* Por Henrique Volpi

O último ano e meio impactou drasticamente a aceleração da adoção de novas tecnologias, tanto para consumidores quanto para empresas: desde a necessidade de se tornar digital como padrão, até o aumento da preocupação do consumidor com as finanças em um mundo imprevisível. E com os modelos de risco mudando, da economia gig e o aumento do desemprego, as instituições financeiras precisaram rever como fazer negócios.

Com o advento de iniciativas mais amplas de abertura dos dados, o Banco Central vem considerando a melhor forma de viabilizar as oportunidades apresentadas pelo Open Finance.

Evolução do Open Banking, que completou um ano em fevereiro, o novo modelo inclui também seguros, investimentos, previdência e câmbio. Segundo Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, “o Brasil vai ter o maior e mais conectado Open Finance do mundo”.

O Open Finance baseia-se no princípio de que os dados fornecidos e criados em nome de clientes de serviços financeiros pertencem e são controlados por eles mesmos. A reutilização desses dados por outros provedores ocorre em um ambiente seguro e com o consentimento desse consumidor.

A estabilização e popularização de um sistema financeiro aberto viável exigirá esforços significativos. Mas a oportunidade é substancial para quem quer empreender e participar de um momento único da história financeira do Brasil: tanto em termos de crescimento econômico quanto em efeito sobre como as pessoas usam os serviços financeiros.

Com melhores estruturas de identidade e formas seguras de compartilhar informações financeiras livremente, o Open Finance oferece um caminho para a expansão contínua do ambiente empreendedor.

Uma oportunidade é investir em plataformas que fomentem a capacitação financeira. Permitir o acesso à inteligência financeira para mais pessoas resultará em maior crescimento da riqueza pessoal, trazendo benefícios econômicos e melhores oportunidades de crescimento para aqueles que adotam o modelo.

Uma outra oportunidade é o desenvolvimento de robo-advisors, sistemas avançados dotados de algoritmos que aproveitam os dados financeiros compartilhados para fornecer aconselhamento automatizado de gerenciamento de portfólio de investimentos com pouca ou nenhuma intervenção humana.

Da declaração de impostos à compra de uma casa, o Open Finance traz melhora as decisões financeiras das pessoas, simplifica vidas e ajuda a criar mais riqueza. E o modelo promete benefícios semelhantes para as empresas.

Além de melhorar as atividades financeiras, as oportunidades para os empreendedores também incluem o desenvolvimento de novos serviços que melhorem a competitividade das organizações – principalmente por conta da simplicidade, que se refletirá em ganhos de produtividade.

Fornecer serviços financeiros que tenham menos atrito e promovam melhores análises pode levar ao aumento de clientes com custos mais baixos e melhor segmentação.

Um fator-chave para o sucesso do Open Finance é a identidade digital. Como todos os fornecedores operam sob leis e regulamentos financeiros, é necessário cumprir os requisitos do Know Your Customer (KYC). E a inovação trazida por meio do empreendedorismo pode ajudar instituições e fintechs já estabelecidas a facilitar um KYC rápido, contínuo, seguro e compatível.

Os serviços financeiros têm sido historicamente inundados de burocracia e não focados no usuário. Com o Open Finance e a entrada de empreendedores que tenham ideias disruptivas, essa perspectiva tem tudo para mudar!


Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi coautor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.

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