* Por Francisco Perez

Há pouco mais de 20 anos, eu estava concentrado no setor de telecomunicações, recém privatizado no Brasil. Foram anos de muita inovação, e acabei fazendo parte da geração que trabalhou na formação do backbone de dados no país, que serviu de base para a Internet que conhecemos hoje.

Por outro lado, também estava desenvolvendo uma capacidade para gerenciar negócios, profundamente marcado pelas instabilidades econômicas que se viviam naqueles anos.

A maioria dos profissionais que hoje pertencem à turma dos 50+ vivem uma fase profissional de alta produtividade em ambientes de inovação, dentro de grandes corporações ou em startups. A vida dessa geração nunca esteve tão agitada. Na mochila, eles carregam uma capacidade de execução forjada naqueles anos difíceis onde empreender era algo totalmente fora dos planos da grande maioria.

Vivemos uma época extremamente propícia para o empreendedorismo no mundo. De um lado, temos uma geração 50+ com a mente aberta ao novo e cheia de energia e, do outro lado, a geração 30+, que está mais madura do que éramos na mesma idade.  A união desses fatores cria um ambiente propício de interdependência entre as gerações, facilitando o convívio entre todos onde cada um entrega o que tem de melhor, juntos e misturados.

Essa integração tem um poder de resultados exponenciais, pois une-se a capacidade de inovar das gerações nativas digitais com a capacidade de execução e disciplina das mais maduras. Isso potencializa a ação a partir da criatividade coletiva.

Um estudo recente realizado pelo US Census Bureau e o MIT constatou que os empreendedores mais bem-sucedidos tendem a ser de meia idade mesmo no setor de tecnologia.

Os pesquisadores compilaram uma lista de 2,7 milhões de startups e concluíram que a idade média dos fundadores das empresas de maior sucesso era de 45 anos na época da fundação. Em termos gerais, a pesquisa aponta que um empreendedor de 50 anos tem 2,2 vezes mais chances de iniciar uma empresa extremamente bem-sucedida do que um de 30 anos e 2,8 vezes mais do que um de 25 anos.

O mundo está demasiadamente complexo para ser gerido por uma visão unilateral, como fizemos no passado. O ambiente hoje exige muita mais competência do que aparenta, e quem souber fazer o bom uso dessa interação intergeracional estará muito mais preparado para o sucesso.

O desafio agora é acolher todas as gerações numa só cultura e mostrar que essa diversidade é imprescindível para os negócios nascentes.

Se você está com planos de empreender, busque um sócio fundador de outra geração, isso vai acelerar o desenvolvimento da sua empresa e aumentar as chances de sucesso.

* Francisco Perez é matemático e engenheiro eletricista, com pós-graduação em Desenvolvimento de Negócios pela EAESP-FGV e Finanças Corporativas pela FDC. Possui mais de 20 anos de experiência em gestão de investimentos e desenvolvimento de novos negócios como diretor do Banco Alfa e Inseed Investimentos. Atua em diversos conselhos de administração de startups. Atualmente é Head de Investimentos da Glebba Investimentos.

Publicação Original


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder