* Por Ivanir França

Escrevo para viver há cerca de 10 anos. escrevo em jornais, em sites, em revistas, escrevo contos, livros, filmes. É isso, eu escrevo.

E assim como em qualquer profissão ou atividade que alguém faz por muito tempo, adquiri vícios e mesmo não sabendo ao certo qual é: tenho um estilo de escrita. Um tom que identifica que aquele texto é meu.

Estilo, talvez, seja uma das principais características que faz alguém ler um texto ou outro. Gostar de um texto cheio de gírias, “piadotas” e gifs, ou achar tudo aquilo uma grande besteira e preferir um texto mais sério. a isso no marketing digital se alcunha: tom de voz. Não é bem isso, mas é isso.

Enfim, fodam-se os termos técnicos, é preciso ter um texto que faça com que as pessoas o leiam.

Para isso existem, desde a caverna de lascaux, formas de persuadir as pessoas, fazer elas vidrarem sua atenção em algo. Óbvio, como falei acima: o que agrada chico, não agrada francisco.

Logo, e você já deve estar irritado ou no mínimo curioso pela caixa baixa, entendendo se você deve falar com chico ou francisco, seguir estes passos pode, ou não, te ajudar a conquistar a atenção dos seus kiridus leitores.

1. Ajude as pessoas

Acredito que tu já leu, viu, ouviu, aplicou ou aplica essa tática, pois bem o foco é esse mesmo: entregue a pessoa que está do outro lado do monitor, do papel ou do canal de comunicação que tu preferir, algo que a ajude, que resolva algum problema dela.

Tenho incutido na minha cabeça, de tanto ler textos de mais de 5 mil palavras, que trazem pomposos no seu título: “como fazer tal coisa…” e não explicam como fazer a dita coisa, por que diabos alguém perdeu meio dia de vida para escrever essa merda.

2. Seu conteúdo precisa ensinar

Ajudar é diferente de ensinar, embora se complementem, mas, porém, contudo, todavia, não são a mesma coisa. E o seu conteúdo além de ajudar o leitor deve ensinar. Trazer um dado novo. Um fato que faça o leitor se interessar pelo texto, pois é certo, independente do canal, o leitor chegou ao seu conteúdo pela promessa que tu fez.

3. Crie uma conversa

Recentemente estava cursando História, e entre os vários textos obrigatórios, uma frase chamou a atenção: “somos seres sociais”. O serumaninho vive em grupos e faz questão disso. Mesmo os góticos têm grupos – experiência própria -. E uma das coisas que se faz em grupo é trocar uma ideia. Logo, faça com que seu conteúdo estimule um diálogo.

Aqui é importante entender que a pessoa não precisa comentar no seu texto. Te mandar um whatsapp, no meio da noite querendo falar sobre um tópico da vaza jato. O que seu texto deve incutir no leitor é: a ideia de uma conversa. Se ele comentar no seu texto perfeito, fofo e cheiroso, mas nem sempre isso vai rolar. E o que vai acontecer é que essa pessoa vai falar com outras pessoas sobre o texto, vai refletir sobre o assunto.

4. Defina seu tom de voz

Percebeu que queimei a largada. Sim e não. Você terá seu estilo, eu tenho o meu, mesmo em textos com desenhos diferentes há um id lá.

Mas aqui é tu definir o foco da sua marca. Como a persona, que vai ler seu conteúdo – seu cliente -, quer recebê-lo.

Mas não foque só em como a persona quer ler seu conteúdo, foque também em como sua marca quer escrever. Um bom exemplo – não vai ter print – é a netflix. Ela tem um tom de voz definido – uma branding persona forte -, que seu leitor quer ler e ao mesmo tempo o tom de voz da vida à marca. Tanto que de tempos em tempos rolam memes de clientes #xatiados, que não gostaram de uma postagem e tomam nos dedos por não gostar.

Porém, não saia xingando todo mundo, apenas tente entender a intenção do usuário com seu conteúdo e a sua intenção em publicar aquele conteúdo e entenda se as intenções convergem.

5. Escreva para uma pessoa – apenas uma pessoa

Haverá vários leitores do seu conteúdo. Na real, a ideia é que o maior número de pessoas leia seu conteúdo, e compre a mensagem passada nele. Porém, sua redação deve ser focada em uma pessoa: a persona.

Com esse recorte, você conseguirá entregar mais valor no seu conteúdo e provavelmente irá gerar mais resultados.

