* Por Exame.com

A batalha pelo dinheiros dos investidores acabou de ficar ainda mais acirrada. A Warren, startup corretora e gestora que promete o equilíbrio entre algoritmos e poder de decisão do investidor, conquistou seu primeiro aporte, de 25 milhões de reais. Os recursos serão usados para contratar mais funcionários, melhorar a plataforma e atrair mais clientes com ações de marketing.

O investimento foi liderado pelo fundo americano de capital de risco Ribbit, que já investiu em fintechs como Coinbase (última avaliação de mercado registrada pela plataforma Crunchbase de 7,7 bilhões de dólares), Robinhood e Wealthfront.

A rodada foi completada pelo KaszeK Ventures, fundo criado pelos fundadores do Mercado Livre e investidor de fintechs como GuiaBolso e Nubank, e pelo Chromo Invest, que investiu nas fintechs brasileiras BizCapital e Geru.

“O Ribbit é o maior fundo de venture capital voltado para fintechs do mundo. A KaszeK possui uma grande bagagem em experiência de plataforma e de produto. O Chromo também aportou em diversas startups financeiras. Pudemos escolher nossos investidores e, por isso, buscamos as referências do mercado”, afirma Tito Gusmão, cofundador da Warren.

Com sede em Porto Alegre, a Warren começou a operar em 2017. Com investimento inicial de 100 reais, o usuário começa a usar a fintech por meio de uma conversa com um robô. O algoritmo faz perguntas que permitem descobrir o perfil do investidor e seus objetivos. Os dados são usados para montar uma carteira sugerida de investimentos.

Depois, o cliente pode pedir para que sua carteira seja mais conservadora ou mais agressiva, mudar os aportes mensais e modificar o tempo de investimento. Por enquanto, todos os produtos são da própria corretora Warren.

A Warren cobra uma taxa única de administração, de 0,5% do valor investido por ano. Segundo Gusmão, a taxa é “quatro vezes menor” do que a média de bancos e corretoras tradicionais e não há ganhos de comissão sobre a venda de produtos específicos.

A fintech atende 50 mil clientes atualmente, com 300 milhões de reais em gestão. O cliente mais comum da Warren possui de 32 a 35 anos de idade e investe 30 mil reais em produtos como CDB, LCI, LCA, fundos multimercado e de ações brasileiras e americanas.

A Warren também testa a frente B2B, de empresa para empresa, oferecendo plataformas com a metodologia da Warren para 30 corretores colocarem sua marca e oferecerem aos clientes a tecnologia de investimentos da startup corretora e gestora de produtos financeiros.

Os corretores também não possuem comissões com a venda de produtos específicos, mas pagam menos que os consumidores finai da Warren em taxa de administração anual. Com isso, podem embutir o preço de seus serviços. O valor fica similar ao cobrado diretamente pela fintech para o investidor. “Nem todo consumidor se sente confortável em resolver a vida sem ser ao vivo”, explica Gusmão.

Expansão

Até o final deste ano, a Warren espera acumular 100 mil clientes no modelo B2C, 200 parceiros no B2B e 1,3 bilhões de reais sob gestão. Em 2020, esse valor deve saltar para cinco bilhões de reais. A Warren está com 120 funcionários, 50% trabalhando em tecnologia. Até o final deste ano, a fintech projeta chegar a 200 membros, 70% na área de desenvolvimento.

Nas próximas semanas, a Warren anunciará sua nova plataforma-teste com produtos de bancos e gestoras de investimentos terceiros. Com mais opções, os clientes poderão decidir quais dos 150 fundos de investimento futuramente parte da Warren farão parte de sua carteira, por exemplo. Outros produtos de instituições externas serão títulos de renda fixa e de crédito privado, como CDBs.

A Warren não é a única a apostar no uso de algoritmos para sugerir as melhores aplicações. No Brasil, há concorrentes como Magnetis e Vérios. Para Gusmão, o diferencial da Warren está no desenho do aplicativo, com “caixas” separadas por objetivos, e na corretora própria, que poupa tempo de cadastro em outra plataforma e evita possíveis taxas extras. A Magnetis é associada à corretora EasyInvest, enquanto a Vérios usa a Rico, que não cobram taxas próprias para produtos de renda fixa.

Todas essas fintechs enfrentam o desafio de desconhecimento sobre como algoritmos de investimento funcionam. Segundo pesquisa da gestora Legg Mason, mais da metade (52%) dos investidores brasileiros pretende aplicar via robôs nos próximos cinco anos. O interesse dos brasileiros em delegar carteiras a algoritmos ficou bem acima da média global, de 37%. No entanto, só 23% estão bem familiarizados com o conceito – e um terço não faz ideia de como operam os robôs. A entrada dos consultores é uma forma de a Warren mitigar o problema, enquanto a entrada de investimentos terceiros também ajuda a conquistar os inseguros com os robôs.

Com mais 25 milhões de reais no bolso, os planos da fintech estão cada vez mais próximos.

* Por Mariana Fonseca, para Exame.com

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