Muito provavelmente você já participou de uma entrevista ou dinâmica de grupo na qual uma ou mais pessoas disse que o seu maior defeito era ser “perfeccionista”. Talvez você mesmo tenha dito isso. Quem dá essa resposta, geralmente, usa a estratégia de tentar transformar um ponto negativo em qualidade, dando a entender que, apesar de ter esse “problema”, será uma excelente contratação, pois eles garantem uma entrega “perfeita”.

Para a consultora e coach executiva Caroline Marcon, o novo jeito de trabalhar — que prioriza a agilidade, a simplicidade e a melhoria contínua — tem colocado os perfeccionistas em xeque. Dependendo da maneira como essa característica se manifesta, ser perfeccionista pode diminuir a produtividade e a capacidade de adaptação e aprendizado.

O perfeccionismo normalmente “ataca” profissionais de alto desempenho, que são referências na sua área. Para eles, a máxima qualidade é um dos valores fundamentais. E, de fato, eles costumam ser excelentes. Mas, isso não é bom? Depende. “No mundo ágil, a geração de valor deve ser avaliada de acordo com a necessidade do contexto específico. Precisa ser feito, mas não necessariamente perfeito – é o ‘fit for purpose’. A regra é experimentação e ‘time to market’, sabendo que o tempo é um ativo que deve ser priorizado sempre”, afirma.

Caroline ressalta que os perfeccionistas tendem a se concentrarem excessivamente nos detalhes, perdendo assim a visão do todo. “Esses profissionais também gostam de resolver tudo sozinhos, de dar a ‘última checada’ e têm dificuldades em delegar, o que dificulta a ascensão para cargos de liderança”, diz.

Como equilibrar o perfeccionismo?

Os perfeccionistas nunca estão satisfeitos com o seu trabalho, o que acaba gerando frustração e pouca eficiência. Além disso, a exigência implacável pode resultar estresse desnecessário, conflito com colegas de trabalho e prazos perdidos. Para a especialista, “o segredo é encontrar o equilíbrio entre ser cuidadoso com suas atividades e entregar o que for necessário no menor tempo”, diz. Caroline, que também é professora do programa de MBA em Gestão Estratégica de Pessoas da FGV, mostra algumas atitudes que podem ajudar a se livrar da busca incessante pela perfeição.

Amadureça seu ego

Em primeiro lugar, é importante entender que a entrega não é sobre você, nem para você. É para o cliente! É o que ele valoriza e precisa. Quando colocamos o nosso foco em “servir o outro” e ser instrumento para que ele alcance seus objetivos, o perfeccionismo exagerado desaparece como mágica. Nos tornamos mais abertos para ouvir e construir junto com o cliente, muitas vezes no nível mais operacional, onde o problema precisa ser solucionado. Tiramos o foco da nossa imagem, do “parecer excelente”, “fazer cara de conteúdo” e entramos na realidade do outro. Desta forma (e somente desta forma), entregamos valor e somos reconhecidos como excelentes, o que é a grande motivação de todo perfeccionista.

Tenha máxima clareza sobre o que precisa ser feito

Vá direto ao ponto quando for combinar uma entrega. Que problema estamos tentando resolver com isso? Qual o valor do trabalho que estamos fazendo para o cliente? Todos entendem o que precisa ser feito e qual a sua parte na execução?

Priorize as demandas de acordo com o impacto gerado para o cliente

Saber escolher onde investir o tempo é fundamental. Pense no impacto percebido pelo cliente versus o esforço demandado para realização. Monte a sua melhor equação e peça feedback constante para o cliente para medir o progresso. Sempre que perceber que está gastando tempo demais em atividades de menor impacto, pare, avalie como simplificar o processo, ou mesmo deixe de fazer se for a melhor opção no contexto específico. Sem apego e sem burocracia.

Defina prazos para suas tarefas

Se você tem várias atividades iniciadas e está com dificuldades em concluí-las, defina critérios de tempo para cada uma. Exemplo: caso tenha que escrever um relatório, estabeleça de 60 a 90 minutos nisso e conclua sem distrações. Ao final, tudo deve estar pronto, mesmo que você julgue não estar perfeito.

Erre rápido e corrija mais rápido ainda

Aceite com objetividade que algumas vezes você vai errar, e isso significa que você está tentando fazer algo diferente. Entenda o que deu errado, assuma responsabilidade e corrija a rota no menor tempo possível. Adaptabilidade é vida na nova economia.

Originalmente publicado neste site

Ronaldo Faria Lima
Desenvolvedor de software há 23+ anos. Escreveu software para indústrias diversas, como telecomunicações e hospitality, em sistemas que variam de aplicações de missão crítica a sistemas embarcados em plataforma móvel celular.

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