Em qualquer economia saudável, empreender deveria ser uma escolha racional. Mas no Brasil, essa racionalidade tem sido sistematicamente contrariada. O retorno de um investimento produtivo, como abrir um pequeno comércio, uma indústria, um serviço ou uma oficina, costuma ser menor do que o rendimento passivo de um capital aplicado, sem esforço, em títulos públicos ou privados de renda fixa. Em 2025, por exemplo, enquanto o Tesouro Direto oferece mais de 13,5% ao ano, a margem líquida média de negócios tradicionais gira em torno de 8%, dependendo do setor. Essa inversão de incentivo penaliza quem tem coragem de agir e praticamente impede quem tem vontade, mas não tem capital.

Quem tenta produzir não consegue competir com o custo do dinheiro. A taxa média de juros para capital de giro em pequenas empresas ultrapassa os 30% ao ano. Isso significa que o empreendedor toma crédito, investe, assume riscos, movimenta a economia, gera capital produtivo, mas já começa em desvantagem.

É como entrar em campo com o placar contra, o time exausto e o juiz hostil. A conta não fecha!

Essa equação anula o risco necessário à inovação. E sem inovação, não há evolução. O crédito, que deveria ser uma alavanca de crescimento, virou punição para quem se atreve a criar valor. Quando o capital especulativo, improdutivo e inerte rende mais do que o capital produtivo, que gera emprego, paga tributos e entrega soluções, o país não avança, apenas sobrevive.

Por isso o Brasil cresce menos do que poderia. O motivo não está na falta de ideias, nem na escassez de empreendedores ou de bons projetos. O problema está num sistema que desincentiva quem faz e conforta quem apenas observa. Enquanto for mais seguro e mais rentável aplicar em papel do que construir algo real, o capital continuará fugindo da produção para a especulação.

Apesar disso, há quem defenda juros elevados como ferramenta de estabilidade. O Banco Central sustenta a Selic em 15% ao ano como estratégia de contenção da inflação, dentro da lógica do tripé macroeconômico baseado em metas de inflação, superávit fiscal e câmbio flutuante. Controlar a inflação é, de fato, necessário. Mas manter esse esforço exclusivamente via juros altos transfere o peso do ajuste para quem produz e empreende. Falta o outro lado da equação: o governo precisa fazer sua parte. Reduzir seus próprios custos, cortar desperdícios e melhorar a eficiência da máquina pública. Só assim o equilíbrio será sustentável e menos doloroso para a economia real. No formato atual, o setor produtivo carrega sozinho um fardo que deveria ser compartilhado com o Estado. Entidades como a FIESP, CNI e ABIMAQ também apontam para o custo Brasil, que eleva em até 36% o preço de se produzir aqui. A estrutura já é frágil. E os juros elevados apenas aprofundam essa vulnerabilidade.

Diante desse cenário, o empreendedor precisa mudar de nível. Em vez de depender exclusivamente de crédito bancário, ele precisa conhecer o Equity como alternativa estratégica. Mais do que dinheiro, o Equity possibilita novas oportunidades para trazer talentos, parceiros e investidores que compartilham risco, visão de longo prazo e propósito. Essa lógica liberta o empreendedor da sufocante matemática dos juros compostos negativos e insere o negócio em ecossistemas de crescimento real. O Equity já é uma engrenagem essencial nas economias mais inovadoras e precisa ser melhor entendido por aqui.

Cada vez mais empresários e investidores conscientes têm optado pelo Equity como alternativa e caminho de construção de valor. Existe, sim, quem prefira investir seu capital na produção, na geração de empregos e na transformação de negócios. Porque entendem que dinheiro tem energia e propósito. Esses investidores não buscam apenas retorno rápido. Eles investem no longo prazo, no crescimento sustentável, no impacto positivo e no valor que se multiplica com o tempo. São protagonistas de uma nova lógica econômica, que escolhe o jogo da construção, não o atalho da especulação.

Com ou sem alternativas, a solução não é mágica. É coerência econômica. A taxa de juros precisa estar abaixo da rentabilidade média da economia real. Só assim, quem tem capital vai enxergar mais sentido em investir em uma padaria, em uma oficina ou em uma indústria, do que em mais um título público. E quem não tem capital vai poder acessar crédito sem ser sufocado antes mesmo de emitir a primeira nota.

Se o Brasil quiser crescer de verdade, precisa fazer uma escolha clara. Parar de premiar quem apenas espera e começar a valorizar quem tem coragem de produzir e realizar.


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