A EY divulgou a primeira edição da Responsible AI Pulse Survey, levantamento que mapeou a adoção de inteligência artificial em 21 países, entre eles o Brasil. Os dados revelam que companhias brasileiras avançam no processo de integração da tecnologia, em linha com índices globais.

Segundo o estudo, 28% dos executivos nacionais afirmam já ter implementado soluções de IA, enquanto outros 28% relatam estar em fase de integração. Para 45% dos entrevistados, a inteligência artificial já está presente na maioria das iniciativas e passa por aperfeiçoamentos voltados à transformação organizacional. Apenas 1% declarou estar em estágio de testes ou provas de conceito.

Na comparação com o cenário internacional, os números apresentam similaridade. Entre os líderes globais, 31% indicam que a IA está totalmente integrada e escalável, 41% dizem que a tecnologia está presente em várias iniciativas em desenvolvimento, 27% mencionam que ainda estão em integração e 1% relatam projetos pilotos.

Governança e riscos

O relatório destaca que a implementação exige mais do que infraestrutura tecnológica. 68% dos executivos apontaram dificuldade em estruturar modelos de governança adequados para lidar com riscos emergentes. Além disso, 45% avaliam que a abordagem atual de suas empresas em relação à gestão de riscos tecnológicos é insuficiente para enfrentar desafios da próxima geração de soluções de IA.

Entre os riscos citados estão privacidade de dados, segurança, confiabilidade e impactos éticos. A EY reforça a necessidade de métricas de controle e de novos papéis relacionados à gestão de riscos corporativos. O estudo também sugere investimentos em treinamento contínuo e alfabetização em inteligência artificial para toda a força de trabalho.

Percepção de consumidores

Em paralelo, a EY divulgou o AI Sentiment Index Study, realizado em 15 países com mais de 15 mil entrevistados, incluindo brasileiros. Os resultados mostram diferenças de percepção entre empresas e consumidores.

Enquanto 57% dos executivos nacionais acreditam estar alinhados ao público em relação ao uso da tecnologia, os consumidores demonstram maior preocupação com impactos sociais. 67% das pessoas consultadas expressaram receio de que a IA se torne incontrolável sem supervisão humana, contra 55% das companhias. Em relação à disseminação de informações falsas, 80% dos consumidores consideram esse risco concreto, enquanto apenas 55% dos executivos compartilham dessa visão.

Outros 62% dos consumidores dizem acreditar que a IA pode afetar negativamente pessoas em situação de vulnerabilidade, percepção dividida por apenas 35% dos líderes empresariais.

Papel dos CEOs

O estudo evidencia a função estratégica dos CEOs nesse processo. Segundo a EY, líderes máximos demonstram maior alinhamento às preocupações dos consumidores, menor propensão a superestimar a robustez das práticas de governança e familiaridade ampliada com riscos associados a tecnologias emergentes.

A pesquisa sugere três movimentos essenciais para executivos: ouvir, agir e comunicar. O primeiro consiste em incorporar a visão do cliente às discussões internas sobre uso responsável da IA. O segundo exige integrar práticas de governança em todas as fases do desenvolvimento, da concepção à implementação. O terceiro recomenda que empresas comuniquem suas políticas de IA responsável como elemento de diferenciação no mercado.

Qualidade de dados e criação de valor

Outro ponto destacado é a importância de estratégias que maximizem retorno sobre investimento, identificando casos de uso capazes de gerar valor mensurável. Isso depende, segundo a EY, da qualidade e da disponibilidade de dados, além de governança eficiente.

O estudo ressalta que o impacto da inteligência artificial nos negócios não está restrito a ganhos de produtividade, mas também à capacidade de transformar modelos de operação e relacionamento com clientes.

Metodologia

A Responsible AI Pulse Survey foi realizada entre março e abril de 2025, com 975 executivos de alto nível, incluindo CEOs, CTOs, CIOs, CFOs, CMOs, CROs e CHROs, de empresas com receita anual superior a US$ 1 bilhão. A amostra abrangeu organizações das Américas, Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio, Índia e África.

Já o AI Sentiment Index Study ocorreu entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, com 15.060 consumidores de 15 países, incluindo o Brasil.

O avanço da integração da inteligência artificial nas empresas brasileiras acompanha tendências internacionais e revela tanto oportunidades quanto desafios. A pesquisa indica que, embora a adoção esteja em curso, persistem lacunas em governança e alinhamento com percepções da sociedade. O papel dos CEOs aparece como determinante para guiar a transição e consolidar práticas de IA responsável.


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