Mayumi Sato, CMO da Sexlog, palestrou no segundo dia da Gramado Summit, evento realizado pelo Summit Hiv que acontece na Serra Gaúcha esta semana. Durante a apresentação, Mayumi falou sobre o case da empresa, a maior rede social de sexo do Brasil.

“É um segmento novo e não faz parte do dia a dia das pessoas, pelo menos não profissionalmente”, diz. A rede hoje monetiza com um modelo de recorrência e, em 10 anos de história, já tem mais de 11 milhões de pessoas cadastradas na plataforma.

Ela listou alguns dos desafios que são especificos para o mercado de entretenimento adulto e como a Sexlog atua para dribla-los de forma criativa. “Estratégias de marketing convencionais não funcionam com a gente. Somos banidos das redes sociais, não conseguimos colocar banner em sites com graempresas nde acesso e a imprensa não costuma falar sobre nosso negócio”, diz. Ainda assim, a empresa recebe anualmente mais de 3 milhões de cadastros anuais na rede social.

Outro ponto também é a quantidade de tentativas de fraude na plataforma, muito superior a de outros segmentos. “Não somos atendidos por antifraudes e gateways de pagamento. Os que nos atendem, nem sempre têm as features que a gente precisa.”

Mas, dos desafios, o principal deles é o tabu e moralismo envolvido no que permeia a sexualidade. “Isso reflete muito nas nossas tomadas de decisão. Estamos falando de um negócio que não é levado a sério”, explica. Apesar disso, a empresa está em processo de internacionalização e construindo comunidades nos Estados Unidos e Itália, se tornando um grande case do mercado de recorrência no Brasil, ao lado de nomes como a Gympass.

“Começamos a enfrentar grandes problemas há cinco anos, quando o nosso crescimento orgânico parou de acontecer. Aí, percebemos que estávamos colocando nossos esforços no lugar errado”, explica a CMO. A partir deste ponto, a empresa começou a fomentar uma cultura analítica, utilizando a quantidade enorme de dados gerados por seus usuários a seu favor.

Hoje, as equipes da empresa são distribuídas de acordo com a jornada do cliente, e cada um destes squads tem um profissional de programação, sucesso do cliente e analytics, trabalhando de forma autônoma. “As equipes se conversam e compartilham conhecimento, para colocarmos o que dá certo para todos os outros times. Assim, geramos insights fundamentais para nosso negócio.”

Os dados da Sexlog mostram, por exemplo, que cerca de 30% das pessoas já teve um relacionamento que terminou perto da época do carnaval. O pico de acessos do site também, ao contrário do que se imagina, é nas noites de segunda-feira. “Isso porque nosso público é formado por pessoas com mais de 30 anos, famílias. Estes casais passam o fim de semana inteiro com os filhos e, às segundas, começam a planejar a diversão da semana”, conta. Volta de férias escolares e feriados também são épocas de grande acesso na plataforma.

Um dos ensinamentos da Sexlog que pode ser replicado em qualquer segmento é: conheça as particularidades do seu público em cada região, em cada contexto e cultura. “As pessoas se comportam de forma diferente do que a gente supõe. O termo BBW é mais procurado no Rio de Janeiro, por exemplo. Já BDSM é mais buscado no Piauí que em outras regiões. Entender o nosso público nos ajuda na tomada de decisão.”

Hoje, a plataforma utiliza uma métrica que chama de “momento mágico do engajamento”. A inteligência artificial da Sexlog reconhece o comportamento do usuário no dia em que ele se cadastra na plataforma, para que, no dia 2, possa induzir esta pessoa a assinar os serviços da rede social e se converter em cliente.

IBGE do sexo

Com a base de dados fornecida por milhões de brasileiros, a empresa se tornou autoridade quando o assunto é comportamento sexual e entretenimento adulto. “Somos a maior fonte de comportamento sexual do brasileiro atualmente. Criamos canais próprios, geramos insights para outros veículos de comunicação e criamos um conteúdo tão atrativo que é impossível de ser ignorado”, diz. Hoje, a empresa é assunto em uma publicação a cada 1,5 dia, tudo de forma orgânica.

Para isso, muitas vezes utilizam oportunidades que são assunto em outras redes sociais para gerar interesse do público no assunto. “Durante as eleições, percebemos que o tráfego no site aumentava durante o horário eleitoral na TV. Por isso, criamos nosso próprio horário eleitoral, em que homens, mulheres e travestis tiravam a roupa enquanto falavam sobre como mudar a sua zona eleitoral, por exemplo”, conta Mayumi.

“Nós estamos desafiando as leis do marketing. A cada 10 projetos que tentamos, um dá certo. Não é fácil, a gente testa, erra, chora como toda empresa. A diferença é que que eu, pelo menos, choro vendo nude.”

A Gramado Summit acontece até amanhã, 2 de agosto, no espaço Serra Park, em Gramado. Para mais informações, acesse a Agenda de Eventos Startupi.

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