Nesta terça-feira (26), aconteceu o “Ela Investe”, feito pela investidora-anjo Claudia Rosa em parceria com o Inovabra. O evento trouxe à tona discussões sobre inovação, investimento e a presença da mulher no ecossistema de startups. A primeira palestrante foi Laís Bueno Sachs, pesquisadora de Open Innovation do Inovabra Bradesco, trazendo reflexões sobre o panorama atual e futuro da inovação no Brasil.
Ao abordar o tema, Sachs ressaltou a relevância histórica desse conceito, ilustrando sua análise com referências ao economista Joseph Alois Schumpeter. “Quando refletimos sobre inovação, percebemos que, de fato, não se trata de algo novo”, afirmou Sachs, ao destacar a necessidade de compreender os ciclos de inovação e sua interligação com o progresso econômico.
A pesquisadora enfatizou a concepção de Schumpeter de que o capitalismo avança por meio da inovação, enfatizando que esta não se limita apenas à tecnologia, mas abrange novos modelos de negócios e processos produtivos. ” Schumpeter dizia que um novo ciclo econômico vem sempre de uma inovação. Não tem como sair de uma crise sem criarmos algo. Ele falava bastante sobre o papel dos empresários e empreendedores e na importância de investir em pesquisa e desenvolvimento. É como se ele já estivesse falando das startups, sem nomeá-las assim nos anos 80.”
De fato, a inovação é uma fonte de oportunidades, como exemplificado por Laís pela evolução do setor financeiro para o open finance, onde os dados das pessoas se tornam matéria-prima para a criação de novos produtos e serviços. No entanto, Laís também ressalta os desafios enfrentados pelos inovadores, incluindo a resistência à mudança e a incerteza associada à reestruturação organizacional.
A necessidade de convencer executivos sobre a importância da inovação e sua visão de longo prazo adiciona outra camada de complexidade a esse processo. Apesar das dificuldades, fica claro que a inovação é inevitável e vital para a sobrevivência das empresas em um ambiente competitivo em constante evolução. A diferença crucial reside na capacidade das empresas de abraçar a mudança e adaptar-se às demandas do mercado, pois, como enfatizado por Laís, “ou as empresas inovam, ou elas morrem”.
Bradesco de olho na inovação
Laís enfatizou que morrer por falta de inovação não está nos planos do Bradesco, por isso a instituição faz análises do mercado. Uma das áreas de foco é o cenário das startups, onde o investimento se tornou uma métrica crucial para avaliar o potencial de crescimento. “Investir em startups é uma aposta de risco, mas quando vemos múltiplos investidores e grandes fundos apostando em uma startup, isso é um forte indicativo de que há algo de valor ali.”
Para finalizar, Laís apontou mudanças significativas que ocorreram em 2023 no ecossistema de startups.”Realmente, houve um pico em 2021 tanto no número quanto no volume de investimentos. No entanto, desde então, observamos uma tendência descendente.” Os números refletem uma queda no volume total transacionado em comparação com anos anteriores, assim como uma diminuição no número de startups que realizaram IPOs e o surgimento de unicórnios. “Os setores de destaque também mudaram, com a inteligência artificial e as healthtechs ganhando mais atenção dos investidores globalmente”, explicou. Essas tendências internacionais muitas vezes oferecem insights valiosos para o mercado brasileiro.
Em relação aos investimentos que estão acontecendo, Laís explicou que há uma cautela antes ds aportes. “Os fundos de investimento estão mais seletivos, buscando rodadas menores e adotando estratégias de venture debt”. A estratégia do Smart Money também ganha destaque, com investidores buscando não apenas retorno financeiro, mas também parcerias estratégicas e investimentos em empresas com potencial de crescimento a longo prazo.
