Leonardo tinha uma carreira estável e a possibilidade iminente de tornar-se CEO. Mas decidiu recusar a oportunidade em nome do bem-estar — dele e de milhares de pessoas que impactou com a Selfit.

Aquela era a primeira conversa de Leonardo Pereira com o nosso time depois de se tornar, oficialmente, Empreendedor Endeavor. O último encontro tinha acontecido do outro lado do oceano, na África do Sul, durante o 84º Painel Internacional de Seleção, em dezembro do ano passado. No dia anterior, Leonardo tinha feito uma mentoria sobre estratégia de expansão nacional com Antônio Carlos Pipponzi, embaixador da Endeavor e chairman da RaiaDrogasil.

Aproveitando a viagem de Recife a São Paulo, naquela manhã, tinha encontrado José Eustachio, fundador da Talent, e saia de lá com diversas provocações sobre posicionamento de marca, diferenciação e análise da concorrência. Os insights de cada mentoria, desde quando foi acelerado no Scale-Up Pernambuco em 2017, tornavam-se cada vez mais sofisticados e complexos. As perguntas feitas pelos mentores não tinham mais soluções binárias, nem respostas na ponta da língua. Era preciso, com o crescimento da empresa, se desenvolver também como empreendedor. Digerir as provocações e transformá-las em valor. É isso o que prepara um Empreendedor Endeavor para construir um negócio do tamanho do próprio sonho.

E se observarmos a jornada de Leonardo, foi assim que a vida o preparou para chegar até aqui.

Nascido em Olinda, Pernambuco, Leonardo sempre viu na figura do bisavô uma inspiração para empreender. No endereço do Banco Central, região central da cidade, costumava existir uma fábrica de vidros criada por seu bisavô e gerida por sua família. O negócio acabou sendo vendido, na transição de uma geração para outra, mas a herança genética de empreender permaneceu correndo pelas veias de Leonardo. Aos 17 anos, ele sonhava em fazer Administração de Empresas, mas ganhava mesmo dinheiro dando aulas particulares aos amigos de seus irmãos. Era conhecido como Leo Gabarito. Chegou até a comprar um carro com o dinheiro que ganhou.

Logo em seguida, já na faculdade, entrou em uma das maiores consultorias de negócios do mundo, a EY. Mas não ficou mais do que duas semanas por lá. Logo foi realocado para trabalhar em um projeto de auditoria do BomPreço, rede varejista muito conhecida no Nordeste que foi adquirida pelo Walmart em 2003. Sua intenção era ficar por um ano e depois experimentar outros negócios. Porém, na prática, ele abraçou diferentes desafios, permanecendo no mesmo grupo. Começou como trainee, tornou-se auditor, cresceu na carreira, foi trabalhar em outros departamentos, em uma fazenda fornecedora, em uma transportadora parceira…E foi aprendendo sobre diferentes negócios, em grande profundidade.

Aos 25 anos, decidiu sair para trabalhar em uma multinacional varejista . Era responsável pela cadeia de produção de determinados produtos do varejo e, pela primeira vez, passou um tempo morando no Rio de Janeiro e em São Paulo, longe de Recife. Aos 30 anos, casado e com um filho recém-nascido, em 2008, ele decidiu voltar para Recife com a família e aceitar uma proposta do Grupo Provider para trabalhar como Superintendente de Operações. Lá, sua carreira evoluiu rápido. Tornou-se diretor de operações e, logo em seguida, assumiu o cargo de VP.

Até então, os sonhos de Leonardo eram cercados pela carreira projetada nas empresas em que trabalhou. Até que, em 2009, ele decidiu adquirir uma pequena fábrica de material cirurgico de sua tia. Os primos não queriam dar continuidade ao negócio e, ao lado da sua esposa, Leonardo comprou a operação. Uma pitada de gestão fez milagre. Cada ajuste interno apresentava um resultado diferente no final do mês. Leonardo gostou daquilo. Impulsionado por essa experiência, decidiu abrir outro negócio. Um fast food de comida italiana em Recife e João Pessoa: o Massa in box. O nome soa familiar? Pois é, para o China in box também. Eles decidiram entrar com uma ação reivindicando o uso do termo “In Box”, por questões de propriedade intelectual.

Naquela breve experiência, Leonardo percebeu que o mercado de alimentação não era para ele: o esforço era muito frente aos retornos advindos da replicabilidade e escala. Por sorte, Leonardo conseguiu vender a marca e sair do negócio — o Massa in box acabou ganhando a ação judicial, no entanto decidiu mudar o nome antes da decisão.

Essa época, entre 2010 e 2012, foi a mais difícil na vida de Leonardo. Ele ocupava uma posição especial de VP, mas também era responsável pela diretoria de Operações. Para completar, vivia um ritmo intenso de preparo para ser o próximo CEO, o que envolvia fazer um mestrado, cursos diversos e trabalhar num ritmo alucinante, todos os dias.

Nessa rotina estafante, próximo de um burnout, Leonardo ainda precisava viajar bastante, deixando a esposa e o filho pequeno em casa.

“Lembro de um dia que, voltando para casa depois de 30 dias, meu filho não me reconheceu. Aquele momento doeu muito em mim e me fez pensar: será que essa é a vida que eu quero pra mim?”

