A história da MaxMilhas começou com uma passagem que nunca comprei. Essa é a história que conto no meu Day1.

Quem aqui já foi comprar uma passagem aérea e passou aperto? Tenta de tudo e nada de achar a passagem!

Comigo aconteceu isso lá em 2012.

Fui comprar uma passagem aérea para visitar a namorada. A passagem até estava por um preço bacana. Porém, na hora da compra o site deu um problema e eu precisei recomeçar o processo. Quando reiniciei, a mesma passagem tinha alterado de R$ 100 para 500 reais. Achei um absurdo aquele valor!

Eu estava com saudade da namorada, mas também não era tanta assim. Acho que se eu não fosse tão pão duro, a MaxMilhas não existiria hoje.

Percebi que essa passagem não tinha alterado de valor em milhas. Eu não era especialista, mas já tinha viajado uma vez com as milhas de um tio meu quando fiz intercâmbio para os EUA, então sabia que era possível. Na hora, eu pensei: será que eu poderia comprar as milhas de alguém? Cogitei ligar para aos amigos perguntando se podiam me vender, mas não era prático.

Aquela viagem nunca ocorreu mas foi ali que eu tive uma ideia.

E se existisse uma plataforma onde as pessoas que querem vender suas milhas pudessem colocá-las à venda e aqueles que querem viajar mas os preços estão caros, poderiam recorrer a essa plataforma?

Como eu nunca imaginei que aquilo poderia ser um negócio, comecei a comentar com as pessoas. Aliás, acho super importante isso. Muita gente guarda a ideia para si até que ela esteja pronta, mas ela não vai ficar pronta sozinha. Acho fundamental compartilhar. Pelo menos foi pra mim. Foi assim que cheguei nos meus sócios.

Comentei com meu meio irmão, o Conrado, e ele, um pouco mais louco do que eu, quis tocar aquela ideia. Aí Conrado começou desenfreado. Foi ele tentando acertar e eu tentando consertar. A gente foi fazendo tudo meio que errado mesmo, mas aquele ímpeto dele de fazer acontecer foi super importante.

Só assim tiramos aquela ideia da inércia.

Início da MaxMilhas

— Até que eu saí de férias da Vale e decidi fazer um projeto! Fiz um MVP do site num Power Point. Ficou lindo.

Fui para casa da minha mãe no interior e mostrei a ideia para alguns amigos. Aí um deles me falou:

— Tem um amigo meu, chamado Hiran, que empreendeu um negócio de compras coletivas, mas está procurando um novo projeto.

Chamei o cara lá em casa, ele achou muito legal. Aí eu perguntei:

— E aí, quanto custa para fazer um site assim ou quer tocar esse projeto comigo?

Ou seja, é igual você conhecer alguém na balada e já dizer: vamos casar e ter filhos?

A minha ingenuidade era tão grande que eu nem enxergava aquele site como um negócio ainda. Era apenas um hobby.

Lembro que o Hiran me perguntou:

— Ô Max, quantas passagens você acha que vende?

— Não sei. 1 ou 2 passagens por dia está bom. Assim vamos ajudar uma pessoa a viajar todo dia.

— Ok, mas eu acho que vende mais…

Ou seja, ele já acreditava mais do que eu. Então, começamos assim. O Conrado tocava a parte operacional. O Hiran fazia o site. E eu era uma espécie de gerente de produto, sem nem saber o que era isso direito.

—– 2012 foi o ano de desenvolver o site. Era para ficar pronto em setembro, depois foi pra outubro, novembro, dezembro…até que dia 6 de janeiro de 2013 nascia a MaxMilhas.

Olha que coincidência, no Dia Mundial das Milhas. Dia que a gente inventou.

—– Poucos dias depois, para nossa surpresa, já tivemos nossa primeira venda. O Conrado foi emitir a passagem e eu fui conferir, só por garantia.

Liguei pra ele:

—  Conrado, você emitiu a passagem no dia errado!

— Mas Max, eu conferi o número do voo.

Aí fui olhar e percebi que todo dia tinha o mesmo número de voo de Fortaleza para BH naquele horário.

— Pô Conrado, todo dia tem o mesmo número de voo! Precisamos conferir a data da viagem.

Parece óbvio isso, mas a gente não sabia. Para falar a verdade, a gente não sabia quase nada desse mercado.

Mesmo assim, em fevereiro, crescemos 385%. Passamos de 7 para 34 passagens.

De qualquer forma, eu ainda não acreditava que a MaxMilhas seria algo grande. O que aconteceu foi que algumas coisas no meu trabalho começaram a me incomodar. Sou formado em engenharia de produção e trabalhava com isso. Gostava do meu dia a dia, mas comecei a perceber que a cultura do lugar que eu estava não combinava comigo. Depois de um tempo isso começa a incomodar. Então comecei a pensar em procurar outro emprego.

