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Publicado em: 14 de setembro, 2021
Bernardo Carneiro

Em 2020, o Brasil bateu o recorde histórico quanto ao número de empresas abertas. Foram mais de três milhões, de acordo com os dados do Ministério da Economia – um número sete vezes maior do que o registrado no ano 2000. Esse aumento significativo diz muito sobre a evolução do empreendedorismo em nosso país. 

No começo dos anos 2000, eu era estudante de administração. Assim como qualquer jovem, eu queria independência financeira. Mas, eu tinha uma ambição diferente para época: queria ter meu próprio negócio

Porém, nas salas de aula das universidades não havia disciplinas voltadas para a formação de empreendedoras e empreendedores. Foi somente quando cheguei ao final do curso que tive a oportunidade de fazer uma matéria eletiva sobre como criar uma empresa e logo depois, comecei o mestrado na mesma área. 

Era estagiário na Vale quando conheci Andre Street, que estava iniciando a Braspag – um dos primeiros negócios de pagamento no Brasil, ainda bem antes de fundar a Stone

Desisti do trabalho na mineradora para acompanhar o Andre. Essa não era a primeira opção dos meus pais e amigos próximos que acreditavam ser uma loucura sair de uma empresa grande como a Vale. Naquele momento existia pouquíssimo estímulo, tanto financeiro quanto educacional, para empreender. Mesmo assim, já era possível sentir o início de um movimento com o surgimento das primeiras startups e um número crescente de projetos na área de tecnologia. 

As transformações

Passados quase 20 anos, esse movimento ganhou força e transformou o cenário empreendedor do Brasil. 

Se antes era difícil adquirir conhecimento, hoje temos cursos dentro e fora das universidades e grandes casos de sucesso que servem de exemplo e estimulam quem quer criar seu próprio negócio. 

Além disso, há uma infinidade de conteúdo online, mentorias e organizações que fomentam o empreendedorismo – dentre diversas iniciativas podemos citar: Endeavor, Sebrae e as próprias empreendedoras e empreendedores acelerando o ecossistema através de investimentos anjo e seus próprios veículos de investimento. Graças a iniciativas como essas, as oportunidades de aprendizado se multiplicaram e com isso o ecossistema também. 

Hoje, temos instituições empenhadas em formar empreendedoras e empreendedores e um mercado que valoriza quem quer abrir o próprio negócio. 

É uma grande  mudança em relação à duas décadas atrás. Até nas escolas as crianças estão se envolvendo em matérias e trabalhos escolares que encorajam a iniciativa, o protagonismo, a criação de um plano de negócio com orçamento e logística – como no Instituto Alpha Lumen por exemplo. E isso vai se tornar ainda mais comum no futuro e começará cada vez mais cedo. 

Outra mudança importante no campo de jogo do empreendedorismo no Brasil foi a elevação do investimento em pequenos negócios. Um dos fatores que impulsionaram a Braspag foi o investimento de um fundo e um investidor anjo, pioneiros naquela época, com a missão de investir em projetos relacionados à internet e tecnologia. 

Com o tempo, além da multiplicação de fundos, anjos e aceleradoras, tivemos também empresas (como a própria Stone), que se tornaram investidoras e grandes incentivadoras do ecossistema, estimulando o surgimento e aceleração de novas startups. 

A mudança estrutural da queda dos juros também foi fundamental no investimento em novos negócios, porque facilitou o acesso a capital. A taxa Selic, que em 2000 chegou a 19%, em 2020 estava em 2%. Com juros menores, investir em renda fixa deixou de ser tão atraente, por isso começou uma busca de outras opções para fazer seu dinheiro render, entre elas, o investimento em startups e renda variável. 

Futuro

Meu desejo é que, com todas essas mudanças nos próximos 20 anos, o empreendedorismo se torne a opção de carreira número um de jovens brasileiros. 

Não tenho dúvida de que temos condição de ter mais startups verde-amarelas conquistando o mercado e servindo de inspiração no mundo todo. Em 2019, a Global Entrepreneurship Monitor revelou que o Brasil era o 4º país do mundo com a maior taxa de empreendedorismo. Estamos no caminho e esperamos que essa curva seja exponencial. 

O Brasil possui grandes desafios para serem endereçados. É um país enorme e com muita gente. Isso faz com que seja um ambiente extremamente positivo para empreendedoras e empreendedores encontrarem oportunidades e resolverem problemas. 

São empreendedoras e empreendedores que terão um papel fundamental na transformação do país em um lugar melhor para nossas filhas e filhos. 

E aí, vamos empreender?

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