No atual cenário empresarial, a inovação deixou de ser apenas uma vantagem competitiva para se tornar uma verdadeira necessidade. Empresas que desejam se manter relevantes precisam continuamente se reinventar, e uma das estratégias mais eficazes para isso tem sido o intraempreendedorismo — processo no qual colaboradores são incentivados a agir como empreendedores dentro da própria organização. Entretanto, para que essa jornada seja realmente eficaz, é crucial que as empresas criem um ambiente propício e ofereçam o suporte necessário para a experimentação real.

Na minha experiência, tenho visto inúmeros exemplos notáveis de como o intraempreendedorismo bem-sucedido pode ser um motor de inovação e competitividade. A experimentação é chave vital para um desdobramento de sucesso. Quando empresas criam um ambiente onde colaboradores se sentem seguros para testar ideias, mesmo que algumas falhem, elas abrem portas para inovações que poderiam nunca ter surgido em um ambiente tradicional.

No entanto, o objetivo da companhia deve ser nítido: fomentar o crescimento de líderes e equipes de alto desempenho, construindo um ambiente de trabalho envolvente que preza pela inovação, transparência, responsabilidade e espírito empreendedor. Essa estratégia não apenas impulsiona a criatividade, mas também mantém a organização em sintonia com as rápidas mudanças do mercado.

Inovação interna em ação

Num cenário de inovação descentralizada, o intraempreendedorismo deve seguir a mesma lógica, e na BASF temos diferentes programas com focos específicos, como transformação digital, valor compartilhado, tecnologias disruptivas, entre outros. A seguir, menciono alguns exemplos.

O programa Making the Future, lançado em 2023, foi desenhado para que os colaboradores possam prototipar suas ideias em base a desafios da produção, explorando o vasto potencial da impressão 3D, e dessa forma, transformar processos produtivos com times de especialistas para dar suporte, pois não todos tem conhecimento em deeptech. Liderado pelo onono®, nosso Centro de Experiências Científicas e Digitais, o programa oferece, também, treinamentos e workshops focados na tecnologia de manufatura aditiva e metodologias ágeis

O Beyond the Hashtag é um programa que vai além de ser apenas uma incubadora de tecnologia; é uma plataforma que capacita os colaboradores a se tornarem protagonistas da transformação digital. No último ano, o foco em Inteligência Artificial permitiu aos colaboradores testar ferramentas para enfrentar desafios concretos de negócio.

Além disso, promovemos pelo segundo ano consecutivo o Ideathon, uma maratona de ideias que, em 2023, focou no tema “Produtos Digitais e ESG” em parceria com a Fundação Eco+.

Outro exemplo relevante é o projeto Empreenda Já, desenvolvido em parceria entre a BASF e a Fundação Dom Cabral (FDC). Focado na promoção de práticas de valor compartilhado, que visam desenvolver soluções de negócio a partir de desafios ambientais e sociais, o programa já contou com a participação de quase 300 colaboradores desde 2020, resultando na criação de 22 projetos, dos quais 14 foram acelerados. Com o apoio de um comitê formado por professores da FDC e colaboradores capacitados, as propostas são avaliadas e aceleradas com base em seu potencial de impacto, contribuindo para um ambiente de trabalho mais engajador.

Para otimizar o impacto desses programas, é importante considerar uma estratégia de divulgação mais integrada, para que todas as iniciativas possam receber a atenção e o engajamento necessários, evitando sobreposição e garantindo que os intraempreendedores corporativos consigam participar daquela com a que se sintam mais representados, seja por interesse no tema ou por vontade de desenvolvimento em outros territórios.

Desafios e importância da infraestrutura

Reforço a ideia de que um dos maiores riscos do intraempreendedorismo é a falta de engajamento dos colaboradores. Quando eles percebem que suas ideias não são valorizadas ou que os recursos e o suporte para a experimentação são inadequados, o entusiasmo inicial pode rapidamente se transformar em ceticismo e apatia, prejudicando a cultura organizacional. Apesar das vantagens do intraempreendedorismo, a criação de uma cultura de experimentação enfrenta desafios, como a necessidade de resiliência e a disposição para assumir riscos calculados.

O fomento das lideranças se mostrou um aspecto muito importante nesse cenário. Este apoio é essencial para criar um ambiente favorável à inovação, estimulando a criatividade e o pensamento inovador. De acordo com um estudo da AEVO, empresa brasileira de tecnologia para a gestão da inovação e estratégia, 89% das companhias afirmaram que existe um ambiente favorável à inovação e que as lideranças estimulam suas equipes a apresentarem novas ideias, enquanto 11% indicaram que, embora as lideranças incentivem a inovação, nem sempre há um ambiente propício.

Além disso, a presença de programas contínuos ou campanhas sazonais para a coleta de ideias demonstra a importância do envolvimento dos colaboradores no processo inovador. Hoje, 69% das empresas possuem um programa de Ideias contínuo, 24% realizam campanhas sazonais que permanecem abertas e depois são encerradas, e 7% incentivam o compartilhamento de ideias por outros canais, mesmo sem um programa estruturado.

A capacitação em inovação, por meio de cursos e treinamentos, ajuda a desenvolver as habilidades dos colaboradores. Segundo dados da AEVO, 61% das empresas oferecem acesso a cursos de capacitação em inovação para todos os colaboradores, 33% para apenas algumas equipes, e 5% disponibilizam cursos apenas para outras áreas do conhecimento. Somente 1% não disponibiliza cursos de capacitação em inovação e nem em outras áreas.

Há um risco real em lançar programas de intraempreendedorismo sem o compromisso genuíno de implementá-los corretamente. Empresas que veem o intraempreendedorismo apenas como um modismo ou uma caixa a ser marcada correm o risco de criar iniciativas superficiais que não geram os resultados esperados. Esses programas podem rapidamente se tornar uma desculpa para aparentar inovação, sem realmente conduzir a transformações significativas.

Portanto, é essencial que elas não apenas ofereçam um ambiente onde ideias possam ser propostas, mas também garantam suporte efetivo para a experimentação real, isso inclui avaliar e medir regularmente as iniciativas para assegurar que produzam resultados tangíveis e estejam alinhadas com os objetivos estratégicos da organização. Somente com uma abordagem equilibrada entre incentivo e avaliação rigorosa é possível transformar o potencial criativo em avanços concretos e sustentáveis. Assim, os programas de intraempreendedorismo podem se transformar em catalisadores reais de mudança, impulsionando a inovação e gerando resultados tangíveis e sustentáveis.


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