*Por Fernando Trota

Crescer rápido é o sonho de quase toda startup. Atrair clientes, aumentar receita, ganhar mercado: essas metas movimentam times e estratégias todos os dias. No entanto, expandir sem estruturar minimamente a área financeira pode gerar prejuízos difíceis de reverter. Quando a gestão de números não acompanha a velocidade de crescimento, o impacto no valuation (e na percepção de risco dos investidores) pode comprometer seriamente o futuro da empresa.

É comum que, nos estágios iniciais, a startup concentre seus esforços em produto, vendas e marketing, enquanto o backoffice vai sendo deixado para depois. Essa escolha, em um primeiro momento, pode até parecer inofensiva. Afinal, o foco está em sobreviver, crescer e provar o modelo de negócio. Mas, à medida que a operação se expande, a falta de processos financeiros organizados se transforma em um problema estrutural. Falta clareza sobre a margem real do negócio, o burn rate dispara sem planejamento, e a previsibilidade de caixa se torna cada vez mais frágil.

O problema é que esses riscos não aparecem de imediato. Eles são, de certa forma, “invisíveis” no dia a dia. A startup continua crescendo em receita, novos clientes entram, o time aumenta. Mas, no momento de buscar uma nova rodada de investimento ou apresentar relatórios para potenciais fundos, as lacunas de gestão financeira vêm à tona.

Do ponto de vista dos investidores, a ausência de controle sobre métricas básicas — como runway, churn financeiro, burn multiple ou CAC real — é um sinal de alerta vermelho. Startups que não conseguem demonstrar domínio sobre seus números correm o risco de receber avaliações mais baixas ou, pior, de perder completamente a confiança dos fundos.

Além da dificuldade em captar recursos, existe ainda o impacto direto no valuation. Fundos estão cada vez mais atentos não só ao potencial de crescimento das startups, mas também à capacidade de execução sustentável. Empresas desorganizadas financeiramente tendem a ser vistas como apostas mais arriscadas, o que leva a termos de investimento mais duros, avaliações inferiores e cláusulas de governança mais rígidas.

A boa notícia é que esse cenário pode ser evitado. Estruturar processos financeiros profissionais não precisa ser incompatível com a agilidade típica das startups. Modelos como o CFO as a Service, por exemplo, oferecem acesso a rotinas financeiras maduras e adaptáveis, que ajudam a startup a controlar seu caixa, construir projeções realistas, medir resultados com precisão e apresentar dados sólidos para investidores, sem necessidade de inflar sua estrutura de custos.

No ecossistema atual, em que eficiência pesa tanto quanto inovação, preparar a área financeira da startup desde cedo deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade estratégica. Quem consegue crescer com controle e disciplina terá vantagem competitiva não apenas para captar investimento, mas também para sustentar o crescimento a longo prazo.

*Fernando Trota é CEO e cofundador da Triven


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