Estar profundamente inserido no ecossistema de empreendedorismo inovador proporciona uma perspectiva interessante sobre o relacionamento entre investidores e startups. Em constante evolução, as relações entre eles já não são nada parecidas com o que eram antes da pandemia de Covid-19 – há menos de quatro anos.

Até então, era extremamente comum que Venture Capitals (VCs) realizassem aportes significativos baseados em uma apresentação de powerpoint, sem mesmo que a ideia estivesse validada. Não é uma surpresa que essa estratégia não tenha se sustentado e os processos tenham sido fundamentalmente alterados.

No entanto, mesmo com um cuidado muito maior antes de se realizar um aporte, ainda é comum que essas relações deem muito errado. Baseado na minha experiência com o tema, reuni alguns pontos que considero essenciais para discutir essa questão. Confira:

Este é um mar repleto de marinheiros de primeira viagem

Mesmo que o universo do empreendedorismo inovador já não possa mais ser considerado tão incipiente no Brasil, vemos todos os dias novas pessoas interessadas em participar dele. Esse não é necessariamente um problema, mas significa um alto grau de inexperiência no setor, de ambos os lados: investidores e fundadores de startups.

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Existem muitas pessoas que se deparam com uma quantia disponível em seus portfólios e decidem diversificar investindo em inovação. Isso é ótimo, mas, antes de realizar um aporte em uma startup, é necessário entender plenamente o que isso envolve e, principalmente, o risco que se está assumindo.

Atenção ao risco e ao prazo para retorno

Investir em startups significa investir em pessoas. E elas têm sentimentos, comportamentos e talentos diferenciados e questões de desempenho que fogem do controle de investidores. Ou seja, o investimento em startups é de alto risco.

Muitas vezes, investidores inexperientes que costumam aplicar seu capital em produtos como a bolsa de valores pensam que podem exigir retorno rápido de uma startup. Entenda: isso é um tiro no pé. Quanto mais você, como investidor, exigir agilidade da startup em que investiu, mais o empreendedor vai se sentir pressionado a tomar decisões precipitadas para te atender. O que aumenta imensamente seu próprio risco.

Smart money não é diferencial para startups

Um equívoco corriqueiro no ecossistema de startups é a concepção de que o smart money é um diferencial de alguns investidores. Na verdade, não. Essa deveria ser a regra.

Dado o elevado risco do investimento, acompanhar o empreendedor é fundamental para que se alcance sucesso na relação. O investidor deve ter todo o interesse em ajudar o empreendedor em quem ele investiu. Ou seja, oferecer mentorias continuamente, conectá-los a possíveis clientes e parceiros, proporcionar estrutura tecnológica e física fazem parte do papel do investidor.

A escolha deve ser do empreendedor

A pandemia de Covid-19 foi um marco de mudança para o mundo dos negócios. Por um lado, foi responsável pela aceleração da transformação digital de muitos setores – o que é positivo para o empreendedorismo inovador das startups. Mas, por outro lado, a queda na atividade econômica global reduziu a disponibilidade de fundos para investimento.

Isso gerou, até hoje, uma pressão muito grande para empreendedores que buscam investimento. Muitos deles tomam a decisão errônea de reduzir seu valuation para conquistar novos aportes e aceitar propostas indecentes de investidores. Isso prejudica investidores anteriores e sua própria empresa.

Por isso, um mecanismo interessante é o pitch reverso. Nele, as aceleradoras e VCs se apresentam aos empreendedores, explicam suas teses de investimento, o que procuram e seu processo. Assim, o próprio empreendedor tem toda a informação disponível para julgar se essa é uma relação positiva para sua empresa ou não. A escolha deve ser dele, não do investidor.

Empreendedores despreparados

Por fim, é importante ressaltar que nem todo empreendedor está preparado para receber um investimento. Como a Y Combinator bem disse na carta que divulgou às empresas de seu portfólio em maio de 2022, em períodos de crise econômica, investidores reservam mais capital para apoiar suas empresas com melhor desempenho.

Ou seja, é imprescindível que, antes da busca por investimento, a startup já tenha validado sua ideia e esteja em uma posição de apresentar resultados positivos para potenciais investidores.

Por isso, empreendedor, faça sua lição de casa. Se envolva com o ecossistema – tem muita gente que pode te ajudar na sua trajetória. Entenda os passos necessários para seu crescimento, conheça suas opções e não tome decisões precipitadas. O investimento é uma relação de longo prazo e é preciso saber quem são as pessoas e os compromissos com os quais nos comprometemos.


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