A Endeavor é a organização líder no apoio a empreendedores de alto impacto ao redor do mundo. Presente em mais de 30 países, e com 8 escritórios em diversas regiões do Brasil.
Esse texto traz aprendizados da mentoria coletiva, 100% remota, com Martin Escobari, Nico Szekasy e Shailesh Rao. Esse material faz parte de uma série de conteúdos lançados pela Endeavor para ajudar empreendedores a navegarem pela crise.
Em tempos de grandes incertezas, nós sabemos de uma coisa: estar em uma rede de apoio faz toda diferença. Ainda mais quando nossa comunidade conta com grandes investidores e referências do empreendedorismo mundial. O painel “Como navegar em tempos turbulentos” contou com a participação de investidores e fundadores de grandes empresas: Martin Escobari é diretor geral da General Atlantic e foi co-fundador da Submarino.com, Nico Szekasy é co-fundador da Kaszek Ventures e Shailesh Rao é sócio da TPG Growth.
Mediado por Linda Rottenberg, fundadora da Endeavor, e Allen Taylor, diretor geral do Endeavor Catalyst, nosso veículo de co-investimento para Empreendedores Endeavor, a conversa tratou dos principais desafios e as melhores práticas para as empresas saírem da crise mais fortes do que estavam antes.
Como se preparar para o futuro
Geralmente, os empreendedores são otimistas; os investidores pessimistas. Mas, nesse tipo de contexto, devemos ser realistas. São tempos difíceis e nunca vividos e, como fundadores, é preciso estar aberto para as decisões difíceis.
A natureza da crise é de volatilidade, na qual cada dia é completamente diferente e, portanto, tudo se volta para o curto prazo. É um fato. Seu planejamento de 2020 não será mais o mesmo. Mas, ainda assim, não significa que você precise tomar decisões impensadas e desesperadas. A ansiedade não faz bem para a saúde do negócio – e nem para a sua.
Existem diversos cenários e possibilidades do que pode acontecer agora e, segundo Martin Escobari, os empreendedores podem cometer dois erros:
- Não cortar gastos o suficiente – é preciso garantir caixa para 18 meses, como se o negócio estivesse em coma por esse período.
- Não entrar na defensiva cedo – os empreendedores obtêm sucesso por ignorarem os riscos, mas, nesta situação, a mentalidade é outra: é preciso entender a dimensão do risco.
Antes era sobre crescer, agora é sobre preservar caixa.
Não sabemos se a crise irá durar seis ou 12 meses, mas devemos ter em mente que vai passar, e no final terá uma série de oportunidades para os empreendedores. O foco está em garantir a sobrevivência neste período, já que depois teremos uma luz no fim do túnel, especialmente pra quem for rápido e tomar decisões ágeis e precisas. Ou seja, preservar 18 meses de caixa é construir um negócio de longo prazo.
É preciso internalizar onde você quer estar em 2030 e tomar as decisões agora.
Como engajar o seu time durante a crise
A melhor forma de engajar os colaboradores, neste momento, é com uma comunicação verdadeira e transparente, compartilhando a realidade e enfocando a missão e o propósito da empresa. Assim, você fará o seu time lembrar do porquê eles estão ali.
Além disso, é importante saber comemorar as vitórias, porque existem sim vitórias nesse cenário adverso.
Como relacionar com investidores
A situação das empresas é muito diferente, temos aquelas em que a receita caiu drasticamente, que perdeu muitos clientes, outras estão conseguindo sobreviver e algumas, em setores em ascensão, que estão vendo suas demandas aumentarem.
Sendo assim, existem medidas diferentes para cada um dos casos. Mas, o primeiro conselho dos investidores é sempre olhar para dentro e encontrar formas de reduzir os custos para ter um bom runaway (fôlego de caixa). Seja reduzindo custos fixos, equipe ou gastos com marketing e expansão, por exemplo.
Além disso, é preciso ter uma boa comunicação com o seu board e falar abertamente sobre o seu novo plano de negócios para conseguir apoio.
O pilar principal desse relacionamento é a gestão da confiança, empreendedores e investidores precisam compartilhar dos mesmos valores e ter uma grande abertura para a comunicação, ainda mais em um momento em que não há contato humano.
Os investidores estão conservadores, mas também estão olhando para os setores em ascensão e analisando como estão performando e como irão continuar sendo valiosos no pós crise.
Para empresas que oferecem serviços digitais, é preciso aproveitar a oportunidade que a situação está dando para trabalhar com a aquisição de clientes. Por exemplo, telemedicina precisará continuar provando valor após a pandemia, assim como plataformas que ensinam línguas.
Por outro lado, nem tudo está perdido. É provável que alguns investidores estejam em busca de novas empresas, então, então, provavelmente, eles olharão para aquelas que estiverem performando melhor e com mais oportunidades.
Como será o pós crise
Nós vamos continuar uma transformação digital que começou na década passada. Em 10 anos, nós vamos acelerar a caminhada para essa direção.
O novo normal trará mais oportunidades para a vida digital.
Talvez essa crise tenha apenas acelerado, ainda mais, um caminho que a gente faria em cinco ou dez anos. Por isso, as experiências offlines serão desafiadas a provar valor quando tudo passar.
Se eu fosse um empreendedor e fosse começar um negócio, seria algo dentro dessa onda digital.
Nico Szekasy
Lições finais
Esse é o momento de focar no core business, analisar como está a situação do seu negócio, se você está performando bem e como sobreviver por 18 meses. Se você não sabe a curva de demanda, evite tomar decisões mais arriscadas.
Também é o momento ideal para você se aproximar dos seus clientes e pensar em como mudar a operação para criar uma melhor experiência para eles. Não é hora de tentar adquirir novos clientes. Assim, seu negócio consegue emergir da crise com uma série de clientes leais.
Shailesh Rao
“Fiquem focados, continuem acreditando, esse é um teste para todos e vai ter um final. Então, eu sou otimista e vejo o lado cheio do copo. Tenha empatia, fique com seu time e cuide da sustentabilidade do seu negócio. Precisamos manter nossa humanidade. O nível alto de humanidade beneficia sua empresa.”
Nicolas Szekasy:
“Eu já vivi várias crises, então sou otimista e sei que vai passar. Então, tenha paciência, seja estrategista. Tem luz no fim do túnel, não sabemos quando, e teremos um mundo cheio de possibilidades. Estou animado, como investidor, para ver o que teremos quando chegar lá.”
Martin Escobari:
“Vai passar, e nós vamos ressurgir depois de uma experiência de quase morte. E retomaremos com o dobro de energia para fazer acontecer como se não houvesse um amanhã. Além disso, é um chamado para sermos solidários em uma situação séria. Tenho certeza de que sairemos mais fortes.”
Se ajudarmos uns aos outros, iremos emergir muito mais fortes.
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