*Por Elber Mazaro
Hoje, vou interromper a sequência de artigos sobre equilíbrio de vida pessoal e carreira profissional, para olhar com uma lente positiva, para transformações que percebi durante este um ano de pandemia.
Decidi escrever este artigo como um contraponto à tantas notícias negativas, no pior momento da pandemia da Covid-19, acreditando que para algumas pessoas e empresas, foi possível a realização de um processo de transformação, durante a crise, e que isto pode inspirar ou mesmo provocar a reflexão em alguns.
Recentemente, eu participei de um evento online e na preparação revisei meu pitch pessoal / profissional e isto me fez refletir sobre a questão de transformação pessoal, profissional e empresarial, e me provocou a escrever o artigo.
O meu pitch profissional atual é: eu sou um agente independente de transformação a serviço de pessoas e empresas, nas áreas de gestão e planejamento; aproveitando uma carreira bem-sucedida e a transição de executivo para empreendedor e professor; especializado nas áreas de estratégia, marketing, tecnologia, empreendedorismo, liderança e carreiras.
Aproveitando: você tem o seu pitch pessoal / profissional preparado?
Há um outro artigo que escrevi sobre a importância do mesmo, e que vale conferir, se você se interessar por esse tema.
Voltando à minha intenção com este artigo, desejo mostrar com base em casos reais, as possibilidades de transformação durante um período difícil, de crise, como está sendo esse momento da pandemia. Assim, quem sabe, posso jogar um pouco de luz, com histórias positivas de transformação e ajudar outros a refletirem se podem fazer algo diferente, mesmo após um ano de dificuldades e desafios.
Eu pude presenciar, nesta crise, muitos casos de transformação de negócios e de vidas pessoais, que foram boas e demonstram habilidades e competências, cada vez mais desejadas no mercado.
Muitas dessas transformações foram “forçadas” pelas restrições e situações de escassez trazidas com a pandemia e seus protocolos.
Não vou citar nomes, para não expor as pessoas sem sua devida autorização, mas é possível que alguns se identifiquem aqui, o que creio não ser problema, já que são exemplos e referências positivas, para mim.
Nessa pandemia eu vi dois empresários, que nem se conhecem, da área de eventos e relacionamentos, reinventarem completamente seus negócios, que deixaram de ser presenciais para serem virtuais / online / digitais, mas não só o meio foi alvo de transformação, mas o conteúdo, o relacionamento com os clientes, a gestão e a liderança, foram atualizadas, melhoradas e até reinventadas, trazendo uma nova abordagem ao segmento empresarial.
Também vi muitos professores, voltando a ser alunos, fazendo cursos para desenvolverem competências e técnicas para ministrarem aulas online e aulas gravadas, enquanto ao mesmo tempo precisavam dar suas aulas, já em transformação para atender principalmente alunos de pós-graduação e MBAs, “movidos” para salas de aula virtuais e inundados com conteúdos, lives e outras oportunidades de aprendizado, em paralelo.
Nessa área acompanhei alguns professores / instrutores, virando experts em cursos online, dando aula para outros, montando negócios com novos modelos e explorando plataformas para educação corporativa, em diferentes segmentos. Além dos que também viraram Youtubers.
Conheci gente que desenvolveu propostas e modelos para a transformação da educação, desde a orientada a jovens com a de adultos, em escolas, faculdades e empresas, projetos estes que estão sendo lançados, testados e trabalhados no mercado, durante a crise, mesmo que com as muitas limitações, no momento.
Testemunhei escolas e seus gestores que precisaram rapidamente adquirir capacidades para funcionamento 100% online, inclusive uma escola de música, e depois voltarem para um sistema híbrido e novamente para 100% online, antes de voltarem para o 100% presencial (será que isto vai acontecer?).
Eu acompanhei profissionais revisarem suas carreiras, sendo que alguns resolveram investir em capacitação, tiraram novas certificações, enquanto outros partiram para novas áreas e empresas, e outros resolveram empreender, e seguir paixões e propósitos.
Um dos meus clientes, decidiu apostar no empreendedorismo e lançou um marketplace que cresceu e está “bombando”, conectando clientes com produtos artesanais de qualidade de pequenos / médios produtores de alimentos. Isso após concluir em meio a pandemia, o seu MBA.
Outra cliente, está estruturando e prestes a lançar uma solução de streaming / video on demand, que não só atende a um segmento de entretenimento, como vai ajudar a uma categoria a receber direitos conexos, num momento em que não podem fazer shows e eventos. Uma ideia que nasceu na crise afetando o setor de música e de shows, durante a pandemia e que pode atender a uma enorme demanda, trazendo boas lembranças e muitas emoções.
Vi alguém que vive no exterior há anos e tinha acabado de lançar um livro no início de 2020, transformar sua abordagem e relacionamento, indo atuar como um “heavy-user” das redes sociais e um pioneiro no uso do Clubhouse (tipo de rede social, que também nasceu nessa crise) em sintonia com seu negócio levando o engajamento da sua audiência e público-alvo (comunidades) a um nível superior.
