Objetivo é tornar a fruta produzida no território reconhecida pelas suas características diferenciadas

O Sebrae/PR, em parceria com as prefeituras municipais de Pinhalão, Japira e Jaboti, no norte pioneiro, lançou, neste mês, um projeto de capacitação e qualificação para pequenos produtores de morango com foco na conquista do registro de Indicação Geográfica (IG). Juntos, os três municípios concentram 235 produtores de morango, que são cultivados em 143 hectares.

A Indicação Geográfica é um bem coletivo conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos similares disponíveis no mercado por sua qualidade, especialidade e tipicidade. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, é a instituição que concede o registro.

Na safra de 2017, segundo dados do Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, a fruta rendeu R$ 43,7 milhões em comercialização. A região é considerada a maior produtora de morango em todo o estado, segundo a Emater. O trabalho será focado na conquista da IG por Indicação de Procedência (IP), relacionada à reputação e tradição dos fruticultores. A expectativa é que o trabalho comece com a participação de 30 pequenos produtores.

A IG facilita o acesso aos mercados nacional e internacional e garante maior valor agregado e competitividade. Na região, a goiaba de Carlópolis e os cafés especiais estão entre os produtos que já detêm o registro. “Queremos que o norte pioneiro se desenvolva a partir do reconhecimento do cultivo e comercialização de produtos diferenciados”, projeta o consultor do Sebrae/PR, Odemir Capello.

O trabalho baseia-se no associativismo e será articulado por uma governança formada por entidades como o Sebrae/PR, Emater, Ministério da Agricultura, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar/PR), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Universidade Federal do Paraná (UFPR), prefeituras e produtores. “A região produz morango há pelo menos 30 anos. Já existe uma dinâmica e um conhecimento instalados. Isto, por si só, já a diferencia”, argumenta Capello.

Produtor de morangos desde 1995, Roberto Olímpio da Silva, dedica um alqueire da propriedade, localizada em Pinhalão, para a produção, que não é a principal fonte de renda da família. Ele conta que participou das primeiras reuniões da governança formada para articular o trabalho. “Estou animado com a iniciativa porque vai fortalecer a união entre os produtores e dar maior visibilidade ao nosso trabalho”, conta.

O prefeito de Pinhalão e presidente da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro (Amunorpi), Sergio Inacio Rodrigues, ressalta que investir na produção de morango com características diferenciadas vai agregar valor ao produto e fará com que os pequenos produtores tenham um aumento de renda. “O produtor vem passando por uma fase difícil e se não tiver incentivo do município e do estado fica complicado competir no mercado”, justifica.

“O caminho é oferecer apoio para que eles permaneçam no campo”, opina o prefeito de Japira, Angelo Marcos Vigilato. Segundo ele, a produção agrícola é responsável por 70% da economia do município. Com a qualificação e capacitação dos fruticultores a expectativa do gestor municipal é, além de oferecer melhores condições de trabalho e renda, fortalecer a movimentação econômica da cidade.

Em Jaboti, município que já se destaca pela grande produção de morango, uma indústria para a fabricação de polpa congelada deve ser inaugurada ainda este ano. Estima-se que aproximadamente 150 famílias tenham como fonte de renda a comercialização da fruta. O prefeito da cidade, Vanderley de Siqueira e Silva, diz que o projeto do Sebrae/PR se somará aos incentivos que o município tem oferecido aos pequenos produtores. “O nosso maior interesse é abrir mercado para a exportação”, adianta.

As Indicações Geográficas podem ser na modalidade Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO). São registros diferentes que não possuem uma hierarquia ou ordem de solicitação e, normalmente, são representados nos produtos por um selo. O registro de Indicação de Procedência garante a tradição histórica da produção em certa região geográfica. Já a Denominação de Origem indica propriedades de qualidade e sabor que são ligadas ao ambiente, meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos, onde é produzido e aos processos e tecnologias utilizados.

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