André Barrence, Diretor do Google for Startups para América Latina, comenta que a ideia de criar o Black Founders Fund surgiu em 2020, quando o Google percebeu, olhando apenas os dados da própria comunidade, que o número de fundadores que se autodeclaravam negros e negras era muito baixo, em comparação com o de pessoas não negras. 

“Descobrimos que os fundadores não negros levantaram, em média, rodadas de investimentos 69 vezes maiores em relação às levantadas por fundadores negros. Tudo isso deixou ainda mais evidente que um esforço concreto precisava ser feito para ampliar a representatividade racial”, diz Barrence.

O Black Founders Fund é um fundo que investe recursos financeiros, sem qualquer participação societária, em startups fundadas e lideradas por pessoas negras no Brasil. Além dos investimentos financeiros, as empresas recebem créditos em produtos do Google e têm à disposição uma rede de mentores para ajudar a endereçar seus desafios de negócios e tecnologia. 

“Além da possibilidade de trocar informações e buscar conexões com as mais de 40 startups do Black Founder Fund e das 300 startups que fazem parte da nossa comunidade apenas na América Latina. Participar de um grupo de fundadores e fundadoras negros e negras é também uma das trocas que eles têm no programa”, diz o diretor. 

Para se candidatarem no Black Founders Fund, as startups devem ter em seu quadro societário fundadores ativos que se autodeclaram negros e negras; estar em busca de uma rodada de investimento pré-seed ou seed para financiar o próximo estágio de desenvolvimento, oferecer uma solução criada com base em tecnologia e já ter um negócio em operação – ou seja, ter um produto lançado com alguns usuários e clientes em potencial. Os empreendedores também precisam indicar como planejam usar o recurso. 

Desde o lançamento em setembro de 2020, o Black Founders Fund já investiu em 43 startups. No início, o fundo possuía R$ 5 milhões para investimentos. Agora, em 2022, R$ 8,5 milhões foram adicionados – totalizando R$ 13,5 milhões destinados a empresas fundadas e lideradas por pessoas negras no Brasil. Os valores investidos por startups não foram divulgados. 

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Bate-bola com André Barrence

1. Como você enxerga o mercado de inovação hoje? 

Os obstáculos vividos por pessoas de grupos minorizados que empreendem em tecnologia ainda são bastante significativos. Pela minha experiência, não só no Google, mas como homem negro que atua em tecnologia, o ponteiro que menos mexeu foi o de empreendedores negros e negras.

Por outro lado, tenho observado essa tendência e trabalhado lado a lado com as comunidades que se dedicam a este objetivo. Mas, precisamos continuar ampliando a representatividade racial no mercado de tecnologia como um todo para a construção de um ecossistema mais diverso. 

2. Você acredita que o número de startups fundadas por pessoas pretas tende a aumentar no próximo ano?

Sim. Os empreendedores e as empreendedoras do nosso país conseguem se reinventar e conquistar novos espaços, sobretudo em meio às crises, o que é fundamental hoje em dia, pensando no desenvolvimento do ecossistema. Além disso, iniciativas  como a nossa e de outras empresas têm surgido para dar mais oportunidade e visibilidade para esse crescimento. 

3. Para você, quais são as startups que participaram do programa e estão se destacando no mercado?

O fundo possui diversos cases de sucesso, mas destaco dois que são os mais recentes. A primeira é a Yoobe, startup que automatiza a produção de brindes personalizados com a marca das empresas, do design à entrega, para engajar seus colaboradores. O investimento do fundo ajudou a empresa a driblar a falta de pessoas qualificadas no mercado para trabalhar com tecnologia e a contratar novos colaboradores.

A segunda é a Creators LLC,  empresa que empodera criadores e marcas admiradas. A startup foi uma das participantes do programa que mais faturou. Atualmente, a plataforma conta com mais de 7 mil criadores de conteúdo e lançou, em setembro de 2022, em parceria com o Google, o programa Black Creator Program. O projeto selecionou 100 criadores negros para aperfeiçoarem seus conhecimentos na criação de conteúdo com um apoio financeiro do Google.

4. Para você, pessoalmente, como é participar de uma iniciativa realizada pelo Google for Startups, como a Black Founders Fund?

O Black Founders Fund é uma das iniciativas mais importantes para mim e para o Google for Startups como um todo. Sabemos que é um trabalho de construção de longo prazo, mas temos a esperança de que a nossa ação incentive outras organizações do ecossistema – sejam corporações, aceleradoras, fundos de investimento ou investidores-anjo – a seguirem o mesmo caminho. A pauta é fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento do ecossistema de startups no país. O caminho ainda é longo, mas seguiremos firmes, buscando sempre entender as dores e expectativas dos empreendedores do país.


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