A CashU, fintech que usa Inteligência Artificial para facilitar o acesso ao crédito B2B, lança seu próprio Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), no  valor de R$ 100 milhões, para o financiamento de suas operações. O valor foi resultado de um investimento do Itaú BBA e do conglomerado financeiro japonês Credit Saison. Com o lançamento do fundo, a CashU passa a financiar boa parte das suas recomendações de incremento de vendas através de abertura de base e extensão de crédito para as PMEs. 

A tecnologia da startup é proprietária e distribuída por meio dos canais de vendas da indústria e de grandes distribuidores com interesse em uma tecnologia em tempo real para a área comercial e financeira. 

Segundo Thiago Saldanha, CEO e Fundador da CashU, a ideia inicial para o negócio era estruturar a fintech e se tornar uma referência em Predictive Analytics.

“Em especial, o que a gente acreditava e continua acreditando, é que quando a gente utiliza dados que ainda não estão sendo explorados pelos grandes bancos e pelos incumbentes, associados a modelos de Predictive Analytics, esse universo de análise de crédito baseado em dados e estatística e Machine Learning, traria uma grande disrupção. Essa foi nossa aposta há cinco anos atrás, e desde então, a CashU vem construindo, ao longo desses cinco anos, um arcabouço de tecnologia, tanto para o tratamento de dados, como depois para os próprios modelos site-by, e para o acompanhamento e o monitoramento desses modelos”, conta o executivo em entrevista ao Startupi.

Thiago também afirma que esta é mais uma demonstração de confiança do mercado na evolução do processamento de dados e IA, tanto no segmento de fintech quanto na fintech. “A capacidade da CashU atrair esse tipo de investidor mostra que realmente, para além do nosso discurso, tem algo aqui que a gente conseguiu criar dentro dessa linha aqui de Predictive Analytics, que é realmente muito diferente e atraiu a atenção desses players”, explica.

CashU enfrentou dificuldades no relacionamento com investidores

A CashU foi fundada em 2019, por Thiago e Yuri Fonseca, que na época, fazia o pós-doutorado em Ciência de Dados na universidade de Stanford, em Nova Iorque, e enxergou a oportunidade de usar a IA para melhorar o segmento de crédito. Thiago contou ao Startupi que, apesar do modelo de sucesso de hoje, a startup demorou a cair no gosto dos investidores.

“Fomos muito contra a corrente, o pensamento de cinco anos atrás no segmento de fintech entre os investidores, entre as outras startups que estavam se consolidando, era que Inteligência Artificial podia trazer algum ganho marginal, mas que não faria diferença e não seria o grande fator de diferenciação competitiva. Isso tanto era norma entre os investidores como entre os outros founders de startup aqui no Brasil. Mas não era a realidade do que eu tinha visto lá em Nova Iorque junto com o Yuri quando eu estava lá em Columbia”, conta Thiago.

O executivo ainda afirma que as rodadas de pitch das quais participavam, geravam estranheza aos investidores, visto que nenhum dos dois tinha experiência em vendas ou negócios.

“Acho que o grande acerto da CashU foi olhar para esse mercado americano, que na nossa visão estava 20 anos mais ou menos à frente do nosso, ver os cases que a gente tinha naquele momento de diferenciação por meio de inteligência artificial de uma forma ou de outra em geral e apostar todas as fichas que esse seria de fato o elemento diferencial competitivo da CashU no mercado. Sempre que você pensa diferente da maioria das pessoas não é fácil. Eu acho que cinco anos depois, a gente ver o que está acontecendo hoje é absolutamente incrível.”

Modelo de IA da CashU é proprietário e analisa mais de 1,5 mil variáveis

A CashU usa um modelo de inteligência artificial proprietário para oferecer crédito B2B para PMEs e varejistas de todo o país, por meio de indústrias e fornecedores, que contratam o crédito e oferecem a seus clientes, diretamente no checkout de cada compra. A empresa desenvolveu um modelo preditivo que permite analisar cliente por cliente, oferecendo score, prazo e limite de crédito em tempo real, em um sistema dinâmico e integrado às soluções de pagamento já utilizadas pela indústria.

A inteligência artificial da CashU utiliza redes neurais que analisam uma série de comportamentos inexplorados pelo mercado, conseguindo hiperpersonalizar cada oferta de crédito, em tempo real, para todas suas transações. “Para cada pequena e média empresa que a gente monitora aqui na nossa rede, temos mais de 1.500 variáveis comportamentais e macroeconômicas, que são tradicionalmente buscadas em provedores de dados alternativos. Então, dado esse nosso ângulo único de fazer uma parceria com o distribuidor e usar esses dados que o distribuidor tem na cadeia dele. Isso significa que a gente consegue mapear absolutamente todo o comportamento desses compradores. Coisas que você não consegue nem imaginar que a gente está utilizando”, explica Saldanha.

Fintech enxerga possibilidade de sucesso no cenário atual de concessão de crédito

Segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, o crédito deverá crescer 9% em 2025, menos do que revelava a projeção, com a carteira de recursos livres tendo expansão de 8,3% e a direcionada de 9,7%. O resultado do levantamento aponta uma redução, para 2025, do ritmo de crescimento em relação à expansão da carteira de crédito de 2024, prevista para fechar em 10,8%. Durante a conversa com o Startupi, Thiago conta que esta pode ser uma oportunidade para impulsionar os negócios da fintech.

“Tem um consenso que, o surgimento de uma leva de fintechs, como Nubank e Creditas, levou bastante inovação, acesso ao crédito, redução de tarifas, facilitação da burocracia para as pessoas físicas. Mas também ainda existe um consenso, talvez até de uma perspectiva global, de que a próxima onda de inovação deve acontecer justamente envolvendo as empresas e, em particular, as pequenas e médias empresas do país”, conta Saldanha.

“Quando a gente pensa em crédito, a gente não consegue entender, na prática, se você não está dentro do economês, qual é o impacto disso para uma pequena e média empresa. Basicamente, o que a gente está falando em crédito aqui na CashU, é o dinheiro para um pequeno mercadinho – é o dinheiro que esse mercadinho precisa para comprar os produtos do fornecedor, colocar na prateleira e esperar o cliente entrar na loja, escolher o produto e pagar por ele, para que ele possa pagar de novo esse fornecedor. Esse é o grande desafio para o crescimento aqui do Brasil, mas a gente tem que olhar de uma forma geral da América Latina como um todo”, explica.

“Nossa intenção é disponibilizar cerca de R$ 1 bilhão em crédito para as pequenas e médias empresas do país em 2025. Um crédito inteligente e customizado, que não estaria disponível pelas vias tradicionais e que com certeza pode ajudar as PMEs a crescer de maneira sustentável, ao mesmo tempo em que leva mais tranquilidade e também mais crescimento para a indústria. Nós, da CashU, seguimos acreditando no Brasil e na capacidade do empreendedor brasileiro de superar as dificuldades e prosperar, gerando valor para economia e para a sociedade como um todo”, finaliza Saldanha.


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