Voltar a Sonhar

Até que um dia, eu estava na praia em Vitória, lembro que li uma revista que contava a história do Jorge Paulo Lemann. Eu já conhecia a história dele, mas ler aquilo naquele momento, tantas coisas grandiosas que ele construiu, mexeu comigo.

Percebi que eu era sonhador quando menino. Sonhava em ser jogador de futebol, depois conheci a música e comecei a sonhar em ser músico, mas chegou o momento da faculdade em que eu tive que escolher um curso e seguir.

Notei então que eu tinha parado de sonhar e isso me incomodou. Aí eu pensei:

“Quero fazer algo maior, algo que dê orgulho de contar para os meus netos.”

Então, o que eu vou fazer?

…um MBA!

Ou seja, a MaxMilhas ainda não era minha primeira opção.

Só que eu saí de férias de novo, no meio de 2013, e fui até BH trabalhar com os meus sócios. Eu já estava há 6 meses com essa vida dupla de tocar a MaxMilhas e meu trabalho.

Eu curti muito trabalhar só na MaxMilhas durante aquele tempo. Ter que fazer acontecer, eu tinha muito para aprender.Nem Google Analytics eu conhecia na época. Então, decidi pedir demissão para trabalhar só na MaxMilhas, independente se daria resultado ou não. Fui, assim, por tesão mesmo. Ainda sem acreditar de verdade na MaxMilhas. Continuei estudando para fazer o MBA. Depois procuraria outro emprego se necessário.

Day1

No meu primeiro dia voltando de férias, era dia de feedback com minha gerente. Ela começou o feedback e eu:

— Obrigado, mas quero pedir demissão.

Ela tomou um susto, mas eu disse que queria empreender.

— Mas, Max, tem certeza que isso vai dar certo?

— Não, não tenho.

E foi sem certeza mesmo que, em poucos dias, juntei minhas coisas e coloquei no carro para voltar à BH, onde tocaria a empresa com meus sócios. Nesse dia, eles começaram a me enviar mensagem dizendo que estávamos vendendo muito.

Eu pensei: “meu primeiro dia e já tendo um boom de vendas. Vida de empreendedor é uma beleza mesmo!”

Só que a viagem era longa. Comecei a refletir: o que a gente fez de diferente para vender tanto assim hoje? Fiquei desconfiado e aprendi a importância de confiar na intuição.

Cheguei à noite em casa, encontrei o Conrado e o Hiran já bêbados de tanto comemorar! E eu fui checar aquelas vendas. Liguei para os compradores: uns não atendiam, outros os telefones não existiam. Caiu a ficha: eram fraudes. Fui do céu ao inferno em poucas horas. Naquela mesma noite, eu saquei o nosso dinheiro do intermediador de pagamento, e foi isso o que nos salvou. Se eu não tivesse feito isso, provavelmente teríamos falido ali, no meu primeiro dia.

Aquele era o começo da montanha-russa. Então, pra mim, aquele foi o meu Day1.

—– Então 2013 foi o ano de validar o modelo de negócio. Testamos diversas hipóteses, mudamos um tanto de coisa. A gente acabou o ano com 9 pessoas – ou seja, começamos as contratações – e uma premiação da InfoStart, revista da Exame, como startup promissora do ano. Foi com aquele prêmio que eu descobri que nós éramos uma startup.

Quando veio 2014, eu pensei: Já validamos o nosso modelo de negócio, agora é só crescimento. Bora colocar dinheiro em marketing. Ainda bem que eu não tinha dinheiro!

Pesadelo de tecnologia

Logo no começo de 2014 a gente saiu espontaneamente em uma matéria do Estadão. O site começou a bombar de acesso e quando deu 100 acessos simultâneos… O site caiu.

Eu tinha certeza que era só investir em Marketing pra crescer, mas o site não aguentava 100 pessoas acessando ao mesmo tempo. Quando fui ver melhor, vi que a gente tinha, sem dúvidas, o pior site do mundo. Ele caía quase todo dia e eu perdi a conta de quantas noites virei tentando resolver.

Nessa confusão toda, percebi que a gente precisava de um novo sócio de Tecnologia.

Tive que enfrentar o divórcio. E foi quase que literalmente um divórcio porque eu morava em um apartamento com o Hiran e o Conrado. Até o quarto, a gente dividia. Tive, então, que sair de casa e fui morar de favor num apartamento que meus sogros tinham em BH.