Um dos pontos de destaque na mudança do ecossistema de startups em 2023 é o amadurecimento do ambiente de fintechs no Brasil. “Hoje, não se trata mais apenas de competição, mas de co-criação e co-inovação”, observou Laís. “Parcerias têm se tornado cruciais para testar modelos de negócios e produtos de forma rápida e eficaz”. Além disso, o redirecionamento geográfico dos investimentos chama atenção, com a África emergindo como um novo foco de crescimento, especialmente no setor de fintechs. “Muitos brasileiros têm olhado e investido em fintechs africanas, devido à sinergia e semelhanças entre os mercados”, concluiu Laís.
Mulheres que inspiram
Durante o Ela investe, a cofundadora e CEO da Feel e Lilit, Marina Ratton, compartilhou insights valiosos sobre o percurso de sua startup, que se concentra no desenvolvimento de produtos voltados para a intimidade e sexualidade feminina. Destacando a importância da intersecção entre saúde e sexualidade, Ratton enfatizou a abordagem moderna e jovem da startup ao lidar com questões como a menopausa, ou seja, um público mais maduro, que enfrenta mudanças fisiológicas e procura soluções.
Ao abordar o financiamento da startup, Ratton destacou um aspecto notável: 90% do capital investido na startup provém de mulheres. Essa decisão estratégica reflete uma compreensão profunda das necessidades e perspectivas das consumidoras, especialmente em um mercado onde o tabu e o desconhecimento ainda prevalecem.
A abordagem holística da Feel e Lilit, combinada com a identificação de um nicho de mercado não atendido, tem sido fundamental para o sucesso da startup. “Enfrentamos desafios quando o assunto é investimento vindo por homens, eles não compreendem totalmente questões relacionadas à saúde íntima feminina. Mas encontramos um terreno fértil de compreensão e apoio com investidoras mulheres.”
Thaís Borges, Partner Chief Commercial Officer na Systax, também estava no evento e compartilhou sua trajetória no ecossistema. Ela compartilhou questões sobre discriminação e síndrome do impostor, situações que passou por ser uma mulher negra.
Iniciando como operadora de telemarketing, Borges demonstrou uma resiliência notável ao superar as barreiras impostas pela sociedade. Sua jornada a levou a se destacar no mundo corporativo, acumulando experiência em vendas consultivas em uma multinacional. Sua determinação em adquirir conhecimento técnico e educacional foi fundamental para sua ascensão profissional, culminando na fundação e venda bem-sucedida de uma empresa de tecnologia tributária.
Além de suas conquistas empresariais, Borges investidora-anjo comprometida em apoiar outras mulheres, especialmente aquelas que enfrentam desafios semelhantes aos que enfrentou. “Eu quero estar aqui como modelo para outras meninas, para outras mulheres que não tiveram a oportunidade de ter uma referência dentro de suas casas”, expressou Thais.
Para finalizar o papo, Úrsulla Monteiro, Vice-Presidente de Private Equity e Venture Capital do Bradesco, abordou questões sobre o setor de economia e mulheres e destacou a importância de desmistificar o assunto e encorajar as mulheres a se educarem financeiramente, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre seus recursos.
Ao explicar o mundo do Venture Capital e Private Equity, Monteiro falou sobre a importância desses fundos de investimento na escalabilidade e no apoio às startups. Ela enfatizou a colaboração e o apoio mútuo dentro da comunidade de investidores, destacando o papel crucial do investidor-anjo como o primeiro portão de entrada para as startups no mundo do Venture Capital.
“O investimento-anjo é o primeiro contato com o Venture Capital. Ele traz o Smart, que é o seu tempo. Você faz conexões, oferece sua inteligência, aquilo que construiu ao longo da carreira. A startup só continua se você abrir esse portão. Precisamos de pessoas diferentes como investidoras-anjo, para que mulheres tenham mais oportunidade. Essa é a importância de investir e de se tornar um investidor-anjo”, completou.
Para finalizar o evento, informações de pesquisas foram compartilhadas. De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, a diversidade aumenta em 152% o número de ideias inovadoras de uma equipe. Segundo estudo da Deloitte, 93% das empresas veem a diversidade de gênero como um fator que gera valor aos negócios e incrementa o desempenho geral da companhia. Além disso, organizações que contam com mulheres na liderança têm 14% mais chances de superar a concorrência.
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