O ecossistema de startups no Brasil registrou um crescimento expressivo em 2024, movimentando R$ 13,9 bilhões em investimentos, conforme aponta o estudo Ecossistema 2024, elaborado pela Liga Ventures. O valor representa um avanço de 50% em relação ao ano anterior, quando foram captados R$ 9,3 bilhões. O levantamento analisou 366 transações realizadas ao longo do período.
As fintechs se destacaram como o segmento que mais recebeu investimentos, concentrando 38% dos aportes. Em seguida, apareceram as startups do setor de energia (23%), imóveis e construção (17%), varejo (12%) e agronegócio (11%).
Os dados indicam que o último trimestre do ano foi o mais aquecido para captações, com R$ 5 bilhões levantados, enquanto o terceiro trimestre teve o menor volume de investimentos, totalizando R$ 2,2 bilhões.
Além dos investimentos diretos, o mercado de fusões e aquisições também apresentou crescimento. Foram 132 operações no período, representando um aumento de 124% na comparação com 2023.
Inteligência artificial é o foco das startups
A aplicação de inteligência artificial tem se consolidado como um diferencial competitivo no setor. O estudo identificou que 741 startups analisadas utilizam a tecnologia em suas soluções. As categorias que mais aplicam IA são saúde e agronegócio, ambas com 16%, seguidas por varejo (14%), marketing (13%) e fintechs (10%).
O volume de recursos destinados a startups que desenvolvem ou utilizam inteligência artificial alcançou R$ 5,8 bilhões, representando 42% do total investido.
Em relação à distribuição regional, São Paulo concentra 49% das startups ativas, seguido por Santa Catarina e Minas Gerais, ambos com 9%. Outros estados com participação relevante incluem Paraná (8%), Rio de Janeiro (7%) e Rio Grande do Sul (6%).
O levantamento também analisou o porte das startups. Empresas com até cinco funcionários representam 29% do total, enquanto 26% possuem entre seis e 15 profissionais, e a mesma proporção de 16 a 50. Apenas 11% das startups contam com mais de 100 colaboradores.
Segundo Daniel Grossi, cofundador da Liga Ventures, o crescimento nos investimentos reflete o interesse crescente de investidores estrangeiros no Brasil e um movimento de consolidação do mercado. O aumento de 50% nos aportes foi impulsionado, em grande parte, por empresas mais maduras, que captaram acima de R$ 100 milhões, frequentemente com participação de fundos internacionais.
A tendência de consolidação também se manifesta no avanço das aquisições, que mais do que dobraram em relação ao ano anterior. Para Grossi, o cenário macroeconômico segue desafiador, mas os resultados demonstram o amadurecimento do ecossistema de startups no país. A pesquisa foi baseada em dados da plataforma Startup Scanner, desenvolvida pela Liga Ventures para monitoramento e análise do setor no Brasil e América Latina.
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