Leonardo Pereira

Desse período, seis meses são uma completa folha em branco na memória de Leonardo.

“Eu não consigo me lembrar do meu filho, nem da minha esposa. Nessa época, eu chegava a dormir no hotel com algo aberto para saber, assim que acordasse, em que cidade eu estava.”

Leonardo Pereira

Ficava cada vez mais claro que aquele não era o futuro que ele sonhava. Ele precisava encontrar, então, uma alternativa no caminho.

Logo depois de vender a Massa in box, Leonardo foi conversar com um amigo, dono de uma academia popular em Recife. Sua intenção era entender o negócio no detalhel.

“Quando você decide empreender, não importa o que, você quer fazer. A oportunidade começa a borbulhar e você vai. Eu pedi ao meu amigo o P&L [Profits and Loss] da operação para analisar. Percebi que, dentre tudo o que ele oferecia, a Musculação era a área mais lucrativa da academia. Foi aí que eu propus: ‘Vamos abrir uma outra academia para as classes C e D focada em Musculação?’”

Se iniciou a empreitada, mas antes dos dois abrirem a segunda unidade em Boa Viagem, Leonardo descobriu que a iFIT, nome inicial da Selfit, era o nome de uma marca de esteiras nos Estados Unidos. O trauma do último empreendimento era tão grande que eles decidiram trocar, antes que surgisse um novo problema de propriedade intelectual. Assim nasceu a Selfit.

“A gente precisava encontrar um espaço grande, com vaga de estacionamento e segurança para minimizar o investimento que era muito alto. Onde você encontra isso? Shopping ou supermercado. Existia um mercado Pão de Açúcar que se encaixava nesses critérios, lá em Salvador.”

A própria gerência do supermercado tentou convencê-los de que aquela não era uma boa ideia. Outras duas redes de academia já tinham analisado o ponto, mas declinaram.

“Eles perguntaram: vocês têm certeza de que vão arriscar? Na hora, eu senti um frio na espinha. Mas vimos que fazia sentido.”

Leonardo Pereira

A operação foi inaugurada em 2012. E o resultado foi surpreendente. A meta de alunos que deveria ser atingida em dois anos foi alcançada em apenas 45 dias. A carência da população era muito grande por um serviço como aquele.

Era o momento de se dedicar por inteiro ao negócio. Ele só precisava convencer o Conselho da empresa, a qual ainda trabalhava de que era a hora de sair.

“Levei alguns meses para convencê-los de que era o meu momento de partir. Eles diziam para eu tocar o negócio em paralelo, mas eu queria empreender dando tudo de mim. O lado bom é que, por conta do contrato de non-compete, eu passei um ano recebendo meu salário como VP, enquanto a Selfit dava os primeiros passos na expansão.”

A segunda unidade abriu seis meses depois, em Recife. Hoje, a Selfit possui um Departamento, o qual analisa 72 variáveis antes de abrir uma nova unidade. Com essa expertise de expansão somada a um serviço de alta qualidade de atendimento, para um público iniciante em academias, a Selfit chegou em 43 unidades, dominando o mercado do Nordeste.

Agora, os planos são ainda maiores. Eles estão chegando em São Paulo, mais preparados e maduros para lidarem com outras redes de academia low-cost.

“Consolidar o Nordeste nesses primeiros anos foi fundamental para nos prepararmos para competir em praças mais complexas e competitivas, como o Sudeste.”

Quando Leonardo decidiu arriscar a carreira corporativa para empreender, ele foi movido pela vontade de construir algo seu — mas também pela busca por mais equilibrio de vida. Hoje, essa busca pessoal é oferecida em escala para milhares de pessoas, por meio da Selfit.

A Selfit é muito mais que uma academia de ginástica. Ela é, em grande medida, responsável pela descoberta do movimento em cada um dos alunos. Por essa razão, o foco está no bem-estar por meio da atividade física e não na busca por um corpo modelado e ideal. Essa proposta conversa com um movimento de busca pelo autocuidado, por uma questão de saúde, não só de vaidade, abrindo caminho para clientes que, até então, nunca entraram numa academia de ginástica.

“Para mim, empreender é uma capacidade única de transformação, somada a uma dose de inconsequência. O que mais me realiza é poder enxergar a transformação que somos capazes de gerar na vida das pessoas. Em algumas operações, 60% dos clientes nunca praticaram atividade física antes. Isso envolve um impacto na saúde e na autoestima dessas pessoas. Nós podemos multiplicar esse impacto — e esse é o principal objetivo da expansão.”

Para apoiar Leonardo nesse desafio, que cresceu junto com o sonho, a rede da Endeavor já está à postos.

“Eu vejo a Endeavor como um parceiro na tomada de decisão do negócio. Senti isso muito forte na primeira vez em que conversei com o time de Recife. O problema era meu, mas eu sentia que existia uma assunção de causa muito forte. Como se tivesse mais gente abraçando a minha causa.”

Pode ter certeza disso, Leonardo.

O post Expansão acelerada, uma rede para apoiar: conheça a história da Selfit aparece em Endeavor.

Publicação Original


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder