* Por Paulo Milreu
Quando falamos em venture builder o termo ainda é confundido com venture capital, com uma VC, empresa que irá fazer um investimento financeiro na startup, e não é esse o modelo. O termo ainda é recente no Brasil mas começaram a surgir diversas empresas nos últimos anos se posicionando como venture builder e buscando seu espaço no ecossistema de startups, e vou abordar aqui o modelo que estamos operando na FCJ Venture Builder.
Para deixar
bem claro a importância da venture builder para nosso ecossistema de startups,
cabe aqui uma definição bem clara e objetiva do seu propósito de existir, do
problema que vem para resolver e a efetividade de sua operação. Uma venture
builder é um modelo de negócio multilateral, ajuda dois lados importantes do
nosso ecossistema: o investidor e a startup.
Vamos começar pelo investidor em startups, ou comumente chamado investidor-anjo. É nesse estágio do investimento que a venture builder se posiciona, e em alguns momentos até antes, no processo de criação de uma nova startup, onde ainda a mesma ainda não validou seu modelo. Considerando isso, temos aqui o estágio mais arriscado, onde o risco precisa ser altamente diluído e ainda os empreendedores das startups necessitam de muita atenção, apoio, mentoria, capacitação, experiência, um contato até mesmo diário para seu crescimento rápido.
Resumindo,
temos três aspectos chaves que o investidor anjo necessita ter dedicação para
realmente ser chamado de smart money e a venture builder irá assumir: sua
experiência em negócios, seu networking e seu nome. E além disso ele ainda
precisa fazer vários investimentos, em várias startups, para diluir o seu
risco, e acompanhá-las. E como isso é feito com a venture builder?
A venture
builder reúne um grupo de investidores anjos em um modelo jurídico que irá
protegê-los e oferecer governança, normalmente uma S/A de capital fechado. A
venture builder irá selecionar as startups que fará parte do seu portfólio. Com
esses investidores em grupo temos aqui a primeira diluição, pois os mesmos são
acionistas da venture builder (da S/A) e desse portfólio de várias startups.
Resolvemos aqui com a venture builder a diluição do risco de investimento em
startups, e ainda oferecemos toda a expertise no processo de seleção e
acompanhamento das mesmas, com “reports” periódicos de indicadores
chaves de desempenho de cada startup para seus investidores.
E os três
aspectos chaves do smart money? A venture builder oferece isso de uma forma
potencializada pois através de um modelo de governança, uma diretoria
executiva, conselhos e comitês especificamente organizados para cada fim,
atende com um programa contínuo de mentoria, experiência, networking,
capacitação, e inclusive a marca da própria venture builder que está sendo
desenvolvida no mercado e conta com os nomes de cada investidor.
Claro que
nem todas as venture builders operam da mesma forma, e coloco aqui a
experiência prática que estou vivenciando, mas esse modelo foi bem elaborado
para realmente trazer grandes melhorias ao nosso ecossistema de startups. E,
reforço que a venture builder traz um outro grande diferencial, talvez um dos
mais importantes, que é fazer a inclusão de novos investidores em startups, que
pouco tem de experiência nessa área, muitas vezes sendo investidores
imobiliários ou de ações, e agora vêem a oportunidade de entrarem nesse
mercado.
Do lado da
startup também resolvemos várias “dores”, que estão entrelaçadas com
“dores” do investidor e seu risco, e as demais de quem está começando
um negócio com pouca experiência. Não aportando recursos financeiros
diretamente na startup, a venture builder oferece tudo aquilo que esse dinheiro
compraria, mas o faz tendo ganho de escala, comprando para um conjunto de
startups e obtendo melhores preços e condições, negociando parcerias e
benefícios também em bloco para todo o porfólio, contando com a experiência de
vários profissionais, executivos, empresários, investidores, que fazem parte do
networking dos acionistas e dirigentes da venture builder.
A startups podem ficar ou não em uma infraestrutura da venture builder, ganha com a própria rede que é formada como já citei, recebe um apoio contínuo e diário de uma diretoria executiva e equipe focada em negócios, sempre com o objetivo de desenvolver a startup: validar seu modelo de negócio, melhorar o desempenho do negócio, vender mais e mais, capacitar, ajudar no processo de participação em programas de aceleração, treinar para pitches mais efetivos, buscar novos investimentos quando necessário. Em resumo temos um novo modelo de negócio importante para nosso ecossistema de startups, que nasce e amadurece evoluindo em seus processos, criando novos programas, e sendo uma ferramenta chave de sucesso tanto para investidores anjos, novos investidores em startups, e as próprias startups que buscam crescer e ganhar mercado.
Fundador e CEO da FCJ Venture Builder Bauru, Fundador da Viking Network e Sócio Consultor da Inteligência Digital. Mais de 20 anos de experiência na área digital, um dos fundadores do movimento associativista digital através da ABRADi, cofundador da Crowdinvest. Escreve sobre empreendedorismo, startups e inovação.
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