Conhecida pela integração entre tecnologias e processos com o intuito de aumentar a performance e o alcance de um serviço ou produto, a transformação digital vem ganhando força em diversos setores nos últimos anos.

Segundo uma projeção do portal alemão Statista, o faturamento do mercado de transformação digital global foi de US$ 1 trilhão em 2018 e a expectativa é que até 2023 esse valor chegue a US$ 2,3 trilhões.

Seguindo essa tendência, uma das áreas que aderiu a esse processo foi a educação. Com novas soluções, tanto para alunos quanto para professores, o setor tem ganhado destaque no mercado. O relatório estratégico “Higher Education Market Size, Growth, Opportunity and Forecast to 2025”, feito pela MarketWatch, aponta que o valor do mercado global de ensino superior deve chegar a US$ 105,72 bilhões em 2025.

O Grupo educacional Cogna, que existe no Brasil há 50 anos, acompanhou essa movimentação de perto. Atualmente, a empresa atua em todos os níveis escolares e possui 4 marcas em seu portfólio: Kroton (B2C ensino superior), Platos (B2B ensino superior), Saber (B2C educação básica) e SOMOS (B2B educação básica).

Para Anieli Scandarolli, gerente de Inovação Aberta da Cogna, a transformação digital vai além da inclusão de tecnologia dentro da empresa e inclui também a colaboração entre áreas multifuncionais, envolvendo, dessa maneira, mais pessoas do que tecnologia. “O grande desafio que temos hoje é potencializar nossa cultura digital buscando sempre o melhor desempenho e experiência para os nossos alunos. É uma transformação que, primeiro, vem de dentro, uma transformação cultural. Isso vem acontecendo com muitas empresas em diversos segmentos que, assim como a Cogna, estão passando pela transformação digital também. É uma transformação que leva tempo”, afirma.

Com isso, ela ressalta os desafios da transformação digital em escolas e faculdades e fala sobre a a importância de um projeto pedagógico consistente, regras de negócio engajadoras, uma boa experiência e usabilidade para que a tecnologia seja integralmente útil. “Criar uma cultura de aprendizagem e experimentação dentro das instituições também é fundamental para entender quais as melhores soluções para os alunos e professores antes de implementar para todos. Potencializar a transformação cultural na ponta, dentro das instituições de ensino, é essencial”.

Inovação aberta

Ainda em 2017, observando o processo de digitalização em grandes empresas no Brasil e no mundo, o Grupo Cogna começou a desenhar uma área de Inovação Aberta dentro da companhia a fim de estabelecer a inovação digital e trabalhar com metodologias ágeis no processo de desenvolvimento de novos produtos.

Nascida portanto, há dois anos, dentro do setor de tecnologia, atualmente a área está sob o guarda-chuva de ‘Gente, Cultura e Inovação’ e atua em duas frentes: catalisadora de Inovação Aberta na companhia e mantenedora do Cubo Education, ambiente com foco em edtechs dentro do Cubo Itaú.

Nesta primeira, ela atua como interface entre o ecossistema de inovação e as áreas de Negócios da Cogna. Segundo Anieli, seu objetivo é agilizar algumas estratégias relativas à inovação e resolver as dores da companhia.

Ela conta que seguindo essa vertente, 500 startups participaram de um processo de curadoria e 381 conexões foram realizadas entre elas e as áreas de negócios da companhia, o que resultou em 43 experimentos de inovação, onde 70% viraram parceria.

Anieli Scandarolli, gerente de Inovação Aberta da Cogna. 

“Do total de experimentos, 50% foram relacionados à educação e a outra metade ligada à eficiência operacional (automação, produtividade etc.) para a empresa. A eficiência é uma característica muito forte da cultura da Cogna e modernizá-la tem relação direta com a transformação digital”, afirma a executiva.

Anieli também fala que a ideia de começar com pilotos e provas de conceito, por exemplo, é uma forma de minimizar alguns riscos, além de testar o ganho de valor mais rápido possível no formato de experimentos que podem levar de dias a até 6 meses.

Para ela, com o ínicio de uma relação entre grandes empresas e startups também nasce um cenário de riscos para ambos lados, já que durante a trajetória a startup pode morrer, ser “engolida” pelas demandas da companhia ou até mesmo não ter a capacidade de atendê-las. “É preciso pensar no ‘ganha ganha’ entre grande empresa e startup nessa negociação. Por isso, estimulamos essa cultura de experimento, algo bem comum na área de Inovação Aberta e que também faz parte dessa cultura digital”.

Assim, quando validado que a parceria faz sentido, dá-se início ao desenho de projetos que permitem escalar a solução para todos, mas ainda de forma faseada para garantir um aprendizado nas primeiras etapas e uma melhor implantação posteriormente. “Fechamos contrato de um ano, e, conforme os resultados vão sendo confirmados, seguimos para contratos maiores, ajudando, inclusive, a startup a escalar dentro de uma grande empresa”, explica a executiva.

Entre as startups que ajudaram a companhia na jornada de inovação, Anieli cita a Agenda Edu, que está trabalhando na melhoria das formas de comunicação nas escolas de educação básica da companhia, e a Kanttum, responsável por diagnosticar a performance dos professores do Grupo.

Ela destaca ainda que no início de 2020, além de todas as mudanças que a companhia já vinha realizando, como a implementação da metodologia ágil em escala, a área passou a enfatizar o trabalho da inovação também como um pilar cultural. “Como gerente de inovação aberta, meu objetivo é aproximar os colaboradores dessa ideia, fazer com que conheçam o que é inovação aberta, como ela funciona e a importância dela para a educação e para a empresa como um todo”.