6. Use o Google voice typing

Como seu conteúdo soa? Lembra de construir um diálogo, pois bem, use ferramentas como o voice typing para entender como seu conteúdo soa, de ouvir mesmo, que mensagem ele passa e faça ajustes para que fique o mais confortável ao leitor.

7 . Utilize voz ativa e não passiva

Leve ao seu leitor a ideia de que você é especialista naquilo que está falando, ou no mínimo, estudou muito sobre o assunto antes de colocar tudo no “papel”.

Uma coisa muito importante é: dê ao leitor um norte. Basicamente mande, de forma sútil, ele fazer o que tu quer que ele faça.

8. Escreva parágrafos curtos

Embora eu discorde deste ponto e tenha uma exacerbada tendência a escrever parágrafos longos, dependendo do conteúdo e do seu público, quanto mais curtos eles forem, mais tempo o leitor ficará no texto.

Basicamente, é um truque, pois mesmo que cada parágrafo tenha duas ou três linhas, no fim do texto haverá 2, 3, 4 mil palavras.

E cabe trazer algo muito importante que aprendi com um professor de redação jornalística: “se o texto tem que ter 200 caracteres, ele tem de ter 200. Se o texto tem de ter 8 mil palavras, ele tem de ter 8 mil palavras”. A moral é: não entregue um conteúdo incompleto.

9. Use palavras simples

Simplicidade não significa que seu texto será pobre. Isso é essencial: o texto deve ser profundo e rico, sempre.

Não obstante, ele deve ter uma linguagem simples e acessível, salvo sua persona ser mestrando em Literatura, especializado em Bakhtin ou Bataille, não use termos como: “não obstante” no lugar de “mas” ou “tergiversar” no lugar de “enrolar”.

Lembre, adeque ao seu público. Sempre pense na intenção do público com aquele conteúdo e na sua intenção ao escrever aquele texto. Em alguns casos, construir um artigo mais rebuscado vai fazer sentido, em outros não.

10. Confirme suas informações

O princípio básico do jornalismo mais importante é a veracidade das informações. E embora escrever um conteúdo sobre inbound marketing não tenha outros princípios da notícia, como o interesse público amplo, é essencial demonstrar ao leitor que aquilo é verdade.

Logo, se você apresenta dados, mostre de onde eles vêm. Se você traz entrevista, contextualize o leitor sobre quem é o entrevistado e por que ele é importante naquele contexto.

Algo digno de nota é: dados não são só números. Dados são textos, são gravações, são fotografias, são informações em qualquer formato. Para quem tem interesse há um curso sensacional, em andamento, sobre jornalismo de dados na Knight Center for Journalism in the Americas.

11. Leia bons escritores

Gabriel García Márquez conta em entrevista, no livro “El olor de la guayaba”, que sua base literária era composta por grandes escritores. Japoneses, americanos, europeus e latinos.

Algo que chama atenção na sua fala é que ele percebeu a genialidade de Cervantes após escrever seus primeiros livros.

Logo, acompanhe grandes escritores da sua área, mas não só: busque referências no jornalismo, na literatura, roteiristas, no cinema, etc. Algo muito importante é ler HQs e roteiros de teatro ou cinema e perceber como é construída a história, como são as pausas, como são as transições entre as cenas.

Pode não parecer, mas escrever é fazer alguém imaginar cenas. É evidente que elas não precisam ser sobre a terra média. Pode ser apenas sobre como caminhar do ponto a ao b dentro de uma residência em chamas, onde um gato preto, com um olho verde e outro cinza, com um miado rouco, arranha a porta do sótão …

12. Faça conteúdos audiovisuais

Vídeos, vídeos, vídeos, podcasts, gifs, fotos e etc. É natural nos informarmos por essas mídias. Quantas vezes você aí leitor, tu mesmo, não se faz, entrou no youtube para ver um vídeo sobre SEO e duas horas depois estava no 5º vídeo sobre como ganhar a vida no Sri Lanka vendendo sua arte.

Pois então é isso, vídeos atraem nossa atenção, há explicações sensacionais sobre isso no livro “a audiovisão: o som e a imagem no cinema“, mas se você não quer pagar 120 dinheiros pelo livro, pode ler este estudo sensacional, batuta para dizer a verdade, sobre o youtube no brasil: estudo global sobre o usuário do youtube: brasil. Sim já está direcionado, é só pegar os dados, compilar e ser feliz.

