e com valuations em alta. Segundo o CEO da Segfy S.A, Leonardo Mack, um dos líderes do segmento no Brasil: “o mercado de seguros no Brasil está passando por uma transformação, a dificuldade não é quem faz a distribuição, os corretores de seguros são excelentes profissionais, o empecilho é no como essa distribuição é feita com processos burocráticos e demorados – A revolução está em entregar o poder nas mãos dos corretores de seguros e segurados com tecnologia, conhecimento e representatividade, é isso o que a Segfy vem construindo juntamente com mais de 10 mil corretores atuando na linha de frente do país”.

Adam Patterson é economista britânico, graduado em Ciências Políticas e Estudos Parlamentares pela Universidade de Leeds e pós-graduado em Economia e investimentos pelas universidades de Londres e o Instituto Real de Investimentos do Reino Unido. Trabalhou na equipe de valuation do HSBC e no parlamento britânico. Adam é sócio-fundador da ALFA Valuation, empresa especializada no valuation e planejamento financeiro de startups. A ALFA foi idealizadora e criadora da ferramenta i-Valuation, o pioneiro portal online para o valuation de startups & PMEs no Brasil.
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