Em sua primeira edição do ano, o Startupi Innovation Tour da última sexta-feira levou um grupo composto por profissionais do banco Inter, de Belo Horizonte, para conhecerem os bastidores de algumas das grandes startups e empresas de tecnologia sediadas na capital paulista.

A primeira parada do Tour foi no Co.W. Coworking Space, unidade Berrini, um dos maiores hubs de inovação da cidade. Quem as recebeu no local foi Geraldo Santos, diretor-geral do Startupi e Mônica Queiroz, head de inovação e relacionamento do Co.W. “O que faz uma startup ter sucesso é a capacidade de criar inovação e disrupção. E é isso que queremos que aprendam com elas neste evento: a forma como estas empresas usam a tecnologia para se tornarem gigantes e mudarem seus mercados, para que vocês levem para dentro de casa e incorporem estes aprendizados no dia a dia de vocês”, diz o diretor.

Durante a apresentação inicial, Geraldo mostrou um panorama sobre o ecossistema de inovação brasileiro e exemplificou como uma disrupção pode encadear uma série de mudanças em diversos mercados, mesmo os que parecem mais distantes. “O objetivo de uma nova tecnologia é transformar a forma como lidamos com o que aquela solução resolve. Um carro conectado, por exemplo, não é apenas uma disrupção no setor automotivo, mas também pode impactar os segmentos de varejo, alimentação…Porque esse carro, ou essa aplicação, pode dizer para você que aquela loja próxima, que você costuma comprar, está com desconto, ou sugerir que você pare para comer em algum lugar próximo. O carro pode te lembrar que é aniversário do seu namorado ou namorada e te sugerir parar para comprar flores, por exemplo. De alguma forma, aquilo que você acha que não tem nada a ver com você, pode impactar seu mercado diretamente”, diz.

Ana Debarry, da área de Desenvolvimento e Treinamento do Banco Inter, falou sobre a oportunidade de trazer a turma de Belo Horizonte para uma imersão no ecossistema paulistano de inovação. “Um dos nossos objetivos aqui é ser uma ‘esponjinha’ e absorver tudo o que nós podemos de cada apresentação e visita. É uma oportunidade única para muitas das participantes aqui, e vamos aprender o máximo que pudermos com quem sabe, para implementarmos estas lições no nosso dia a dia, tanto dentro do Banco quanto na nossa vida pessoal”, afirma.

Para Mônica Queiroz, a presença do grupo, formado exclusivamente por por mulheres, é uma prova de que o universo da tecnologia está mudando, o que faz com que este ecossistema ganhe mais diversidade e, consequentemente, cresça de forma sólida. “É importante vermos tantas mulheres engajadas e dispostas a transformarem os seus mercados por meio da tecnologia, da inovação”, afirma ela.

Participantes do Tour foram recebidas no Co.W. Coworking Space, unidade Berrini

Ela também apresentou um pouco sobre o coworking. “Aqui dentro, nosso objetivo é gerar conexão e apoiar nossos residentes em todas as suas necessidades. Por isso, para nós é tão importante receber eventos como o Startupi Innovation Tour aqui”, completa.

Mônica Queiroz, do Co.W., fala sobre a importância para o espaço de receber empreendedores e players de ecossistema de todo o Brasil para conhecerem de perto o espaço:

Para conhecerem de perto como funciona a dinâmica de um coworking recheado de grandes startups, as participantes conheceram as instalações do Co.W., que hoje funciona em sua máxima capacidade, comportando mais de 600 pessoas, entre startups de diversos segmentos e grandes empresas, cerca de 40 salas privativas e mais de 80 estações de trabalho.

Tecnologia

Após a visita ao coworking, o Tour foi recebido pela In Loco. A startup foi criada em pernambuco por um pequeno grupo de estudantes universitários, que criaram uma tecnologia de geolocalização única no mundo. Hoje, oito anos depois, a empresa já tem mais de 170 funcionários, entre os escritórios em São Paulo, Recife e profissionais por todo o Brasil.

A tecnologia da startup já recebeu um prêmio em Cannes na categoria inovação, como uma das dez startups mais promissoras do mercado publicitário mundial. Com a solução da In Loco, aplicativos monitoram a localização dos usuários para entender melhor os hábitos diários e de consumo e entregar customizadamente ofertas para cada usuário.

Turma do Startupi Innovation Tour no auditório na sede da In Loco, em São Paulo

Pela tecnologia é possível, também, abolir a necessidade de um comprovante de residência na hora de abrir uma conta bancária, por exemplo, pois a In Loco, através de seu banco de dados, pode dizer à instituição se o endereço afirmado pelo cliente é realmente onde ele vive, a partir do monitoramento de geolocalização desta pessoa. “Nós temos três principais pilares que regem a In Loco: resiliência, confiança e inovação”, diz Eduardo Martins, CMO e cofundador da empresa.

Aqui, Eduardo fala sobre um dos segredos da In Loco para o sucesso:

“Nós acreditamos que para ser empreendedor, é preciso que , além de criar sempre algo novo, criar algo que faça sentido para a empresa e para os clientes, que tenha um propósito. Se o negócio da empresa for apenas para fazer dinheiro, no mundo de hoje, muito provavelmente ela fracassará. As necessidades do consumidor e a confiança dele na sua marca precisam estar acima de tudo. Sejam bastante flexíveis e pivotem quantas vezes forem necessárias, não tenham medo de mudar de forma abrupta o que estão fazendo. Não adianta ser o melhor no que faz, tem que ter valores claros e que sejam fielmente seguidos”, diz. Hoje, a tecnologia da startup atinge cerca de 60 milhões de dispositivos em todo o mundo.

Foodtech

Entre uma visita e outra, os participantes do Tour fizeram lanchinhos com produtos da Greenpeople, foodtech parceria do evento nesta edição. A startup foi criada há pouco menos de cinco anos pela empreendedora Bianca Laufer, na cozinha de casa.

Hoje, a Greenpeople é a maior do Brasil em sucos prensados a frio. Sua missão é oferecer saúde e sabor de forma prática e natural, sem corantes, conservantes ou aditivos, e também na contramão da pasteurização com calor. A marca produz atualmente 55 mil garrafas de suco por dia. Tem nove endereços próprios, distribuídos pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além de mais de 2.500 pontos de venda por todo o país. 

Em agosto do ano passado, inaugurou uma nova fábrica em Três Rios, estado do Rio de Janeiro, com doze vezes o tamanho da anterior e investimento de R$ 50 milhões. Lá estão as duas máquinas HPP (únicas do Brasil no setor de bebidas), que com a utilização de alta pressão, levaram a empresa a um caminho de mudanças brutais em sua indústria, com a tecnologia à serviço de uma alimentação prazerosa e de qualidade. 

Além de Bianca, que fundou o negócio, os sócios são o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira; o empresário Oskar Metsavaht e o apresentador Luciano Huck (que comprou 9,5% da empresa recentemente através do fundo de investimentos Joá).

Investimento

Após conhecerem um dos maiores cases de sucesso do ecossistema de startups do Brasil, chegou a hora de desembarcar na sede de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Quem recebeu o Startupi Innovation Tour foi Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações. Um dos temas de destaque da apresentação foi o Fundo BR Startups, encabeçado pela Microsoft, e que é hoje um dos fundos que reúne no Brasil o maior número de corporações interessadas em investir em startups em estágio de capital semente.

“A missão da Microsoft é empoderar cada pessoa e organização do planeta a conquistar mais”, diz o executivo. “Por isso, um dos nossos objetivos hoje é colocar no Brasil no radar das cidades mais inovadoras do mundo”. Cidades como Tóquio, Nova York e o Vale do Silício lideram a lista. 

Startupi Innovation Tour desembarca na Microsoft Brasil, ao lado de Frankin Luzes, COO da empresa no país

De acordo com Franklin, existe um gap no caminho percorrido pelas startups no Brasil: após passarem pelas incubadoras e investimentos-anjo e entre a fase das aceleradoras e do venture capital existe uma lacuna a ser preenchida pelo mercado, conhecido como o “vale da morte”. Aí atua o Fundo BR Startups. “Para que a empresa não morra aí, queremos não só investir, mas também conectá-la com outras empresas e dar oportunidade para que elas façam negócio”, diz. “Para virar um unicórnio você tem que ter tecnologia, e, neste sentido,  nada melhor do que ter a Microsoft como um player parceiro”, completa Franklin.

Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações, fala sobre a visita:

O fundo tem um capital de R$32 milhões para investir em startups, com investimentos entre R$ 500 mil a R$ 3 milhões. Os investidores atuais são Microsoft, Qualcomm, Agerio e grupo Algar. A Monsanto é o grupo investidor-âncora do segmento de agtech, o Banco Votorantim de fintech e o Banco do Brasil no segmento de insurtech. Para um futuro próximo, o BR Startups pretende explorar os mercados de varejo, saúde, cidades inteligentes, educação e indústria.

Ainda durante a visita, as participantes puderam realizar um tour dentro da empresa e conhecer de perto e testar como funcionam alguns produtos e tecnologias da companhia, uma das maiores do mundo no segmento. Uma delas foi o aplicativo Seeing AI, que permite a acessibilidade e inclusão de deficientes visuais por meio da Inteligência Artificial, em que o usuário aponta a câmera do smartphone e a aplicação narra o que vê, seja uma pessoa (que o app diz a idade aproximada e até a emoção que a pessoa aparenta exibir), um espaço e, inclusive, reconhece cédulas de dinheiro.