Crise de Liderança

Foi um momento tenso, mas no final do ano, consegui achar outro sócio de tecnologia e, em 2015, nosso terceiro ano, eu pensei: poxa, não é que esse negócio vai dar certo! Aquele foi um ano bom. Nosso faturamento cresceu 4 vezes e o time apenas 50%, chegando em 40 pessoas. Só que, quando as coisas pareciam que iam dar certo, eu comecei a viver uma crise existencial.

Dizem que quando a empresa passa de 30 pessoas, você já não consegue controlar tudo sozinho. E eu vivi isso na pele.

Eu sentia que eu não era um líder para aquelas pessoas. Eu sou uma pessoa muito executora e isso acabava frustrando o time. Eu tinha que aprender a delegar. Além disso, a liderança começou a ficar desalinhada. Muitas intrigas. Eu já sou uma pessoa muito auto crítica e as pessoas me falavam: Você não consegue delegar. Você não dá conta disso, ser empresário é diferente de empreendedor. Tudo tem que ser do meu jeito e etc. Quem já passou por isso? Fato é que pra mim foi bem difícil. Cheguei a pensar em pedir demissão da minha própria empresa.

Somado toda a carga de trabalho e problemas, eu acabei colocando um peso nas costas muito maior do que eu dava conta. Guardava tudo dentro de mim, até que, nesse momento, comecei a desabar.

Amar para ser amado

E foi nessa época de muito stress que resolvi fazer um curso de autoconhecimento que me marcou bastante.

Na minha vida toda eu quis ser o melhor em tudo. E estava pesando muito. Então, fui descobrir porque eu era assim.

Quando eu nasci, minha mãe era muito nova, tinha apenas 18 anos e a gravidez não era planejada. Ela não queria ter um filho naquele momento. Foi difícil para ela e acho que para mim também. Então, percebi que eu tentava ser o melhor em tudo como forma de chamar a atenção da minha mãe. No fundo, o que eu queria mesmo era ser amado.

E só nesse curso eu descobri que sendo o melhor, você pode até conseguir a admiração das pessoas.

Mas para ser amado, é preciso amar.

Refleti que as pessoas na empresa me admiravam sim, mas talvez não gostassem de mim. E eu queria mudar isso.

Voltei diferente desse curso.

Lembro que a gente já estava há um bom tempo tentando encontrar os valores certos para determinar nossa cultura. Foi um processo bem penoso. Conhecendo melhor a mim mesmo, foi mais fácil. Finalmente, conseguimos chegar em quatro verbos, um deles é o Amar.

Quem conhece a MaxMilhas sabe como esses verbos é o que acontece de fato ali.

Esse processo foi importante para destravar um tanto de coisa e, em 2016, continuamos crescendo muito. Quadruplicamos a receita novamente. Aliás, outro verbo da nossa cultura é o Acelerar, então aceleramos.

Conselho

No comecinho de 2017, montei um conselho informal com ajuda da Endeavor, apresentei os números esperando ouvir só elogios. E levei um tapa na cara.

— Cara, você está fazendo tudo errado. Tudo aqui depende de você. Chegou o momento de achar seus líderes.

A empresa tinha crescido, mas o que era evidente é que a empresa precisava de novas lideranças. E, mais difícil que contratar, foi desligar algumas pessoas que tinham me ajudado tanto a chegar até ali. Chega um certo momento da empresa que algumas pessoas simplesmente não dão conta do próximo desafio e, muitas às vezes, é preciso substituir. Me doeu muito, mas essa transição foi importante para chegarmos até aqui.

Desde então, fomos de 60 pessoas em 2017 para quase 400 hoje. Nessa trajetória, vendemos mais de 3 milhões de passagens aéreas com mais de 30 bilhões de milhas negociadas.

Tudo isso em bootstrapping, ou seja, sem nenhum investidor.

Futuro

Agora, mesmo nesse ponto da empresa, estamos diante de um dos nossos maiores.

É evidente para mim que precisamos criar novas vantagens competitivas para encarar o mercado que está mudando. Não sei como serão os próximos anos. Precisamos descobrir esses caminhos. Sair de uma empresa de execução para uma empresa, de fato, de inovação. É um processo que já começou, mas que leva tempo. Estou questionando até se eu estou pronto para liderar esse movimento dentro da empresa. Ou seja, eu mesmo terei que me desenvolver.

Acho que empreender é muito isso. Ter essa capacidade de se reinventar a cada novo desafio.

Para levar a MaxMilhas a esse novo patamar, tem uma pergunta que sempre me move: se não existisse o impossível, até onde você poderia ir?

O post Day1 Max Oliveira: “Se não existisse impossível, até onde você poderia ir?” aparece em Endeavor.

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