Agrotech Doroth identifica com antecedência a chegada de doenças microscópicas

A safra de soja de 2020 para 2021 pode ganhar uma nova aliada na economia de despesas. A startup Doroth pretende lançar no mercado um dispositivo capaz de prevenir a chegada de doenças como a ferrugem-asiática, a mais grave na cultura da soja. No Brasil, esta doença provoca um custo médio de 2,8 bilhões de dólares por safra, de acordo com levantamento da Embrapa.

A dificuldade dos agricultores em lidar com a ferrugem-asiática está em sua identificação. O primeiro estágio de contaminação é silencioso, com surgimento de sintomas visíveis somente em uma fase avançada da doença. O aparecimento das primeiras manchas amarelas já indica o contágio de toda plantação, o que pode ocasionar uma perda de até 60% do plantio.

Sendo assim, para evitar a ferrugem-asiática, os agricultores usam uma estratégia de prevenção: aplicam fungicida a cada 20 dias, gerando uma média de cinco aplicações em todo o período de safra. O problema dessa forma de manejo é que ela é cara e provoca, muitas vezes, o uso desnecessário do produto. Nem sempre a lavoura está sob ameaça de contaminação e, ainda assim, a prática adotada é o uso contínuo do fungicida.

Biodados que economizam

A Doroth, startup de São Paulo, pode mudar totalmente a maneira como a lavoura de soja se protege dos fungos. A Agrotech criou um dispositivo, as DOTs, que utiliza imunossensores para identificar a concentração de esporos fúngicos no ar. A ferrugem-asiática viaja entre os estados brasileiros em uma velocidade de 20 a 30 km por dia. Cada DOT tem uma capacidade de monitoramento de até 50 km, assim, o equipamento comunica com antecedência a chegada de uma nuvem fúngica.

Com a identificação precisa da proximidade dos esporos, a startup evita o uso contínuo do fungicida, indicando a aplicação somente quando necessário. “Além de verificar a concentração dos esporos no ar, a gente tem um modelo matemático que analisa o quão suscetível a lavoura está diante da chance de proliferação do fungo”, explica Camilla Amaral, CEO da Doroth. De acordo com a empreendedora, o impacto da solução pode alcançar uma economia de até 50% nos gastos da safra de soja.

Lançamento em 2020

Hoje, o produto está em fase de testes, em uma parceria da Doroth com a SLC Agrícola, uma das maiores produtoras brasileiras de grãos e fibras, focada na produção de algodão, soja e milho. A startup também recebeu fomento do PIPE-FAPESP, para apoio na execução da pesquisa científica e tecnológica.

Desde julho, a Agrotech vem avançando rapidamente no projeto com apoio da aceleração do Sevna Startups, de Ribeirão Preto. “Estar no Sevna me fez entender quais eram as etapas e os processos da jornada, além de como eu poderia fazer isso. A gente evoluiu e amadureceu muito neste tempo”, comenta Camilla Amaral.

Até o momento, a previsão de lançamento das DOTs no mercado atende a safra de soja de 2020 para 2021.

Curiosidade

Para quem ficou pensativo em relação ao nome da startup, a referência é cinematográfica. No filme “Twister”, dirigido por Jan de Bont, pesquisadores correm em busca de tornados para testar o protótipo de Dorothy, dispositivo inovador de coleta de dados que pode ajudar na prevenção de furacões.

De acordo com Camilla, o paralelo está presente no objetivo, ou seja, a prevenção de uma ameaça: “A ideia é ajudar o agricultor a identificar esses seres microscópicos que ele não vê”, conclui.

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