Face API foi outro serviço apresentado na visita. Baseado em nuvem, ele fornece reconhecimento de rosto e emoção, detectando a localização e os atributos dos rostos e emoções humanas em uma imagem, que pode ser usada para personalizar as experiências dos usuários. Com o Face API, os desenvolvedores podem ajudar a determinar se duas faces pertencem à mesma pessoa, identificar pessoas previamente marcadas, encontrar rostos de aparência semelhante em uma coleção e encontrar ou agrupar fotos da mesma pessoa em uma coleção.

Participantes testando soluções de realidade aumentada e mista da Microsoft, que são utilizadas tanto para entretenimento quanto para a otimização de processos dos mais diversos segmentos

Crescimento

A Stone, um dos poucos unicórnios brasileiros, recebeu o grupo em uma das últimas visitas. João Barcellos, sócio da empresa de pagamentos, apresentou a sede do grupo e explicou um pouco da história da empresa para as presentes. “A Stone tem seis anos de idade, mas a nossa história nasceu em 2000”, explica João.

Startupi Innovation Tour na sede da Stone

Fundada para se tornar uma forma de pagamento pioneira há quase 20 anos por André Street e Eduardo Pontes, a empresa abriu IPO na bolsa de Nova York em outubro de 2018, chegando a um valor de mercado de US$9 bilhões. Hoje já são mais de 200 mil comerciantes atendidos pela Stone, seja online ou fisicamente, e conta com mais de 3.500 colaboradores.

João Barcellos, que começou sua carreira na empresa como estagiário, deu dicas para as participantes do Tour que estão nesta fase da carreira:

“Para nós, os valores que regem a empresa são fundamentais. É isso que faz com que a Stone esteja hoje transformando o mercado de meios de pagamentos”, diz. Entre os valores da empresa, estão: Own it (seja dono de suas escolhas. Não deixe a vida te levar, seja você protagonista do seu destino); No bullshit (não deixe que a burocracia atrapalhe seu resultado. Vá e conquiste); Teamplay (se você quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em equipe); Live the ride (viva a jornada. Aqui, acreditamos em um trabalho com propósito. Vivemos nossas missões), e The reason (para nós, o cliente não tem sempre razão. O cliente É a razão).

Conexão

Por fim, o grupo mineiro completou o tour de inovação em São Paulo em um dos locais da cidade mais propícios para se debater este assunto: o CUBO. Criado pela Redpoint eventures e Itaú Unibanco, o hub de inovação é um dos mais importantes do Brasil, reunindo startups de todos os segmentos, para fomentar o empreendedorismo através de conexões realizadas entre startups residentes e as maiores empresas da América Latina.

Participantes realizaram um tour guiado pelo CUBO, para conhecerem de perto cada segmento base do hub e como funciona a dinâmica do prédio

Inaugurado em agosto de 2018, o segundo prédio a receber o CUBO possui 14 andares e uma área de 20 mil m². Por lá, passam diariamente 2 mil pessoas, com uma capacidade para 1250 residentes e até 210 startups. Embora haja empresas de todos os mercados residentes no Cubo, há cinco segmentos que recebem uma atenção mais específica em seus andares: fintech, saúde, educação, indústria 4.0 e varejo. Cada andar voltado para um segmento específico é patrocinado por uma grande companhia deste setor.

O prédio também é a sede da Associação Brasileira de Startups, entidade fundada para capacitar, fomentar e conectar ecossistemas de startups por todo o Brasil. Thiago Melo, product manager da Associação, bateu um papo com o Tour e falou sobre a atuação da ABStartups pelo País, que já conta com mais de 1.000 associados. “Hoje, nós trabalhamos muito forte com Brasília, por exemplo, para sensibilizar os nossos representantes e chamar a atenção para pautas que podem prejudicar ou alavancar o ecossistema de startups”, diz.

Um dos tópicos abordados no papo foi o CASE – Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo -, o maior evento para este segmento da América Latina. A cada ano, o evento cresce e recebe ainda mais participantes de todo o mundo. “Além de conteúdo de alto nível, nacional e internacional, temos sempre uma grande feira que acontece dentro do evento, além do Plus Day, em que o STARTUPI é parceiro, para levar este público em uma imersão no ecossistema paulista de inovação”, completa.

Ana Debarry, participante do Tour, falou sobre sua experiência no evento:

Durante todo o ano, o Startupi realizará Tours por todo o Brasil e voltados para diversos segmentos, como Varejo, Saúde, Construção, Financeiro, Indústria, Educação e mais! Para saber detalhes sobre datas e verticais, clique aqui e garanta sua participação!

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