O evento aconteceu nesta segunda-feira (17), em São Paulo, com a presença de autoridades do setor econômico comprometidas com o empreendedorismo
“Temos muita expectativa de que a vacinação em massa irá desobstruir o crescimento das micro e pequenas empresas no Brasil”. A projeção foi feita pelo presidente do Sebrae, Carlos Melles, nesta segunda-feira (17), durante o Fórum Band News SOS Pequenas Empresas. O evento, transmitido nos canais da emissora, reuniu lideranças de instituições comprometidas com a economia e o empreendedorismo brasileiro. Além de Carlos Melles, estiveram presentes o diretor de participações, mercados de capitais e crédito indireto do BNDES, Bruno Laskowsky; o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alfredo Cotait; o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e do Bando de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão e o head de produtos do Banco Original, Adilson Freitas.
No primeiro momento, Melles destacou a força dos pequenos negócios nos resultados econômicos: “Esse tema é fascinante, estamos falando de 99% das empresas que empregam no nosso país, empresas que produzem 27% do PIB brasileiro. Mas nem sempre foi assim, há alguns anos abrir e fechar uma empresa era muito burocrático. Melhoramos muito o ambiente de negócios e saímos de 2 milhões para mais de 7,5 milhões de micro e pequenas empresas. Criamos a categoria do Microempreendedor individual (MEI), que hoje soma quase 12 milhões de brasileiros. Obviamente a pandemia chegou e desorganizou várias questões que afetam esses negócios”, relembrou o presidente.
Para o presidente do Sebrae, os programas de crédito para o segmento são algumas das principais iniciativas que socorreram as empresas na crise causada pela pandemia. “Achávamos que 2020 seria difícil, no entanto, 2021 tem sido ainda mais complicado, ninguém esperava esse prolongamento da crise. É muito oportuno nos reunirmos aqui com essas lideranças e debater saídas para esse momento dramático. Temos muita expectativa de que a vacinação em massa vai desobstruir o crescimento das micro e pequenas empresas. Esse movimento de instabilidade, abrindo e fechando as empresas, vai cessar e nós vamos retomar a vitalidade nos negócios. Temos que reconhecer políticas públicas como o Pronampe, o Fampe, o Programa Bem, a postergação do Simples Nacional, o pagamento do auxílio emergencial. Nós continuamos trabalhando, pois sabemos que o nosso país é gigante e muitas empresas precisam de socorro”, observou.
De acordo com Melles, um dos trunfos da pandemia, no que tange as micro e pequenas empresas é a digitalização: “A Covid-19 mudou o mundo, mudou a forma de fazer negócios e mudou o Brasil. O que não fizemos em muitos anos, fizemos em um ano e meio com a pandemia. São grandes as dificuldades, mas setores como o de delivery de comida e os serviços pet apresentaram um crescimento surpreendente. Desde o início da crise, temos trabalhado para ser o Sebrae que o Brasil precisa. Criamos protocolos de retomada, orientamos de todas as formas como um pequeno negócio pode se transformar em um negócio digital. Um exemplo disso, são os cursos criados para serem feitos pelo Whatsapp, um verdadeiro sucesso, com milhões de matrículas. O Sebrae conhece as dores dos empreendedores, pois está perto deles em cada estado brasileiro”, reforçou Melles.
Crédito para o equilíbrio financeiro
O diretor de participações, mercados de capitais e crédito indireto do BNDES, Bruno Laskowsky, explicou porque muitas micro e pequenas empresas não conseguiram crédito na pandemia, apesar de todos os esforços: “Com a crise, o nível de risco aumenta e o sistema bancário tenta se proteger. Por isso, estruturamos os chamados fundos garantidores, um caminho importante para dar garantia ao banco de uma restituição, no caso de uma possível primeira perda nos empréstimos”. Laskowsky acrescentou que o BNDES tem trabalhado para incentivar novas formas de crédito no mercado. “O papel de um banco de desenvolvimento é estimular o mercado, por isso já estamos fomentando soluções inovadoras de crédito, como o crédito fumaça baseado em receitas futuras. Investimos R$ 4 bilhões em fintechs e novas modalidades de crédito”, completou.
Categórico, o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alfredo Cotait, afirmou que muitos pequenos negócios não conseguiram crédito. “Infelizmente em muitos casos não chegou na ponta. Pronampe, Fampe são programas fundamentais que precisam ser expandidos. As empresas hoje têm um passivo financeiro gigante. Se elas não estão funcionando, como vão pagar imposto? Pedimos insistentemente ao governo que seja postergado e que seja dada uma carência até as atividades se normalizarem. Sem falar nas dívidas com fornecedores, trabalhadores… Muitas empresas perderam vendas, clientes, há um desiquilíbrio total”, lamentou.
Sérgio Gusmão, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e do Bando de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), defendeu um plano integrado de retomada do crescimento do país. “Temos que esquecer disputas ideológicas e traçar programas urgentes de recuperação econômica. Um país unido, é um país mais forte, podemos ver exemplos disso lá fora. Acredito muito nas novas ferramentas digitais de crédito, como as plataformas digitais. No entanto, é importante estar fisicamente em regiões isoladas. Quando vimos no início da pandemia que o volume de crédito ofertado pelos bancos reduziu, nossas instituições associadas aumentaram em 41% o volume de crédito oferecido para as micro e pequenas empresas. É hora de nos unirmos”, incentivou.
A digitalização e o investimento em novas formas de acesso ao crédito impactaram o número de concessões de empréstimos na pandemia, destacou Adilson Ferreira, head de produtos do Banco Original. “Fizemos um movimento anticíclico, aceleramos a facilitação de crédito com medidas efetivas. Crescemos 84% o número de empréstimos para esse segmento. Com apenas quatro cliques o cliente abre uma conta MEI e consegue acessar serviços”, explicou, completando “Acreditamos muito na força dos pequenos negócios, eles são o pulmão do nosso país nesse movimento de retomada. Não vemos os empreendedores como um número, nós acreditamos na história das pessoas que estão por trás dos negócios”.
0 comentário