Evento realizado pelo Sebrae é um dos mais importantes do país voltados a startups, potenciais empreendedores, investidores e o público interessado em inovação
O Startup Day, um dos maiores eventos de inovação do Brasil, está sendo realizado neste sábado. Pela primeira vez em sua história, o encontro está ocorrendo de forma totalmente virtual. Durante todo o dia, pessoas de todo o país terão a oportunidade de acompanhar dezenas de palestras sobre empreendedorismo e inovação. A abertura da programação aconteceu com um bate-papo com o empresário Marcelo Lombardo, fundador da Omie, mediado pelo gerente adjunto de Inovação do Sebrae, Paulo Puppin, e assistido por mais de 2 mil pessoas.
A Omie é uma startup paulista que construiu números significativos. O produto principal da empresa são softwares de gestão de pessoas para pequenas e médias empresas. Em apenas seis anos de mercado, a Omie tornou-se líder do segmento com mais de 20 mil escritórios contábeis parceiros e mais de 35 mil clientes em todo país que, juntos, emitem mais de R$ 75 bilhões em notas fiscais ao ano. Nesse período, a startup saltou de 8 para 800 colaboradores. A empresa também possui um modelo de franquias em tecnologia de muito sucesso com mais de 100 franqueados distribuídos pelo Brasil, sendo a líder em toda América Latina dentro do setor.
O líder da Omie, Marcelo Lombardo, falou sobre os principais desafios enfrentados durante a trajetória da empresa. “Nós começamos numa sala emprestada, com apenas oito sonhadores que acreditavam na ideia. Deu errado algumas vezes tivemos que repensar os caminhos, mas o empreendedor precisa ser imparável. Falhe rápido, crie uma nova solução. Esse era nosso lema”, incentiva.
De acordo com Lombardo, o principal desafio para as startups é a manutenção de um sistema de vendas eficiente. “É uma área que oscila muito e requer atenção e inovação dos gestores em todo tempo”, afirma. Outra dica do empreendedor é o cuidado na escolha das pessoas que irão trabalhar no seu negócio. “É importante encontrar pessoas alinhadas com a cultura da sua empresa. Calcular nota fiscal, por exemplo, qualquer um aprende, mas ser honesto, saber sorrir para o cliente são características comportamentais que precisam ser observadas”, orienta.
Sobre a atual crise causada pela pandemia do coronavírus, Lombardo diz que apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos empresários é preciso “abrir o foco”. “Sem dúvidas é uma situação totalmente atípica, mas é hora de rever as principais necessidades. Por exemplo, controlar o fluxo de caixa se tornou prioridade em qualquer empresa. É preciso buscar conhecimento e encontrar novas saídas”, observa.
Inovação em momento de reclusão social
O primeiro encontro do dia realizado no Palco Ecossistema, contou com as participações de Laura Gurgel (Soul.Working), Marcos Medeiros (AMBEV) e a moderação de Marília Sant’anna, do Sebrae. O tema da conversa foram as oportunidades de inovação em momento de reclusão social.
Segundo Laura Gurgel, uma das principais contribuições oferecidas pelos ecossistemas de inovação é exatamente a troca de experiências, informações, mentorias… onde os empreendedores têm a oportunidade de se apoiarem mutuamente. Para ela, os espaços de coworking estão se tornando, neste sentido, verdadeiros Hubs por meio dos quais as empresas podem gerar valor umas às outras e às pessoas envolvidas. “Os ecossistemas são muito mais que uma reunião de CNPJs”, diz Laura. “São espaços onde as pessoas crescem e prosperam juntas”, acrescenta.
Marcos Medeiros comentou sobre a sua experiência no ecossistema de inovação e sobre como é importante que as grandes empresas desenvolvam uma cultura de acolhimento das startups para conseguir – efetivamente – contribuir com o crescimento dessas empresas. “O que vemos, muitas vezes, são as startups mudando de um departamento para outro dentro das grandes empresas. Por isso a principal colaboração que os grandes negócios podem dar é apoiar, de fato, as startups”, comenta. “O talento é dividido igualmente, mas as oportunidades, não”, conclui Marcos.
Convite à união
A pandemia do coronavírus, que vem afetando todo os tipos de negócios em todo o mundo, também chegou às startups, que vêm tentando se adaptar a esse novo momento. E como será o fomento para esse segmento? Esse foi um dos debates na manhã deste sábado (30), durante o Startups Day, com a palestra do analista Felipe Gelelete, gerente da Finep, a Financiadora de Inovação e Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O painel contou ainda com a presença do especialista e presidente da Associação Brasileira de Startups, Amure Pinho.
Segundo Gelelete, a Finep tem desenvolvido diversos programadas para incentivar as startups, inclusive envolvendo ações em prol das empreendedoras, como o programa Mulheres Inovadoras, entre outros. “Mas é importante que as empresas saibam que não existe apenas a Finep, mas há também outras alternativas”, afirma o gerente, se referindo à outras organizações que podem ajudar na manutenção das empresas. “Procuramos ajudar sempre na medida do possível”, observa Gelelete, ressaltando que a fundação também investe em outros segmentos. “Nesse momento de crise, apoiamos as pesquisas básicas, como na área de saúde, principalmente”, explica.
Segundo Amure Pinho, com a crise, é necessário buscar cada vez mais, novas iniciativas. “O momento é de união entre todos os setores”, ressalta o presidente da ABStartup, que atuou como moderador do painel. Para ele, é importante que o governo tenha uma visão diferenciada para o segmento. A intenção é de fomentar até 50 mil empresas até o fim da atual gestão da associação, ressalta Amure.
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