Outra profissional que conheço, descobriu nesta pandemia, que poderia conectar sua paixão pelo movimento (dança, corrida…), com o segmento da longevidade e sua experiência com pesquisa, usando o a neurociência como uma “cola”, para dar um novo sentido e assim criar uma entrega diferenciada e com alto valor agregado para um segmento que só cresce.
Vi um amigo que já estava empreendendo com seu sócio, identificar que a esposa era a profissional perfeita que poderia trazer competências técnicas essências para um atuarem em um segmento com alta demanda, e juntos já estão conquistando clientes e gerando negócios.
Estou lembrando de casos de transformação pessoal, profissional e de negócios, que vão além dos restaurantes que descobriram o “delivery”, ou os aplicativos específicos.
Eu sei que existem muitos casos de pessoas que perderam o emprego, fecharam seu negócio ou ficaram sem renda, e não quero minimizar a gravidade da situação, mas sim, destacar algumas notícias boas, de inovação, reinvenção, empreendedorismo, e com novas perspectivas, que surgem em uma situação de crise, como um incentivo para aqueles que estão sendo desafiados nesse momento tão difícil.
Também notei muitas famílias sendo transformadas, com todo mundo estudando e trabalhando na mesma casa, e tendo a oportunidade (para o bem ou nem tanto), de conviverem por muito mais tempo, de se conhecerem e se redescobrirem, e por que não, de se transformarem em pessoas mais amorosas, mais presentes / próximas, mais empáticas, e conscientes das questões coletivas.
Um casal da minha família, vai ter uma filha logo, e aproveitaram a oportunidade, mudaram para um apartamento maior e ainda compraram um terreno para uma chacrinha, tudo dando certo, após muita batalha e fé, durante e apesar da pandemia.
Eu mesmo, sou parte de um grupo de pessoas, que aproveitou esta situação para se reconectar com velhos amigos (gente com quem não falava há anos ou até décadas). Fiz muitas reuniões virtuais, tentei ajudar outras pessoas e consegui conhecer gente nova, que por enquanto só vi através de uma ferramenta de vídeo conferência. Mas ainda assim está sendo muito legal essa nova experiência, que se não me transforma complemente, permite que eu amplie meus horizontes, minhas possibilidades, meus momentos legais, etc .
Outra coisa que percebi, foi a transformação da preocupação e da consciência com a saúde e o bem estar. Conheço gente, que perdeu 15 quilos e ficou em forma, gente que passou a fazer exercícios regularmente, mesmo que seja uma caminhada diária, gente que malhou bastante e agora tem um tanquinho para exibir, ou seja, até o corpo de muitas pessoas se transformou (sei que outros ganharam uns quilinhos e uma barriguinha, mas novamente, minha ideia é mostrar o lado positivo e da possibilidade em um momento negativo e de frustrações).
Muita gente descobriu que pode transformar a sua vida, mas também pode ajudar a transformar a vida de outros, por exemplo, doando dinheiro, ou tempo, ou sangue, ou qualquer coisa que tenha e que o outro precise, e têm muita gente precisando e não faltam oportunidades para se experimentar e exercer o serviço e a doação aos outros.
Uma visão do coletivo, de comunidade, de interdependências, ganhou força e passou a transformar, um pouco mais, a nossa sociedade, apesar de todos os absurdos sociais, políticos e éticos, que também ficaram expostos à nossa vista.
Eu tenho muitos outros exemplos de transformações, positivas e que deram certo nessa pandemia (até o momento), mas a ideia é compartilhar que é possível para todos, mesmo em uma crise brava.
As pessoas podem ser realistas e também podem refletir, podem buscar um certo movimento na direção de uma transformação, mesmo que tenha algum risco, elas podem ser proativas, podem se planejar ou simplesmente chamarem outras, pedirem ajuda, e buscar algumas mudanças, mesmo que sejam pequenas e simples.
Todos os casos que citei, são de pessoas que poderiam simplesmente assumirem o papel de vítimas da crise e da situação ou da decisão de terceiros. Também poderiam ter feito uma pausa, apertado o botão de “standby” e esperado o pior passar, achando que poderiam voltar a viver e fazer negócios como antes da pandemia.
Não vou julgar os que assumiram as posições acima, mas sim, destacar os que escolheram fazer algo, algo diferente, novo, e conseguiram, se transformaram e/ou transformaram algo, mesmo que um hábito (por exemplo parar de fumar), e provavelmente estão se sentindo bem, talvez cansados, mas com certeza podem estar orgulhosos.
E você? O que aprendeu de novo nesta pandemia? Que transformação você gerou?
Com certeza ainda dá tempo, para fazer mais. Vamos nessa?
Mãos-a-obra!
Elber Mazaro é assessor/consultor, mentor e professor em Estratégia, Tecnologia, Marketing, Carreiras/Liderança e Inovação/Empreendedorismo. Atua há mais de 25 anos no mercado, liderando negócios no Brasil e na América Latina. Possui mestrado em Empreendedorismo pela FEA-USP, pós-graduação em Marketing e bacharelado em Ciências da Computação.
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