Além disso, use a buzzsumo para ver quais conteúdos do seu nicho estão performando bem e note que a maioria deles não têm um vídeo, um podcast, um infográfico, etc. A oportunidade tá ali é só fazer e ranquear.

13. Guie seu leitor ao próximo passo

Se você não quer pagar 120 dinheiros pelo livro, pode ler este estudo sensacional, batuta para dizer a verdade, sobre o youtube no brasil: estudo global sobre o usuário do youtube: brasil. Sim, já está direcionado, é só pegar os dados, compilar e ser feliz.

Basicamente isso, dê “ordens” sutis ao leitor. Direcione ele a fazer o que tu quer.

14. Encerre seus conteúdos com uma conclusão

Conclusão:

Como você pode perceber…

Não faça isso, é horrível, para não dizer piegas. Brega mesmo. Tu podes concluir seus conteúdos de forma sútil e linear. Algo que dê ao leitor esse entendimento. Você o guia, pela leitura a entender que o texto está chegando ao fim e não vai rolar biz.

Há várias formas de fazer isso, desde as mais óbvias: “para finalizar …”, ou apenas uma condução mais fluida ligando um parágrafo ao outro, ou tu pode fazer um bloco final, por exemplo: opinião, algo assim.

E sim, se o conclusão clássica funciona para ti, vai lá, segue firme no que dá certo para o seu objetivo.

Algo que cabe aqui e é muito propagado por redatores é: termine seu texto com uma pergunta. mas de novo, não seja raso, não encerre o texto com uma pergunta, “pergunta”: “e você, quais são seus passos para escrever?”.

Encerrar um texto assim é no mínimo deplorável. Seja sagaz, construa um parágrafo que faça um questionamento ao leitor sem necessariamente ter uma interrogação berrando no final do texto.

15. Inicie o conteúdo com uma história pessoal

Discordo veementemente deste tópico, porém ele tende a funcionar. Mas não encaminhe seus conteúdos há um diário pessoal, use exemplos que façam sentido e necessariamente não precisam ser pessoais.

Você pode começar um texto com dados, comparativos de negócio, enfim, pode inclusive iniciar com uma pergunta – mas tome cuidado de fazer a pergunta e respondê-la.

Pense na velha lógica do jornalismo: notícia é: “Homem é mordido por cachorro no Ticen” ou “Cachorro é mordido por homem no Ticen”?

Embora em um contexto de interesse e saúde pública os dois fatos sejam notícias, as chances de uma manchete: “Cachorro é mordido por homem no Ticen”, chamar muito mais atenção dos leitores. Até por que é esperado, é normal que um cachorro morda alguém. Já um homem morder um cachorro é “inédito”.

16. Escreva e edite só no final

Pessoalmente, tenho uma tara por escrever e já revisar, e revisar mais umas três vezes na sequência. Tanso, sim, de feder. O ideal é escrever tudo. Despejar as ideias sobre o teclado e só depois fazer os cortes necessários e colocar as vírgulas no lugar – algo que nunca faço.

Essa dinâmica te dá agilidade na escrita, pois você não interrompe seu raciocínio e a escrita só vai.

17. Crie conteúdos com começo, meio e fim

Com certeza, tu já leu textos que no fim a vontade é matar o escritor. Já falei isso aqui, ali no tópico 1. Falo de novo e talvez: esse texto para você seja um desses malditos.

Foque em construir uma linha lógica no seu texto. Chame de storytelling se preferir, mas foque em fazer com que o leitor siga um caminho lógico e fluído.

A “manha da lasanha” do jornalismo é um ótimo caminho. Se preocupe em explicar no início do texto: a) quem?, b) como?, c) por quê?, d) quando? e) onde?. Se você responder a essas perguntas – que não precisam ser nessa ordem – seu texto irá guiar o leitor do início ao fim sobre a história.

18. Deixe o conteúdo dormir

Por fim, pero no menos importante: escreva seu texto e dê a ele um tempo para descanso, um tempo para ele repensar seus conceitos e para ti também.

Esse tempo é essencial para, que com a cabeça mais tranquila e livre da carga de pesquisa, ao escrever o conteúdo, você tenha outro olhar sobre o material. E como diz Fernando Pessoa – mas estou em dúvida se foi ele mesmo -,”todo texto pode ser enxuto”, para ser mais pragmático.


Ivanir França é Jornalista, Roteirista, Cineasta e atual analista de conteúdo da Delivery Much. Pós-graduado em cinema e graduando em História.  

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