Comumente, vemos empresas – de grandes corporações a startups – debatendo a equidade de gênero em seus espaços de trabalho. Muitas vezes, porém, este assunto não passa de discurso. Dados apontam porquê:

Um estudo do LinkedIn apontou que, embora a quantidade de mulheres em cargos de liderança no setor de tecnologia entre 2008 e 2016 tenha crescido 18%, mulheres ainda representam 23% dos cargos em STEM (sigla em inglês para designar o segmento de ciência, tecnologia, engenharia e matemática), e esta lacuna é universal.

Ainda assim, há empresas que fazem a diferença em seus mercados e usam seus esforços e relevância para promoverem um ambiente mais diverso, mais igualitário e, com certeza, de maior sucesso. É o caso da Cisco, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

Márcia Muniz, diretora jurídica da Cisco e responsável pelo programa Connected Women no Brasil, conversou com o Startupi e explicou sobre alguns programas da corporação para empoderar mulheres e mostrar que sim, lugar de mulher é na tecnologia e onde mais ela quiser.

“A Cisco e sua liderança executiva estabeleceram uma grande série de iniciativas para incentivarmos e permitirmos que as mulheres iniciem suas carreiras na tecnologia. A participação da mulher no mercado de trabalho já é baixa, no mercado de tecnologia, 20% da força de trabalho é feminina”, explica.

Márcia Muniz, diretora jurídica da Cisco e responsável pelo programa Connected Women no Brasil

Ela afirma ainda que a companhia, no ranking das 10 maiores do mundo neste setor, entende que hoje tem que fomentar programas tanto internos quanto externos para desenvolver a carreira delas com igualdade de oportunidades com os homens em todos os níveis, inclusive salarial.

Na gigante da tecnologia, 50% da equipe de liderança executiva é composta por mulheres, o que faz da Cisco uma das mais diversas no setor. No Brasil, são 28% de líderes do sexo feminino, o que, ainda assim, é um número expressivamente acima da média das corporações do mesmo segmento ao redor do mundo.

Conexão

Para se tornar exemplo no mundo dos negócios, além de fomentar a diversidade interna, a Cisco criou um programa chamado Connected Women. A iniciativa global tem o objetivo de criar recursos para auxiliar mulheres a desenvolverem suas habilidades como colaboradoras, gerentes ou executivas da empresa. Há anos em atuação, o CCW mostrou sucesso na companhia em atrair, desenvolver e reter milhares de talentos femininos em todas as unidades da Cisco.

Márcia explica que o objetivo do programa, no Brasil, é “criar um ambiente onde as colaboradoras criem suas carreiras dentro da Cisco com paridade salarial mas, sobretudo, para que elas encontrem as oportunidades dentro da empresa, assim como os homens encontram”. Dentre as atividades realizadas pelo programa, estão mentorias com executivos-chave da companhia, homens ou mulheres, e diversos eventos sobre os mais variados temas, voltados para elas.

Evento de conscientização do Outubro Rosa, em 2018

“É uma rede de ajuda e empoderamento real. Há estatísticas importantes sobre mulheres que deixam a vida profissional por se tornarem mães, esposas, atribuírem a elas uma carga de trabalho adicional à que já temos. Queremos, com este programa, além de tudo, ajudá-las a equilibrar a balança, desenvolver estes talentos e mantê-los dentro da Cisco”, diz.

Sobre um dos temas que surgem com frequência durante as mentorias do Connected Women, Márcia destaca o desafio das mulheres de negociar em pé de igualdade, principalmente em um segmento majoritariamente masculino, como a tecnologia. “Uma das perguntas que mais surgem é sobre coragem de negociar. Eu sempre digo que se a gente pagou o mesmo valor de faculdade do homem, a gente tem que negociar igual”, afirma.

Capacitação

Mas não só as mulheres que já estão no universo da tecnologia são apoiadas pela companhia. Há mais de 20 anos, existe também o Cisco Networking Academy, programa de capacitação em tecnologia, com cursos presenciais e online, que já formou mais de 9 milhões de alunos em 180 países. Hoje, um dos focos do projeto é capacitar cada vez mais mulheres e colocá-las no mercado de trabalho.

“Algumas delas vêm trabalhar com a Cisco, outras trabalham em outras empresas. Mas o importante para nós é que elas saiam dali capacitadas”, diz. No NetAcad, como é chamado, os alunos aprendem sobre programação, internet das coisas, cibersegurança, entre outros.

Impacto

Conferência anual da Cisco que ocorre todo mês de março, em que é comemorado o dia da mulher, o Women of Impact engaja mais de 15 mil pessoas na data, em mais de 100 escritórios da empresa. O objetivo do evento, segundo a própria empresa, é “atrair, desenvolver, reter e celebrar as mulheres”.

Neste ano, o debate da conferência foi sobre os desafios enfrentados por elas no local de trabalho e como estes obstáculos podem – e devem – ser superados.”Reunimos os maiores executivos da Cisco neste dia, é um dos maiores eventos que a gente realiza”, explica Márcia.

Futuro

Anualmente a Cisco apoia o Girls in ICT Day, um evento global organizado pela International Telecommunication Union (UIT), cujo objetivo é inspirar milhares de meninas estudantes, entre 13 e 18 anos, a se apaixonarem pelo universo da tecnologia. “Queremos que essas meninas, ainda jovens, vejam que a tecnologia é sim para elas, ao contrário do que foi ensinado há gerações atrás”, explica a diretora.

A iniciativa também conta com mentorias Girls Power Tech, em que elas passam o dia com funcionários da empresa e assistem a palestras, inclusive com o CEO, para que sejam encorajadas a considerar carreira em em STEM.

Os eventos da Cisco incluem visitas aos escritórios com apresentações e tutoria. As estudantes usam soluções de colaboração Cisco para interagir com outras meninas em todo o mundo e conhecerem mulheres bem-sucedidas trabalhando na Cisco e em outros lugares. Nossos escritórios no Brasil também fazem parte deste dia de aprendizagem e inspiração.

Colaboradoras da empresa para a campanha de Dia Internacional da Mulher, cujo tema deste ano é “better balance for women”

“O que eu vejo é que com o engajamento dos nossos líderes, o time da Cisco tem muito mais diversidade. O grande diferencial não é só incentivar a diversidade, mas preservá-la”, diz. Para Márcia, a diversidade e equidade de gênero, na Cisco, são prioridades, mas sempre com uma base sólida. “Não queremos uma meta (de mulheres na liderança) que seja atingida de qualquer forma. Queremos uma diversidade equilibrada. Nosso objetivo jamais é privilegiar mulheres na contratação, é prepará-las, para que elas existam tantas mulheres quanto homens no espaço de trabalho, e tão capacitadas quanto. Sempre.” 

Neste dia da mulher e em todos os outros 364 do ano, que possamos todas ocupar nossos lugares de destaque, principalmente na tecnologia.

No próximo dia 21 de março, o Startupi realizará uma edição do Startupi Innovation Tour especial Mês das Mulheres. Na data, visitaremos alguns dos maiores cases de sucesso do Brasil de empresas de tecnologia fundadas e lideradas por mulheres. Para saber mais detalhes e conhecer as empresas visitadas, acesse aqui. A partir do mês de maio, o Startupi também realizará Tours para conhecer de perto os principais cases de diversos setores, como Varejo, Saúde, Educação, Indústria, Financeiro, entre outros. Clique aqui e garanta sua vaga.

Foto de destaque: estudante em atividade hands-on do Cisco Networking Academy, nos Estados Unidos/Reprodução

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