
A Mastery B2B Tech, empresa criada em março de 2025, captou R$ 350 mil em investimento inicial com a Bossa Invest. Os recursos serão aplicados na estruturação de equipes e expansão comercial da plataforma que automatiza processos tributários no comércio entre empresas.
A companhia desenvolve soluções tecnológicas voltadas ao segmento business-to-business, setor responsável por 95% do volume de vendas da indústria brasileira.
Caio Costa e Gustavo Assafir comandam a operação. Costa acumula dez anos de experiência em tecnologia para comércio eletrônico, tendo liderado projetos em companhias como C&A e Electrolux. Assafir traz vinte anos de atuação em marketing e vendas business-to-business, incluindo passagens como diretor de receitas no PagBank e sócio da consultoria Driven.CX, posteriormente adquirida pelo grupo Quality.
A plataforma opera com agentes de inteligência artificial que acessam bases de dados tributários federais e estaduais. O sistema executa três funções principais: validação cadastral com conformidade fiscal, classificação tributária de produtos e cálculo de impostos em tempo real durante transações.
O cadastro verifica dados federais e estaduais, além de validar a regularidade do CNPJ conforme regras específicas de cada indústria. No módulo de produtos, a tecnologia identifica variações tributárias dentro da mesma Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), considerando definições públicas e benefícios fiscais obtidos judicialmente por cada empresa.
“Dentro da dinâmica tributária brasileira, o mesmo NCM pode ter diversas variações tributárias. Além disso, cada indústria pode ter seus benefícios fiscais e regras relacionadas as suas políticas de venda.”, detalha Caio sobre a complexidade do sistema.
O terceiro componente calcula tributos durante a compra, eliminando processos manuais que frequentemente atrasam ou inviabilizam projetos de digitalização no setor industrial. Costa identificou essa necessidade quando trabalhava na Electrolux, ao constatar que empresas americanas especializadas em tributação não atendiam particularidades brasileiras.
Mastery estabelece parcerias estratégicas com principais plataformas
A Mastery já estabeleceu integração técnica com a plataforma VTEX, além de negociações em andamento com outras provedoras do mercado, incluindo 4 novas plataformas. Durante o VTEX Day 2025, evento focado em comércio business-to-business, o motor de cálculo da startup foi utilizado em demonstrações no estande da VTEX.
“Nosso motor de cálculo foi o motor responsável pelo estande da VTEX no VTEX Day esse ano, que é o maior estande do evento. E todo o VTEX Day desse ano foi voltado ao B2B”, destaca Assafir sobre a parceria estratégica estabelecida com a plataforma.
A VTEX também convidou a Mastery para contribuir com material sobre business-to-business em publicação direcionada ao setor. Essa aproximação demonstra posicionamento complementar às plataformas existentes, sem concorrência direta com agências ou sistemas de transação de pedidos. A empresa não possui concorrentes diretos com modelo equivalente no mercado brasileiro , compara o cofundador.
Atualmente, projetos de digitalização business-to-business dependem de validações manuais realizadas por equipes de planejamento de recursos empresariais (ERP), solução que não escala adequadamente conforme crescimento da operação. Essa limitação impede que apenas 5% das vendas industriais ocorram diretamente ao consumidor final. “Não existe solução para o que a gente resolve hoje. Hoje a solução é entregar para o ERP e deixar uma pessoa, um ser humano, fazer a validação manual”, afirma Assafir.
Além do aporte financeiro, a Mastery recebeu aprovação no programa Google for Startups. Os recursos do investimento permitirão contratação das primeiras equipes além dos sócios fundadores, prevista para novembro.
Costa destaca que cada indústria brasileira possui cultura própria e é impactada diferentemente pelo sistema tributário nacional. Soluções inflexíveis desenvolvidas sem considerar essa complexidade não atendem demandas locais. A Mastery foi estruturada a partir dessa compreensão específica do cenário nacional.
O sistema tributário brasileiro cria barreiras que impedem digitalização em larga escala das operações entre indústrias, distribuidores e varejo. Sem conformidade fiscal e legal, projetos de comércio eletrônico business-to-business não conseguem avançar além das fases iniciais de desenvolvimento.
A startup mantém foco no ecossistema business-to-business digital, segmento que concentra maior volume transacional da economia mas permanece menos desenvolvido tecnologicamente. Os fundadores apostam que simplificação tributária é elemento essencial para viabilizar transformação digital desse mercado.
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