Em painel virtual, organizado pelo Sebrae, convidados apresentaram as vantagens do Pix para melhoria do fluxo de caixa das empresas

A utilização do novo meio de pagamento, o Pix, ainda é desconhecido para muitos donos de pequenos negócios. Em funcionamento há apenas uma semana em todo o país, o serviço, criado pelo Banco Central, ainda é motivo de dúvidas para os empreendedores. Para esclarecer e orientar os empresários sobre essa novidade, o Sebrae abordou o tema nesta terça-feira (24), durante a 7ª Semana Nacional da Educação Financeira, durante o painel virtual “Pix – receba os pagamentos em segundos e melhore seu fluxo de caixa”.

O evento destacou os benefícios do uso do Pix pelos donos de pequenos negócios, principalmente no que se refere aos impactos na gestão financeira das empresas já que o serviço vai possibilitar o recebimento de recursos de forma instantânea, por 24h, ao longo de todos os dias, inclusive finais de semana e feriados.

De acordo com a analista do Sebrae e moderadora do painel, Cristina Araújo, o aumento da digitalização das transações financeiras por parte da população brasileira exige cada vez mais a atenção dos empresários quanto ao controle gerencial das micro e pequenas empresas. Segundo ela, o uso do Pix vai ser positivo na rotina financeira dos negócios. “Uma vez que o dinheiro cai na conta na mesma hora, isso permitirá a tomada de decisões mais assertivas seja para negociar com um fornecedor, pagar uma dívida ou investir no negócio”, explicou.

Para explicar o funcionamento do Pix, o Sebrae convidou a assessora do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Mayara Yano; o presidente da fintech Stone, Augusto Lins e gestor da padaria Império de Teresópolis (RJ), Enrico Marelli.

Confira abaixo os principais trechos do painel virtual “Pix – receba os pagamentos em segundos e melhore seu fluxo de caixa”:

Moderadora: o uso do Pix oferece um custo operacional menor que os outros meios de pagamentos eletrônicos já existentes, mas como esse baixo custo pode chegar no pequeno negócio?

Mayara Yano: O primeiro ponto é o custo de transação menor do que outros instrumentos como boleto ou cartão, que dependendo do caso e da instituição financeira, pode ser gratuito. Como o Pix é um modelo com menos intermediários e a plataforma é provida pelo Banco Central, considerado um agente neutro, que não visa lucro. Outro ponto é o alto grau de competição entre as instituições financeiras credenciada para operar o Pix e isso acaba gerando ofertas interessantes para os empresários. Vale ressaltar que para as empresas, o Banco Central não vai regular a tarifação neste momento, mas temos observado que muitos agentes financeiros têm oferecido isenções totais ou por algum período. Por outro lado, observamos algumas instituições que adotaram um modelo de precificação semelhante ao do boleto. A recomendação é que os empresários pesquisem as melhores condições antes de escolher a instituição financeira que vai utilizar o Pix, analisando os custos das tarifas e os serviços agregados oferecidos.

Moderadora: O que você acha que vai mudar na rotina do fluxo de caixa da sua padaria com o uso do Pix?

Enrico Marelli: Aqui na padaria, nós movimentamos muito dinheiro em espécie e pouco cartão. Então, eu enxergo como uma boa alternativa para receber os pagamentos, principalmente porque temos dificuldade de troco. Eu também enxergo facilidade na redução de custos porque quando se trata de fluxo de caixa, em tempos de pandemia, o fato de receber o dinheiro na hora pelo Pix vai ajudar para negociar um desconto com um fornecedor, por exemplo.

Moderadora: No caso dos empresários que atuam no comércio online, quais as facilidades que o Pix oferece?

Mayara Yano: É importante destacar que o API PIX foi criado com a possibilidade de ser integrado às plataformas de comércio online, como lojas virtuais e marketplaces para facilitar a gestão e conciliação dos pagamentos. Pensando em um exemplo concreto da Black Friday. Basicamente, o comércio online opera com boleto ou cartão de crédito. No caso do boleto, muitas vezes o cliente gera o documento, mas não paga depois, o que gera um bloqueio da venda do produto por um tempo para outros clientes. Então o Pix chega com uma integração muito fácil que possibilita a confirmação imediata do pagamento, gerando rapidez para despachar a mercadoria, conferindo possibilidade de aumento de vendas e maior satisfação do cliente, que recebe o produto mais rápido também.

Moderadora: Como tem sido a receptividade dos clientes, donos de pequenos negócios, com essa nova funcionalidade da maquininha da Stone que oferece a geração de QR Code para pagamento com o Pix?

Augusto Lins: Eu tive a oportunidade de viajar e ter contato com vários clientes. Alguns estão muito apreensivos e por isso a importância de um trabalho de educação e orientação para que as pessoas entendam que é um sistema seguro, que tem a chancela do Banco Central e que faz parte de um movimento nacional de digitalização financeira. A facilidade é um grande estímulo e o lojista precisa criar uma boa experiência de compra com o Pix. Mas, como eu falei, é preciso muita educação tanto do consumidor quanto das empresas porque não adianta oferecer o serviço, mas o funcionário não saber como funciona e acabar gerando um descontentamento no cliente.

Moderadora: Com o Pix as maquininhas de cartões vão ficar extintas? Com o Pix, os empresários devem pagar pelo uso das maquinhas de cartão?

Augusto Lins: Na nossa visão o Pix junto com o auxílio emergencial está estimulando o uso maior de meios de pagamentos eletrônicos. Eu acredito que o Pix vai crescer ao longo do tempo e, em um primeiro momento, vai facilitar o pagamento de contas em algumas situações, como para alguém que mora longe de uma agência bancária, por exemplo. No comércio, ainda temos o uso de cartão de crédito muito intenso para uma população que depende do crédito. Então, a minha resposta é não. Ainda vamos ver muita maquininha funcionando e a interação com o estabelecimento por meio da interface da maquininha se apresenta necessária pelas funcionalidades que tem.

Mayara Yano: É preciso deixar claro que o Pix é mais uma opção para pagamento e transferência. Vemos, até hoje, outros instrumentos que coexistem. Claro que vai haver uma migração gradual, mas vão conviver com as suas diferenças e especificidades. Importante ressaltar que essa indústria conseguiu se integrar no ambiente do Pix, como é o caso da Stone. Então, você vê novos serviços surgindo com o uso do Pix com as inovações, o que acaba forçando as instituições financeiras a se reinventarem também. Lembrando que há uma parcela bastante expressiva da população que utiliza o crédito, mas também há uma questão cultural de utilizar cartão de crédito e até recebe incentivos para isso. Destaco que faz parte da agenda de evolução do Pix, de oferecer a possibilidade de uma compra com data futura mesmo que não tenha um saldo disponível na data, no chamado Pix Garantido.

7ª Semana Nacional de Educação Financeira

Até sexta-feira (27), acontece virtualmente a 7ª edição da Semana Nacional de Educação Financeira, com a participação do Sebrae em cinco painéis sobre os assuntos mais procurados pelos empreendedores, tais como, crédito, cooperativismo, inovação e tendências. Para participar de forma gratuita e ter acesso à programação, basta clicar aqui.

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