* Por Mônica Hauck

Pensar em Inteligência Artificial é associar esse avanço com filmes memoráveis de ficção científica, androides e robôs de todo tipo e tamanho. Mas, o que poucos sabem é que essa tecnologia já é uma realidade no dia a dia das pessoas, além de ter uma custo benefício acessível, por isso, e vem sendo utilizada para facilitar processos e tornar a vida empresarial mais eficaz e dinâmica, inclusive na área de recursos humanos, onde ela já está consolidada.

Departamento cada vez mais importante para as empresas, o RH que trabalha com análises e relatórios, permeados com informações massivas, aderiu a métodos tecnológicos e transformou um departamento visto como tradicional em algo essencial no processo de decisões das organizações, que sem estudar e avaliar as tendências de comportamento e produtividade das pessoas, ficavam no escuro para tomar decisões em relação às contratações. O RH atual precisa mostrar números, com isso tornou-se um setor que também trabalha com metas, tentando sempre reduzir custos e aumentar a produtividade dos colaboradores.

Uma aliada a tecnologia que está sendo inserida no recrutamento, seleção e gestão de colaboradores, a Inteligência Artificial proporciona informações com padrões e modelos assertivos, além de apontar tendências e projeções que facilitam decisões, mesmo quando tomadas com meses ou anos de antecedência.

Porém, essa tecnologia pode criar uma ideia falsa de que as coisas simplesmente andam sozinhas. Ainda que os processos sejam automatizados, o ser humano ainda é o grande decisor. O profissional de recursos humanos não terá um trabalho mais tranquilo, ele apenas deixará de lidar com boa parte do operacional que toca hoje e passará a assumir tarefas mais estratégicas.

Com a IA, são esperadas melhorias na atração de talentos, na seleção de candidatos, na retenção de colaboradores e na otimização do seu desempenho. Consequentemente, conta-se com progressos na experiência do trabalhador e na motivação.

Uma das coisas que poucos sabem é que o principal processo de RH impactado pela Inteligência Artificial é o recrutamento e seleção de novos talentos. Sabemos que milhares de currículos são lidos e analisados pelos profissionais da área, o que é custoso em termos financeiros e de tarefa. Além disso, dada a quantidade de inscrições recebidas para as vagas, o tempo que cada profissional de RH gasta olhando todas as informações é bem pequeno, de forma que a qualidade da análise pode ser prejudicada.

Com a tecnologia implementada, a ideia é que a vaga seja desenvolvida de acordo com o desempenho desejado e a partir daí é realizada a seleção com candidatos que tenham fit com uma determinada empresa ou marca, sejam criados padrões de currículos de acordo com os requisitos desejados pela empresa e que o próprio computador faça essa triagem. A mesma lógica se aplica às demais etapas do processo seletivo, a ideia é que ferramentas como a Solides, por exemplo, cruze dados demográficos, de competências e de resultados de provas e testes para, por meio dos algoritmos, embasar a seleção dos melhores candidatos.

Da mesma forma, pode-se pensar na Inteligência Artificial para o acompanhamento do desenvolvimento de colaboradores. A tecnologia coleta os dados de performance e cruza as informações para elaborar os padrões, indicar em quais competências alguém precisa se desenvolver e quais treinamentos técnicos são de fato necessários para potencializar. Por outro lado, também pode ser usado na retenção de talentos, na elaboração de políticas internas, na realocação e em promoções.

Tudo isso significa um melhor direcionamento de esforços, tanto individuais quanto da empresa. Acredito que as práticas inovadoras e tecnologias que chegam ao RH, como a IA e o People Analytics, contribuem com a atuação estratégica do setor e essas mudanças são essenciais para aumentar a produtividade e a satisfação dos colaboradores.


*Mônica Hauck é Fundadora da Solides. Graduada e pós-graduada pela UFMG e FGV, com MBA em Gestão Empresarial e especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Universidade de Stanford. A empreendedora desenvolveu a ferramenta Profiler e, como referência em Gestão Comportamental, atualmente ministra palestras e cursos por todo Brasil. Também é vencedora do Prêmio Mulheres Notáveis, na categoria Tecnologia.

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