No Cubo Education, o principal objetivo é identificar startups interessadas em resolver questões relevantes da educação brasileira ou pensar em soluções disruptivas para o setor. Assim, com a parceria criada desde 2018, a Cogna já mapeou diversas startups para compor a comunidade. Desde o início da seleção, mais de 255 edtechs participaram do processo seletivo e 22 foram selecionadas para compor o hub.

A gerente explica como a Cogna se relaciona com as startups que fazem parte do Cubo Education. “Nós queremos apoiar todas as startups que pensam a educação de maneira inovadora. Assim, como sponsor do Cubo Education, queremos ajudá-las a crescer e escalar. Para isso, e por estarem diariamente ao nosso lado,  as startups membros da comunidade Cubo Education tem prioridade no acesso e resolução dos desafios de inovação da Cogna. E, estamos sempre pensando em um jeito de escalá-las dentro da empresa, resolvendo alguma dor ou oportunidade existente”.

Além disso, ela também cria a conexão entre essas startups e outras empresas e instituições que procuram a vertical de educação em busca de soluções inovadoras, fortalecendo, dessa maneira, a comunidade de edtechs.

“Hoje as startups que compõem a comunidade já são selecionadas na maturidade de estar prontas para escala e a ajudamos nesse processo. Essa foi uma decisão tomada para acelerar a transformação digital do setor. No entanto, falamos e temos relacionamento com todas as edtechs, independente de seu estágio de maturidade, e estamos sempre buscando oportunidades para elas também, seja apoiar em uma validação ou tê-las próximas para resolvermos juntos as dores existentes na ponta”.

Aceleração da transformação digital na pandemia

Anieli conta que a área de Inovação Aberta da Cogna percebeu um aumento relevante na procura por soluções logo na primeira semana de isolamento social. “As pessoas de dentro da empresa passaram a nos acionar com mais frequência. Num contexto de crise, ter uma área de inovação aberta é algo muito importante para uma companhia. E como esse hub do Cubo já era institucionalmente um lugar de buscar inovação, houve um aumento significativo nas demandas internas. Desde o início da pandemia até o momento, já recebemos 41 desafios de inovação pelas áreas de negócio, dentro dos quais 27%  estão diretamente relacionados a crise do novo coronavírus. Também direcionamos nosso orçamento de inovação para priorizar os projetos que ajudassem as áreas de negócio a enfrentar a crise”, revela.

Anteriormente à covid-19, ela explica que o foco era mais direcionado a inovações que levassem valor agregado para a ponta, para o cliente. “Quando estourou a pandemia, em um primeiro momento, houve uma mudança no perfil dos desafios que chegavam à nossa área. Eles passaram a se voltar com mais intensidade a questões relacionadas à eficiência operacional. Ficou, então, mais evidente a necessidade de trazer automações para o backoffice da empresa, o que já existia durante a transformação digital, mas aparentemente tornou-se mais relevante”.

Atualmente, todos os alunos atendidos pela Cogna estão estudando online e o NPS no ensino superior apresentou um aumento durante a pandemia. Para a gerente, essa tendência comprova que a companhia já estava preparada para essa transição digital.

Ela conta também que, além dos desafios voltados à eficiência, a área de Inovação Aberta da empresa passou a receber desafios voltados a visões preditivas de tendências. Além disso, áreas como Marketing, Infraestrutura e Operação aumentaram suas solicitações de dados (BI, Big Data, Inteligência Artificial).

“Entendo que essa importância dos dados tornou-se essencial para ajudar a empresa a desenhar cenários e ajudá-las na tomada de decisões, a pensar nos próximos passos durante e após a pandemia. As coisas estão mudando de forma muito veloz. Então, ter esses dados estruturados ajuda na governança e a ter mais rapidamente informações e análises”, destaca.

Recentemente, pensando em contribuir com empreendedores e fomentar o ecossistema durante a atual crise, a Cogna disponibilizou gratuitamente a trilha de estudos ‘Empreender: desafios e oportunidades’. Composto por três módulos – plano de negócios, plano de marketing e inteligência emocional – o material fornece orientação sobre como agir durante uma crise; como realizar um planejamento financeiro consistente; como garantir uma boa experiência ao cliente e explorar da maneira mais eficaz as plataformas digitais, além de apresentar, no final da trilha, dicas para traçar perspectivas nos negócios durante a pandemia.

O curso está disponível na plataforma da Aliança Brasileira pela Educação, frente de impacto social da companhia, e pode ser acessado no link.

Por fim, Aniele fala sobre a importância do relacionamento entre grandes empresas e startups. “Além de impulsionar a inovação dentro das companhias, as startups ajudam a levar uma mentalidade disruptiva para as empresas, conseguem oferecer soluções mais ágeis para as dores de negócios. Esse relacionamento com startups permite uma mudança no modo como as pessoas veem a empresa e seu ambiente. Desta forma, começam a se abrir também para ouvir e trocar, não só dentro da própria empresa, mas também com outras empresas. Com a maturidade do modelo de inovação aberta podem surgir cooperações com diversas instituições do ecossistema, potencializando as oportunidades de inovação.”

Atualmente, a Cogna atende mais de 2,2 milhões de estudantes de todo o Brasil, sendo mais de 900 mil alunos diretamente e 1,3 milhão, por meio das escolas e instituições de ensino parceiras, e beneficia, através de atividade de impacto social, mais de 3 milhões de pessoas.

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